quinta-feira, 31 de outubro de 2013

I Tarde Cultural: revivendo a praça da matriz!


No próximo domingo (03/11/2013), às 16 horas, acontecerá a primeira Tarde Cultural na praça da matriz, evento idealizado pelo Rotaract Club e que contará com o nosso auxílio. Será um evento singelo, quase informal, porém, intenso em cultura e, consequentemente, em ideias. Haverá uma mesa de troca de livros, rodas de conversa sobre autores e obras, música, tereré e algo mais.
Desde o início de minha adolescência, participo da organização de eventos culturais em Castilho e na véspera de todos eles sempre ficava aquele receio de que se haverá público interessado. Na 1º Estação Cultura Independente, organizados por nós e pela LoucAção, não foi diferente, apesar de o evento ter sido um sucesso.
O receio vem da noção de que eventos culturais como esses competem em desigualdade com as atrações (ou distrações?) do entreterimento de massa. O risco de fracasso existe, e não é pequeno. Entretanto, uma coisa que aprendi nessas minhas experiências em eventos e como professor de língua e literatura, é que o mais importante de tudo é possibilitar o acesso à cultura, mesmo que sejam reduzidos os interessados. Digo mais: possibilitar a expressão cultural em espaços públicos como foi na estação e como será na Praça. Exemplo 1: É mais fácil um aluno ler um livro tendo uma boa biblioteca a disposição ou sem? Exemplo 2: É mais fácil alguém participar de uma tarde cultural tendo uma sendo organizada ou não? Exemplos óbvios, mas verdadeiros.
Um evento como esse realizado na praça é algo bastante simbólico. A nossa praça, antes da reforma, sempre foi um ponto de cultura, mesmo que limitada. Como já disse em um outro texto, a praça antiga era propícia para isso, confortável para isso. Hoje ela é hostil. Basta ver como são tenebrosos os domingos, ainda mais se vier em nossas mentes o fantasma dos tempos áureos de forró! Salve a quarta-feirinha!
Assim, essa iniciativa do Rotaract, quase sem querer, acaba por ser um espinho de incômodo para os nossos gestores: “A gente não quer só comida!”. Também, sem querer querendo, mostra como é possível tornar um hábito a realização de eventos rícos como esse com um custo baixíssimo, bastando vontade e criatividade.

Isso é, se  não for exatamente esse o problema...

Samuel Carlos Melo

Obs: 31-10, 111 anos do nascimento de Drummond!


Poema de Sete Faces

Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.
As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.
O bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas.
Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.
Porém meus olhos
não perguntam nada.
O homem atrás do bigode
é sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos, raros amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode.
Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus
se sabias que eu era fraco.
Mundo mundo vasto mundo,
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.
Eu não devia te dizer
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo.
Carlos Drummond de Andrade


quarta-feira, 30 de outubro de 2013

PRIORIDADES: a manifestação no Nova York e a construção da agência da Caixa



Como anunciado no meu último texto, estou longe do Paraíso. E não é um distanciamento unicamente físico, de estar muitos quilômetros afastado. Sem internet, com uma rotina alterada e sem muito saco, não tenho estado por dentro dos acontecimentos e dos ocorridos da minha Castilho. Entretanto, dois fatos me chamaram a atenção sobre como funciona a política, os políticos e suas prioridades.
Tudo na vida da gente passa pelas prioridades. Elas costumam preceder as nossas escolhas. O que você tem como prioridade, mesmo que seja aquela mais velada, escamoteada sob camadas e camadas de convenções sociais, é o que vai te definir no futuro e o que te define agora, segundo as prioridades que você teve outrora.
Há pouco tempo, creio que no final do ano passado, a Caixa Econômica Federal resolveu fincar raízes na nossa metrópole. Bom pra gente, porque viver de Bradesco é desolador. Ouvi rumores que ainda esse ano inauguram a agência. Rápido, eficiente e útil! Atributos não muito comuns em ações governamentais.

