sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

No apagar das luzes...



Todos aqui do blog já tínhamos desistido de escrever qualquer coisa esse fim de ano. A fartura natalina deixou-nos todos empanzinados e malemolentes. Estava tudo correndo na maior tranqüilidade, até que a cidade foi pega de calça curta com a notícia de uma Sessão Extraordinária na Câmara de Vereadores. O que de tão urgente teria acontecido pra que a semana natal-ano novo fosse interrompida por nossos sempre muito atuantes edis?
Não demorou pro facebook e os sites locais e regionais soltarem a notícia de que a presidência da casa legislativa castilhense passou por uma substancial e inesperada mudança. Assim, aos 47 do segundo tempo, sem alarde, à surdina, o mandato do presidente passou de dois pra um ano, sem a prerrogativa da reeleição. Uma diminuição significativa nos poderes e a garantia de finais de ano intensos na busca da cobiçada chave do cofre.
Interessante o fato de alguns vereadores, outrora contra, terem mudado de opinião com tanta celeridade e com um discurso afinadíssimo, apesar da discrepância argumentativa com relação a algum senso moral. Esse episódio deixa em mim duas impressões.
A primeira (e mais óbvia) é a de que os três remanescentes do atual mandato são e estão espertos. Sabendo que a parcial ojeriza popular fez com que os novos vereadores formassem uma “aliança” em favor de uma presidência igualmente renovada, eles se adiantaram e, pelo poder legalmente conferido a eles, mudaram a legislação, de modo que há, agora, virtualmente, uma maior possibilidade de conseguirem voltar ao poder. Fica patente o desejo voraz pela cadeira! Não pensemos, eleitores, que a coisa vai correr pacificamente. Conchavos, reuniões particulares, visitas noturnas, grana, e toda essa imundície que já conhecemos. O que muda é que agora teremos essa mesma ladainha todo final de ano, com o script imutável forjado em anos e anos de politicagem torpe.
A segunda não era tão visível, mas era imaginável. No afã de satisfazer seus eleitores e de mostrar serviço desde cedo, atendendo a sede popular por uma moralidade administrativa no Legislativo, os novos vereadores saíram mostrando suas cartas, apregoando aos quatro cantos da cidade que a presidência será do grupo do prefeito. Inocentes, esqueceram-se de que os Três ainda têm a caneta na mão e uma disposição hercúlea para manter o poder bem aconchegado embaixo dos braços. Resultado: um duro golpe e a certeza de agitadas disputas futuras.
Tudo muito estranho, tudo muito rápido e, ao mesmo tempo, tudo muito auto-explicativo. Quatro anos de mandato, uma eleição já decidida, mas, ainda, mais três a serem disputadas com unhas e dentes. Em um ano muita coisa muda, muita água passa por debaixo da ponte, como diz um desses ditados. E o jogo fica em aberto. A mim fica a certeza de que a moralidade administrativa está cada vez mais distante e utópica. Quando penso nela, vem-me logo à mente a imagem de uma criança correndo atrás da lua, achando que ela se encontra bem próxima, alcançável.


Márcio Antoniasi

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Castilho-SP e as limitações da atual democracia