Por outro lado, esse final de semana, sábado sem não me engano, houve uma manifestação dos moradores no bairro Nova York por melhorias no local, mais especificamente pela finalização do asfalto em umas poucas ruas que, não sei por qual motivo, ficaram esquecidas lá no fundão.
O Nova York é, sem fazer muitos rodeios, uma bomba relógio! Foi feito sem qualquer planejamento social, jurídico ou moral. Não sei como se pode imaginar que fazer um bairro longe do centro e, conseqüentemente, dos serviços públicos essenciais, poderia dar certo. Já assistiram Cidade de Deus? É bem aquilo lá, só que em menor proporção. Alguém pensa: joga a pobraiada pra longe que a cidade fica bonita. Só que não é assim que funciona. Daí, um dia (e ele sempre chega), aquele que foi marginalizado, ignorado (exceto, por óbvio, nas eleições) vai querer seu espaço.

Pode vir alguém me dizer que a CEF não é serviço genuinamente público, que é empresa pública e, portanto, tem lá seus trejeitos de pessoa jurídica de direito privado. Pura inocência! Umas ruas esburacadas onde quase ninguém vê, onde há pessoas que, igualmente, ninguém vê, nunca vai ser prioridade pra governantes que entram pensando em reeleição, em pagar dívidas de campanha, em fazer caixa dois, ou, apenas, fazer do seu filho um “dotô”. Um banco, com seus lucros bilionários, não passa despercebido.


E, só pra constar, em Castilho nem “dotô”, “fessô”, ou “rei da selva” podem se orgulhar muito dos rumos que a cidade tomou no âmbito social e do seu papel com relação ao Nova York. As prioridades do passado podem ser vistas hoje sem qualquer dificuldade. Aliás, acho que o único legado da administração passada foi deixar o povo muito insatisfeito e pronto para uma revolta. Cabe à atual saber contornar essa herança e dar à cidade um andamento que melhor atenda à coletividade.
Bem, assim como nossa história pessoal é fruto de nossas prioridades e escolhas, a cidade, um organismo vivo, é fruto das prioridades e escolhas dos nossos representantes, seja na esfera que for. Um banco, nesse nosso sistema, é algo importante. A CEF, pra quem precisa de financiamento imobiliário, é uma mão na roda. Entretanto, nunca pode ser maior que saneamento básico, água, luz e qualidade de vida pra coletividade. Temos que ter sempre em mente que banco só dá lucro pra meia dúzia de pessoas. Não passa disso! Uma cidade bem estruturada, pensada, feita e conduzida para o bem de todos é certeza de um futuro bem mais confortável e amistoso.


Márcio Antoniasi

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

O leilão do petróleo: o menos pior negócio

  
21 de outubro de 2013 entrou para a história como o dia em que ocorreu o maior leilão para concessão de um campo de extração de Petróleo do Brasil. O chamado Campo de Libra, localizado na Bacia de Santos, promete ser a maior reserva de Petróleo e foi arrematado pelo consórcio formado pela Petrobrás (Brasileira), Shell (Anglo-Holandesa), Total (Francesa) e CNOOC e CNPC (Chinesas), por R$15 Bilhões, com repasse posterior de 41,65% do lucro obtido com a exploração de petróleo.  
Segundo estudos, a estimativa de óleo recuperável existente no campo está entre 08 e 12 bilhões de barris, o que garantiria uma produção entre 01 milhão á 1,4 milhão de barris/dia. Para se ter idéia do tamanho do potencial econômico dessa nova área produtora, atualmente o Brasil produz cerca de 02 milhões de barris/dia, de maneira que Libra representaria um incremento de cerca de 60% na produção nacional.
Comparável ao tamanho do campo de Libra foi o embate noticiado pela mídia entre diversos movimentos sociais contrários ao leilão, algo perfeitamente previsível, já que esta imensa fonte de recursos, se bem empregada pode significar a passagem de um pais emergente para um pais desenvolvido economicamente e socialmente, já que 75% dos recursos obtidos serão por Lei aplicados em Educação e 25% aplicados em Saúde.
Apesar das vozes contrarias o leilão foi feito, garantindo a participação de 41,65% nos rendimentos conforme citado acima, além de impor através das regras acertadas, no mínimo 37 % conteúdo nacional na fase de exploração, 55% na primeira etapa de desenvolvimento e 59% na segunda etapa de desenvolvimento.
Mas não seria mais vantajoso a Petrobras explorar sozinha o campo de Libra e o Brasil ficar com 100% da receita e não com 41,65%?
A resposta é não, pelo menos a curto prazo. Mas por quê?
Em primeiro lugar, por falta de margem disponível para investimento. Para operar sozinha, a Petrobras teria que desembolsar R$ 15 bilhões para adquirir a concessão da área mais cerca de 180 bilhões de dólares em investimento no decorrer de 30 anos de contrato. Ocorre que com o aumento no consumo de combustível em decorrência do crescimento da frota nacional, graças ao incentivo dado a compra de automóveis, houve significativo aumento na demanda por gasolina. Esse aumento fez com que a estatal tivesse que importar gasolina, já que sua capacidade de refino chegou ao limite. Para não pressionar ainda mais o quadro inflacionário que o país vem enfrentando, a empresa vem vendendo a gasolina no mercado nacional a um preço menor do que o valor pago na compra, comprometendo assim o seu fluxo de caixa, limitando sua capacidade de investimento.
Mas por ser estatal, o Governo Federal não poderia injetar nosso rico dinheirinho para garantir os recursos necessários à exploração? Novamente, a resposta é não.
 Diversas Agencias de Risco tem pressionado o Governo Federal, ameaçando baixar as notas de avaliação da capacidade do país honrar suas dividas. Isso ocorreu devido à expansão dos gastos com custeio da maquina pública, além das desonerações fiscais e empréstimos a juros baixos e longos prazos pelos bancos públicos visando à recuperação da economia. Isso fez com que o Superávit Primário (economia feita para pagar os juros da divida pública) tivesse uma queda de mais de 28% nos primeiros oitos meses do ano comparado ao mesmo período do ano anterior, deixando de cabelo em pé os credores, cada vez mais temerosos que o Brasil não tenha capacidade de honrar suas contas.
Sobre o Superávit Primário vale lembrar, que os R$ 15 bilhões que deverão ser pagos em até um mês, ajudarão a amenizar as contas públicas, embora falte muito ainda para que a meta de poupança de R$108,91 bilhões seja alcançada.
Esse cenário mostra que o país esta refém dos interesses do Capital e do Mercado, nacional e internacional, de forma que não temos “Soberania” financeira para atender totalmente o interesse da população brasileira. Esta “prisão” foi sendo construída por anos, principalmente a partir da década de 50 e posteriormente com a Ditadura Militar que, em nome de uma política desenvolvimentista, tomou emprestado volumosas quantias para financiar este modelo que provou não ser sustentável, gerando problemas que afetam o país ate os dias atuais.
            Por estar inserido em um contexto capitalista, ir totalmente contra o interesse de quem detêm o capital traz conseqüências graves para a economia do país, podendo gerar uma ‘’propaganda negativa”, algo que certamente não é interessante para a Presidente, que busca a reeleição, logo, achar um meio termo entre interesse nacional, interesse do mercado e até mesmo interesse próprio, como no caso da reeleição, certamente é o mais plausível.
Em um contexto como esse, onde o Estado sozinho não é capaz de administrar o bem público, garantir que o interesse do mesmo seja garantido e fazer as benfeitorias geradas pela exploração chegue à população deve ser o principal objetivo do contrato.
Aparentemente, no caso do Leilão do Campo de Libra houve essa preocupação, diferentemente do que vimos no caso “Águas de Castilho”, onde somente o interesse da empresa, dos vereadores e prefeito que permitiram a concessão foi garantido. Neste caso, a empresa ganhou super poderes para prestar o serviço da maneira que quiser, cobrando o preço que a mesma bem entender, sem contar que a prefeitura agora se vê obrigada a pagar um alto valor pela água utilizada para a empresa. Certamente, se os responsáveis pela concessão da água fossem os mesmos pelo Campo de Libra, o país no futuro teria que pagar para a empresa explorar o petróleo e ainda comprar posteriormente o produto a um preço absurdo.