A poucos dias do fim do ano cresce a expectativa no mundo político dos milhares de municípios do Brasil em torno dos novos eleitos e em Castilho isso não é diferente. Neste sentido, a intenção é avaliar neste texto alguns aspectos da política local dos últimos anos, mas não meramente sob uma perspectiva administrativa e burocrática, mas sim numa visão político-histórica de luta de classes.
É fato que Castilho teve nestes quatro anos que se passaram um dos mais polêmicos e impopulares governos da história deste município. Privatização da água, constantes mudanças de comando de importantes cargos públicos, inúmeras denuncias de corrupção, acusação de demissão de cargos comissionados da educação por não apoiarem o prefeito e candidato à reeleição, terceirizações de serviços públicos, reforma de hospital particular e não construção de um novo como prometido, denuncias de mandos e desmandos da primeira dama, criação de inúmeros cargos de comissão, etc; foram apenas alguns dos fatos ocorridos neste período que no mínimo causaram muita polemica.
Nada disso é novo e nem exclusividade da atual administração, a tudo isto pode-se somar, por exemplo, a construção de um portal de entrada da cidade, ou a reforma da principal praça em detrimento da oferta de mais casas populares e de melhor serviço de saúde para a população. O que dizer então do investimento público na construção de uma usina de álcool a toque de caixa ou ainda de uma fecularia, ambas terceirizadas?
O que estas ações governamentais têm em comum é seu caráter autoritário, são ordens que vem de cima para baixo, executadas a partir da decisão de uma pessoa ou de um pequeno grupo de pessoas que rondam o poder e procuram, acima de tudo, atender os interesses de gente economicamente bastante influente no meio político do municipio, como: empreiteiros, empresários prestadores de serviços públicos, fornecedores de material escolar, de construção, dentre outros.  Além disso, a história de Castilho tem vários exemplos de desiquilibrados que chegam ao poder e passam a tomar decisões conforme a vaidade manda, fazendo da população refém de um destemperamento.
Tudo isto só mostra como o atual regime é concentrador de poder. A participação popular nas decisões do município se restringem, na maioria das vezes, apenas ao voto dado de quatro em quatro anos, é nisto que consiste o atual regime democrático e que infelizmente é constantemente manipulado pelo dinheiro ou por favores a uma população bastante carente.
Não se trata de menosprezar a dura conquista do direito ao voto. A democracia, mesmo aos moldes da burguesia, ou seja, ganha quem tem mais poder financeiro, é ainda assim um grande avanço frente à ditadura desta mesma classe. A experiência brasileira do período considerado como anos de chumbo (1964-1985) é prova disso.
As relações de poder na atualidade são mais favoráveis à classe dominante, uma situação que só pode ser mudada com base em profundas transformações, só possíveis em escala nacional e que vão muito além do território castilhense, trata-se de mudanças que envolvem a tomada de poder pela classe dos explorados, de forma a promover uma revolução na lógica de funcionamento do Estado.
Esta é uma tarefa grande, talvez distante, enquanto isso a população de Castilho deve reivindicar maior participação nas decisões do município, e pensar em formas de organização popular, seja movimentos ou um partido cujo programa esteja realmente a serviço da maioria e que exija e promova a participação popular no poder municipal.

Dóri Edson Lopes

sábado, 15 de dezembro de 2012

Meu nome é Leonardo!



Hoje, eu é que vou falar do Leonard(o). Acalmem-se, não venho falar mal. Não sou como Juliano Cardoso, tenho Deus no coração... Essa é a segunda temporada do Ídolos que acompanho. A primeira foi a temporada de estreia, no SBT, em 2006, vencida pelo Lendro Lopes, o “pica-pau”. A segunda foi essa de 2012, já na Record, vencida pelo sambista Éverton. Vi a primeira mais por curiosidade com o novo, diferentemente da segunda, em que só vi por ter alguém conhecido competindo, alguém de minha cidade.
Leonardo não ganhou. Confesso que, assim como muitas das menininhas que se tornaram fãs dele ao longo da competição, eu também fui surpreendido com o resultado. Ele parecia ser o cara certo, na hora certa, com a idade certa e com o estilo musical certo. A cada apresentação, arrancava aplausos da plateia e muitos elogios dos jurados, principalmente de Marco Camargo, que, a meu ver, é o que se deve levar mais em consideração. Os vídeos de suas apresentações, tanto no site do programa quanto no Youtube, eram os de mais views. Tudo caminhava para que tivéssemos um ídolo teen castilhense. Não foi assim...

Éverton venceu. Não pelo estilo musical, não pela imagem teen da moda, mas por sua história de vida que, junto com sua interpretação dos doloridos sambas antigos, conseguiu emocionar mais do que o carisma de Leonardo. Ruim para nós, tristonhos castilhenses, ótimo para a cena musical. Não que Leonardo cante mal, aliás, não concordo com a fala do Éverton de que Leonardo não merecia estar na final. Ao ver Luan Santana cantando terrivelmente na mesma noite, vi que Leonardo, com um bom produtor e compositor, pode amenizar a “escrotidão” desse sertanejo de universitário repetente. No entanto, a vitória de Éverton foi a vitória sobre um estereótipo de cantor que tem saturado o país e dominado também os campeões anteriores do programa, como Henrique Lemes (2011) e Israel Lucero (2010).
Pô, mas pensem comigo. Foi mesmo justo que esse prêmio ficasse com o Éverton. Não que o Leonardo não mereça ou precise menos, porém, sejamos realistas, quem pode ficar rico ou famoso cantando samba antigo em nossos tempos? Leonardo terá inúmeras oportunidades de conseguir alavancar sua carreira cantando sertanejo. Éverton não, dificilmente sairá dos bares dos grandes centros, como os de Porto Alegre. Éverton foi um descuido da massa.
Enfim, pensando como castilhense, a maior vitória de Léo foi a de deixar o Leonarrrrd para trás. LeonardO agora tem um nome, é Leonardo Cavalcante, finalista do Ídolos, talvez o talento de maior sucesso de nossa cidade e que tem, agora, como nenhum outro teve, a chance de iniciar uma carreira tendo como apoio a visibilidade das grandes mídias conquistada em sua vitoriosa participação no programa. Parabéns, rapaz! Avante!

Melhor apresentação do Leonardo, em minha opinião:



Samuel Carlos Melo.

domingo, 9 de dezembro de 2012

Esporte em Castilho!


Sou meio suspeito para falar sobre este assunto, mas gostaria de deixar bem claro que ao levar aos leitores do blog informações do que verdadeiramente possa ser uma política correta de Esporte para “Nossa Cidade” não estou pleiteando nenhum cargo na atual administração. São quase dezesseis anos como morador de Castilho e não aguento mais ver o descaso com o esporte do nosso município. Entra administrador e sai administrador mas nada acontece para atender verdadeiramente nossa comunidade no que diz respeito a proporcionar atividade física adequada para a nossa população (de Crianças a Adultos). Entendo que se faz necessário mostrar a nossa comunidade que temos duas linhas a serem trabalhadas: o esporte como melhoria da qualidade de vida e até mesmo socialização e o esporte na formação de base nas mais variadas modalidades esportivas, visando preparar atletas para melhor representar nosso município. Sendo assim, vamos apontar os erros, mas ofereceremos também uma proposta a ser desenvolvida.
Em primeiro lugar, adequar as praças esportivas. Temos apenas um ginásio de esportes que visa atender algumas modalidades esportivas no município e ainda dividir espaço para os munícipes que gostam de praticar algum esporte. Será que apenas um ginásio é possível atender esta demanda? Aí vai uma proposta: porque não revitalizamos as quadras poliesportivas da escola Mauro Roberto e Youssef Neif Kassab para disponibilizarmos o uso deste espaço no período noturno? Quadras cobertas, mas que precisam ser melhoradas. Onde estão os recursos para este setor? Concurso Público transparente para contratação de profissionais com experiência mínima comprovada para atuarem como técnicos nas modalidades esportivas requisitadas, porque só assim poderemos direcionar um trabalho correto visando tirar nossos jovens da ociosidade e oferecermos locais adequados para a pratica esportiva de nossa comunidade adulta. Ah! Os alunos bolsistas de Educação Física podem ser inseridos como estagiários dos técnicos previamente qualificados.





Ouço munícipes falarem de Nossa Cidade assim: "Castilho tinha pista de Atletismo, nós competíamos", "Castilho tinha uma equipe de Futebol de Campo que na região era destaque", "Castilho teve uma equipe de Voleibol que competiu nos jogos ta"l e por ai vai. Nossa Cidade não esta morta e o que precisamos é saber nos mobilizar e reivindicar aquilo que realmente queremos para nós e nossos filhos perante os administradores locais. Estamos carentes em vários segmentos, mas visto esta camisa por ser minha área de atuação como profissional e hoje é comprovado cientificamente de todos os benefícios que uma atividade física traz para nossa saúde. E por falar em saúde, esta é uma forma preventiva e de custo menor em se comparando com uma enfermidade alojada num corpo. É muito mais caro para qualquer administração custear exames, consultas e medicamentos, em detrimento a pratica regular de alguma atividade física. O que quero dizer com isto? Se tivermos uma comunidade se exercitando regularmente, teremos menos enfermos no nosso centro de saúde, haja vista que pela CBO (classificação brasileira de ocupações) o professor de Educação Física é considerado também um profissional da área da saúde.