Ainda bem que isso não aconteceu...

Silvinho Coutinho

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Dostoiévski, Tolstói e afins

Lembro-me de uma coleção de clássicos da literatura mundial de capa vermelha com as letras escritas em dourado nas estantes das bibliotecas (municipal, do Armel Miranda e do CEFAM) que me deixavam curiosa. Julgava pela espessura do livro que o mesmo seria bom. Houve então uma época em que fiquei fascinada pelos clássicos russos da literatura mundial, assim como um tempo antes fiquei encantada por Machado de Assis.
Aprendi com Dostoiévski que “O homem é um ser pusilânime”.  Nunca me esqueço dessa frase. Com certeza pelo motivo de que tive que recorrer ao Aurélio para entender seu significado. E o autor de tal frase quem seria? Ao certo não me lembro. Provavelmente seja Raskólnikov, o protagonista do livro Crime e Castigo, do mesmo autor.
Descobri que a literatura russa se divide em eras, que são denominadas: Antiga, Pré-Dourada, Prata, Soviética e Pós-Soviética. Os autores que mais se destacaram em escala mundial no século XIX foram Lev Tolstói, cujas obras mais famosas são Anna Karenina e Guerra e Paz e Dostoiévski, de Crime e Castigo, Os Irmãos Karamazov e O Idiota, entre outros.


Para quem quiser começar a se aventurar na literatura do universo russo, uma dica que dou  é se atentar a constante troca de nomes dos personagens. Sério, eu ficava muito perdida quando lia.  O que acontece, é que em muitas vezes, as personagens ou os próprios autores os designam de outros nomes, que na verdade, seriam seus apelidos ou seus diminutivos. Na Rússia os apelidos e diminutivos são bem diferentes do nome original da pessoa, por isso a confusão pra nós, não acostumados com tal realidade.
Pesquisando sobre o assunto, li um texto que aconselhava a ler os romances russos somente quando estiver mais maduro, pois os mesmos são muitas vezes densos e longos, o que poderia desestimular a leitura. Isso me chamou a atenção porque uma vez em alguma dessas bibliotecas que frequentava, me disseram que os livros estavam divididos por série. Logo, só poderia ler o que correspondia ao meu ano escolar. Acredito que se houver interesse na leitura não se pode podar e restringir os livros de acordo com a idade. O interesse e disposição são alguns dos itens necessários a uma boa leitura.