Voltando a comentar sobre o esporte de base em “Nossa Cidade”, vocês sabem quais modalidades representam nosso município? Provavelmente não, mas vou lhes dizer. O “Handebol” é uma das modalidades que vem conseguindo resultados expressivos para o nosso município e revelando talentos para comporem equipes mais estruturadas que as nossas em outras cidades do nosso estado e através do brilhante trabalho do nosso popular Professor “Formiga”, que dedicadamente busca um patrocínio aqui e outro ali para fazer camisetas de treino, uniformes para jogo e até mesmo para comprar bola. Já foi feita até uma popular vaquinha em administrações anteriores a esta. Parece brincadeira, mas tudo isto é muito sério. Temos mais uma modalidade que vem sendo feito um trabalho sério, é o do Basquete, através do nosso amigo “Tom”, que, mesmo diante de adversidades, vem também revelando talentos para o cenário regional do basquete. Temos também o Futebol de Campo que, através do Professor popularmente conhecido como Cição, faz milagre ao cuidar de várias categorias sozinho, fazendo papel de Técnico, Preparador Físico, Treinador de Goleiro, Massagista e Roupeiro, ao disputar às vezes a Liga de Dracena e o Campeonato Estadual na primeira fase Regional e quando saem para representar nosso município sabe o que nossas crianças e adolescentes comem após seus jogos? Provavelmente não... Apenas um sanduíche com uns dois copos de refrigerante. O que vocês pensam a este respeito? Será que nossas autoridades locais ao viajarem para representar nosso município em algum evento ou encontro estadual apenas fazem um lanchinho? Estou me referindo a modalidades competitivas, mas temos também as iniciações no Futsal e o Voleibol. Mas, ao avaliarmos o contexto final, é muito pouco diante de uma comunidade que vem crescendo ano após ano.
Vocês podem até discordar do meu desabafo, mas uma cidade como a nossa não pode se limitar a ter um torneio de férias de Futsal, um campeonato Varzeano e algum campeonato de Veterano. Reflitam, temos uma Política de Esporte em “Nossa Cidade”?




Professor Toninho.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

O velho Chico: da transposição à ascensão do nordestino.



Foto retirada do Blog de Assis Ramalho



Por meio deste texto, tento suscitar um debate já esquecido pela mídia, pois, já não dá mais IBOPE. A moda agora é outra. O que liga é o tal do mensalão ou do bicheiro Carlinhos cachoeira ou, para aqueles que gostam de uma pegada mais sangue no “zói”, o caso do goleiro Bruno. Isso sim vende, dá ibope, prende a atenção do telespectador alienado que almoça assistindo jornal sensacionalista.
Estou aqui para lembrá-los do velho Chico. Você o conhece, querido leitor? Não!  Já se esqueceu das boas aulas de geografia tradicional que teve? E se eu lhes disser que o velho Chico é o mesmo Rio São Francisco, agora você lembrou, né? Ainda não? Pois bem, farei uma breve contextualização para situar você, leitor, sobre o que vamos conversar aqui.
O rio São Francisco apresenta 3.163 km de extensão da sua nascente (Serra da Canastra, em Minas Gerais) até sua foz (Praia do Peba, em Alagoas). Sua bacia abrange 640 mil km², envolvendo terras dos estados de Minas Gerais (MG), Bahia (BA), Sergipe (SE), Alagoas (AL) e Pernambuco (PE). Agora que você já tem informações sobre o nosso personagem principal, tratarei de um assunto esquecido e pouco conversado: a transposição do rio São Francisco.

Foto retirada do site R7.com
Este projeto é antigo e, lendo alguns textos, pude constatar que esta ideia data do século XIX e tem por objetivo resolver os problemas no semi-árido que há tempos sofre com seca. Mas isto em certo ponto é bom para o Estado que mantém uma fonte de mão-de-obra barata para quando precisar construir uma outra Brasília.
O embate se dá pelas divergências. O RIMA (Relatório de Impacto Ambiental) apresenta falhas e deixa de fora questões importantes para sobrevivência do rio. Outro ponto não menos importante e pouco discutido é a questão da salinização dos solos que pode ser potencializada com a transposição, gerando prejuízos e custos inestimáveis para a recuperação do mesmo, sem contar com inúmeros fatores de risco que comprometem a vida e a qualidade do rio.
Um fato que deve ser ressaltado é o de que o projeto de transposição do São Francisco pretende expandir a fruticultura através da agricultura irrigada. Agora, pensem comigo: será que é viável um projeto dessa magnitude, onde estão sendo injetados bilhões? Será que o Estado está pensando realmente na população que sofre com seca? Ou os interesses são outros?
Só para se ter uma idéia, o Nordeste é um dos maiores produtores de fruta como melão, manga, abacaxi e outros. Agora me pergunto: se grande produtores conseguem produzir, porque pequenos produtores não o conseguem? Será incompetência dos mesmos?
Creio que se o intuito fosse de fato mitigar os problemas da seca, formas alternativas e de baixo custo seriam implantadas, mas isso é Brasil e existem sempre outros interesses em jogo. Agora reflita, caro leitor: os riscos justificam os benefícios?




Rodrigo Ferreira Costa, professor de Geografia.

domingo, 2 de dezembro de 2012

O RETORNO DO FARAÓ CASTILHENSE 2: A VINGANÇA


Tá bom,vou falar, novamente, do Joni. Confesso ao leitor que não queria. Joni é um cara legal, já bateu várias vezes nas minhas costas, sempre me cumprimenta na rua e, certa vez, quando eu e um amigo passamos no vestibular, até pagou uma caixa de cerveja para a nossa comemoração. Não queria que você, astuto leitor, e muito menos ele, julgassem que sou algum inimigo político ou alguém em busca de vantagens... Sei lá. Sou apenas um observador raso das curiosidades da vida e suas contradições e Castilho é um lugar rico disso...
Foto extraída do site www.andranews.com.br
No entanto, para amenizar o meu lado, hoje vou falar também de outro personagem: Dr. Antônio Carlos Ribeiro, nosso atual prefeito, derrotado nas urnas por Joni, mas que, porém, não podemos nos esquecer, é cria de nosso faraó castilhense. Na verdade, em minha humilde e superficial opinião, os dois são a mesma pessoa política, ou melhor, fazem parte da mesma contradição política que domina nossa cidade (para não usar aquela velha e batida frase “farinha do mesmo saco”). Contradição essa que se fez evidente nas eleições municipais (lembra-se daquele meu primeiro texto, quando digo que escolher um candidato nas eleições desse ano era como morrer por suicídio ou assassinato?) e, mais recentemente, nos noticiários e tribunais.

Foto extraída do site www.jornalimpactoonline.com.br
Diferentemente de minha “relação” com Joni, eu nunca tive contato com o Doutor. Nem sei como é a voz dele, quase nunca o via. Acho que a única vez que o vi mais próximo e falando foi na final do campeonato de férias, creio que ano passado ou retrasado, em que todo mundo começou a vaiá-lo, não me lembro do motivo, só de que senti um misto de pena e vergonha por ele. Para mim, ele nunca deixou de ser o vice do faraó...
Há quatro anos, Joni estava deixando a prefeitura, como uma estrela teen, daquelas coloridas, tipo Restart, após oito anos construindo e repaginando a fachada de nossa cidade maravilhosa. Já o Doutor, estava assumindo, com a esperança do povo de que ele daria continuidade ao arco-íris construído por Joni, afinal, ele era seu vice, deveria ter aprendido muita coisa... Nesse tempo, lembro-me de um fato que, hoje, com todos esses eventos envolvendo os dois, contribui para visualizar a contradição que eles representam. Lembro que Joni não conseguiu inaugurar o Portal antes de deixar a prefeitura, mas esperava ter seu nome na placa, o que não aconteceu, sendo o do Doutor registrado. Boatos correram que Joni ficou muito triste com isso.

Hoje, quatro anos depois, Joni foi vingado. Volta à prefeitura, vencendo seu ex-vice nas urnas e, ainda, vitorioso nos tribunais, após ser acusado de improbidade administrativa. Já o Doutor, sai reprovado nas urnas e, se não bastasse, condenado nos tribunais por "ato de abuso do poder político e captação ilícita de sufrágio", em que teria obrigado servidores municipais a adesivarem seus carros com propagandas eleitorais sob o risco de serem exonerados do cargo, caso se recusassem. Como prêmio, ganhou oito anos de inelegibilidade. Talvez nem sinta muito, já que dizem que em menos oito anos o faraó não sai...
É, sapiente leitor, como já disse o filósofo francês Joseph-Marie Maistre, “cada povo tem o governo que merece”. Esse é o nosso. Mais seu do que meu, confesse. Governo com a sua cara (só talvez minha), em que o passado vai para os tribunais enquanto o futuro acaba de sair deles, fresquinho.  Eu não teria coragem de gastar tanto dinheiro com fogos, como você gastou. Não é avareza, mas falta de fé. 