Thaís Coelho

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

A Creche, o alicerce

          Para se construir uma casa é necessário começar pelo alicerce. Para que a mesma se mantenha firme, resistindo ao tempo, as intempéries e outros agentes nocivos a sua estrutura, é necessário primeiro construir uma boa fundação, cavando a terra, atingindo boa profundidade e utilizar os materiais necessários à sustentação de todo à edificação, como tijolo, cimento, cal, ferro, etc.
A partir dessa ideia, venho fazer uma associação entre a Educação Infantil, mais especificamente a Creche e a fundação de uma casa.
Nos últimos anos, as Creches tem se tornado instituições bem diferentes dos antigos “depósitos de crianças”, com o propósito de atender a necessidade das mães que trabalhavam e não tinham onde deixar a criança durante este período, ou para atender crianças que não tinham a possibilidade de alimentar-se adequadamente por pertencerem a famílias pobres, ou por estarem em situação de risco em suas casas, filhos de pais drogados, alcoólatras e afins, representando risco a saúde e vida dos pequenos. Nesta época as crianças não eram separadas por idade, não tinham acompanhamento pedagógico e estavam ali apenas por não terem outra opção.
Hoje as Creches adquiriram caráter educacional, de maneira que as crianças são separadas por salas, respeitando cada faixa etária. O atendimento vai além do assistencialismo, pois professores formados e preparados para ensinar são responsáveis pelo desenvolvimento do aluno.
Essa nova visão torna possível o desenvolvimento do intelecto, noções de amizade, companheirismo, autoconhecimento e descobertas que vão acompanhar o individuo durante toda vida como citado por Karina Rizek Lopes, coordenadora da Área de Educação Infantil da Secretaria de Educação Básica do MEC “Aprendem a ser e a conviver. É a fase do ‘como’: como eu escovo os dentes, como eu lavo as mãos, como eu seguro o lápis, como eu brinco, como eu corro, como eu pulo. Ou seja: ‘como sou’, ‘como devo ser’ e ‘como faço para ser’”.
Entretanto, o trabalho desenvolvido nas creches não é algo facilmente mensurável, pois não existem índices como o IDEB para demonstrar evolução, ou para comparação entre escolas ou Municípios e por este motivo geralmente não é visto pelas pessoas que não o acompanham de perto, porém não se pode negar a sua importância, pois é no Ensino Infantil que a criança tem o primeiro contato com o saber, de maneira que a mesma pode “pegar o gosto” por aprender ou não, dependendo de como for sua experiência. Por isso assim como um alicerce que não é visto depois da casa pronta, mas que é necessário para a sustentação, o Ensino Infantil pode ser a base que sustenta toda a aprendizagem futura, do primário ao ensino superior.
Mas nem todos enxergam essa importância e por ser difícil a demonstração de números, geralmente esta etapa da educação básica é deixada em segundo plano pelo poder público, que investe menos do que o necessário para garantir a quantidade de vagas demandadas e a qualidade do serviço prestado.
Castilho, como várias outras cidades do país, vem sofrendo com a falta de vagas para Creches, problema que foi agravado pelo descaso com o prédio da Creche Maria José Vieira Telles, como descrito no texto (http://osopositores.blogspot.com.br/2013/04/creches-de-castilho-entre-trapalhoes-e.html)  que fez com que a mesma tivesse que primeiramente oferecer atendimento inadequadamente em duas casas e agora atender no antigo prédio da EMEI Paulo Sérgio enquanto aguarda a reforma da Unidade, reforma esta que deverá ter um custo milionário.


Por atender em um prédio que também não foi desenvolvido para ser uma creche, apesar de melhorias e adaptações na estrutura, ainda há problemas de falta de espaço, falta de salas para deposito de materiais, cozinha para o berçário entre outras coisas, que dificulta o atendimento a toda a demanda por vagas.
Para tentar “maquiar” o problema, certas pessoas públicas e influentes, não tendo real noção das dificuldades enfrentadas por não terem o habito de visitar as instalações, agem irresponsavelmente orientando as mães e pais de crianças a procurarem a Unidade dizendo que “fulano” ou “sicrana” pediu para “dar um jeitinho” de conseguir uma vaga, como se por um passe de mágica ou pela simples vontade do político desejoso de fazer média a capacidade de atendimento pudesse ser aumentada.

Situação causada pelo mal planejamento. 

Embora o presente não seja o ideal e as dificuldades sejam muitas, aparentemente o futuro, ao menos em Castilho aponta para uma melhoria no que diz respeito ao aumento da oferta de vagas. Com o projeto de construção de mais duas unidades e a reforma do antigo prédio da Creche Maria José Vieira Telles, creio que seja possível atender a demanda por vagas em Creches.
Acompanhar e tratar o profissional da Educação Infantil como professor, investindo em sua qualificação profissional, cobrando seu empenho e incentivando-o a desempenhar bem o seu papel também é algo necessário para garantir a qualidade do serviço prestado, tornando mais eficaz a aprendizagem, sendo outro ponto positivo que aparentemente será desenvolvido em nossa Cidade
Como cidadão, torço muito para que tanto em relação a oferta de vagas quanto o acompanhamento e incentivo dos profissionais seja colocado em prática não só nas Creches mas em toda a Educação Infantil. Se realmente ocorrer, estarei aqui para aplaudir de pé, se não, cobrarei com a mesma energia.

  Silvio Coutinho

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

OFF LINE



Segunda semana em Ilha Solteira. Ainda me acostumando às mudanças, especialmente a de não ter a quem pedir favores, sofro uma das minhas piores abstinências de internet. Como um viciado, rodo pelas vias invisíveis das conexões Wi-fi buscando alguém com um espírito socialista, daqueles que dividem suas propriedades. Acho logo um sinal com o seguinte dizer: “vai roubar de outro”. Toma!
A sensação de estar deslogado é sinistra. Parece que não participo mais da sociedade. E morar num lugar onde não se conhece ninguém deixa as coisas ainda piores. Hoje, por exemplo, é feriado por aqui e, infelizmente, chove desde a noite passada. O negócio está tão feio que até decidi escrever este texto!
Mas, já que resolvi começar, por que não falar das minhas impressões sobre esse episódio. Lembro que lá pelo final da década de 90, ainda no Armel Miranda, o professor Mauro passou pra gente o filme Matrix. Da primeira vez que assisti, mais juvenil e limitado que hoje em dia, não entendi nada. Apenas que lutas coreografadas e armas são distrações eficientes.

Entretanto, com um pouco mais de idade e bagagem, entendi deveras do que se trata a cena onde Morpheus apresenta a Neo a pílula azul e a vermelha. Ilusão confortável e afiançada ou realidade dura e incerta? Pode parecer que forço a amizade, mas o mundo cibernético atual toma cada vez mais os contornos daquele apresentado pelo filme.
Será que um dia vamos virar apenas marionetes nas mãos de inteligências artificiais enquanto elas nos darão ilusões e impulsos eletromagnéticos para imaginarmos as coisas como gostaríamos que elas fossem? Sem dor, sem decepções, sem brigas, sem fome, sem guerras e crianças mortas?
Todas nossas comidas serão como as do instragram, nossas conversas resumidas e abreviadas em 140 caracteres e nossos sorrisos como os das fotos tiradas nos sábados à noite e postadas no facebook. Tudo lindo, wonderful e retocado no photoshop.
E, na minha cabeça, nossa liberdade nem vai ser tirada à força. Imagino que vamos voluntariamente entregar nossos corpos em busca da felicidade eterna na mente, em abstrato. 

Há, ainda, uma música que gosto muito do Pink Floyd, Amused to Death, que diz que vamos todos nos entreter até a morte. O entretenimento incessante. Viagem? Bom, o Pink Floyd é mesmo uma viagem sem fim. Mas, vendo o caminhar das coisas, observando como fugimos sempre das coisas mais profundas, dos relacionamentos, das crenças, como procuramos cada vez o que é ralo, o superficial, o descartável, fica fácil pra alguém como eu imaginar eventos mirabolantes. Ainda mais nas condições sob as quais me encontro hoje.
Tudo isto pode vir a acontecer? Não dá pra saber. Pode ser que um dia alguém diga que cool mesmo é ter muros baixinhos pra poder conversar com os vizinhos e que quem produz e comercializa cadeiras de área e tereré fique rico, tamanha a busca por esses itens. Pode ser ainda que ficar em casa sozinho, sem internet, num dia de chuva, seja perfeito pra se ler um livro, escrever um poema, fazer um bolo, sei lá... Talvez deitar no sofá e imaginar coisas. Pensar! No momento, o que temos são mãos trementes, olhar perdido e a sanidade ameaçada.

Márcio Antoniasi