Samuel Carlos Melo.

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Desapropriar Área Indígena para Matriz Energética?



A cultura brasileira é influenciada por manifestos oriundos de diversos povos que aqui residiram. Europeus e indígenas dividem território de maneira pra lá de desigual desde mesmo o Brasil Mercantil. Somos hoje uma nação miscigenada que ainda assiste a persistência da idéia capitalista de cultura superior, e, sinto-me da obrigação de pedir um espaço aqui no blog – mesmo com tropeços aqui e acolá - pra falar sobre Eles, tantas vezes esquecidos. Nossos indígenas!
A polêmica construção de Belo Monte muito tem sido discutida aqui na internet, e pouco vejo nós, jovens/adolescentes, opinando sobre o assunto. Ela que, baseada numa sólida estratégia de argumentos dentro da lógica de “vantagens” comparativas da matriz energética brasileira só prova que ainda existem conflitos e desigualdade no que diz respeito a esta etnia.



Pero Vaz de Caminha descrevia em suas crônicas o índio como um ser rude e desprovido de intelecto. Conceito premeditado pelo choque cultural que ali ocorrera, mas que infelizmente ainda faz parte da opinião de muitos brasileiros. Sabe-se hoje, por meio da antropologia, que não há cultura superior a outra - assim como não há impossibilidade de sociedades diferentes conviverem e miscigenarem-se! Faz-se necessário entender que a ideia da ressignificação cultural mudou o conceito a qual se analisa a história. Nenhuma cultura desintegra-se, apenas sofre transformações com o passar do tempo.
Porém, percebe-se certa resistência por parte da sociedade em aceitar que a cultura indígena também é passível de mudança. Afinal, a dinâmica mudou. Não vivemos mais o Brasil das crônicas de Caminha! Compartilhamos hoje consequências de uma nação emergente, tais quais poluições, doenças, sem falar no abismo entre a arrecadação do estado e a eficácia dos serviços públicos gestados pelo mesmo.
Um documento sobre a situação do índio no Brasil divulgado pelo IBGE afirma que 38% dos nativos brasileiros (cerca de 310 mil pessoas!) vivem em situação de extrema pobreza e na grande dependência de auxilio econômico do Estado. Também é elevado o número de mortes em conflitos com fazendeiros e posseiros, ou por outros motivos de violência como assaltos e brigas. Sem falar que estudos sobre a saúde e condição de vida de mulheres e crianças revelaram um cenário preocupante ligado a alimentação e obesidade.


Viram? O “tão distante índio” está mais próximo de nossa realidade do que imaginamos! E ainda assim possui parte de seus direitos delimitados por falsos ambientalistas, que gestam leis desleais prol lucro. No caso de Belo Monte, além de todos os impactos ambientais apontados por estudiosos, sabe-se que poderá acentuar casos de grandes pressões sobre territórios indígenas já demarcados e homologados.
A população daquela região depende muito do rio. Além disso, dado o tamanho do impacto que a obra causará com a ocupação e deslocamento de pessoas e a construção de estradas, esse grupo será muito afetado. Embora defenda a tal “ressignificação cultural”, e que não podemos negar que estejam previstos investimentos na área de saúde e apoio à produção, não se sabe exatamente o que será feito, nem como. Sabemos que a efetivação das obras dos setores de base por parte do Estado é comumente escassa. 
Por outro lado os defensores da Hidrelétrica afirmam que o país necessita de mais geração de energia. A pergunta é: com o vasto território que possuímos, não temos condições de manter uma matriz energética diversificada, que priorize fontes alternativas como solar e eólica? Há uma série de vazios nas informações.
        Acredito que precisamos de mais patriotismo e mais fervor para lutar pelas questões sociais. Vejo, por vezes, a sociedade brasileira inerte e de, certa forma, fragmentada por setores e ideologias - herança de nossa densa sociedade colonial, talvez. Indignamos-nos, mas pouco fazemos para mudar o que esta a acontecer a nossa volta. Os indígenas de Belo Monte são uma realidade, assim como os famintos do Nordeste também são uma realidade... Nossa falta de atitude é uma realidade.

Texto de Maryana Tomas, 17 anos.