quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

Quem matou nosso Carnaval?



O que faz do Carnaval a festa mais popular do Brasil?
Não que todos que o festejam sejam pobres e infelizes, mas o que faz do Carnaval a festa mais popular é o fato de que no Brasil a pobreza e a tristeza reinam. 
É o momento em que as pessoas extravasam suas angustias e decepções. É como muitos dizem: "o Carnaval é o momento de esquecer os problemas". E quem mais vive de problemas que a classe trabalhadora, essa classe massacrada?
Muitos dos que foram para a Praça da Matriz naquela sexta-feira de 9 de fevereiro foram "esquecer os problemas" do dia-dia, das contas a pagar, do baixo salário, das ameaças no trabalho, etc.

Foram também os jovens, que não têm tantas contas a pagar, mas têm o desejo de viver e serem felizes em uma cidade que não existe opção de lazer.
O Carnaval de Castilho era esperado há mais de dois anos. Foram dois anos que não ofereceram esta festa para os castilhenses por dizerem que havia outras prioridades, como o investimento em saúde. Mas será que a alegria também não traz saúde? Pelo menos a mental?
O Carnaval de Castilho era um dos mais populares da região e agora é também o mais mal falado.
Não há só um culpado pela destruição desta festa em nossa cidade.
Os brigões de fim de festa, esses embrutecidos da vida, também são culpados, mas são só a ponta do problema.
Os personagens principais rondam o poder, e não é só o poder político.
Afinal, por que não seguiram as recomendações da Polícia e do Ministério Público de fechar a Praça?
Por ignorância? Prepotência? Inocência? 
Nunca saberemos o motivo.
Porém, nenhum deles é pior que o autoritarismo de simplesmente mandar acabar com tudo. 
Segurança em primeiro lugar!
Sim, mas será que segurança só vem assim?
Não havia outras possibilidades?
Mudar o horário? Aumentar o policiamento?
E os gastos realizados na montagem de toda aquela estrutura? E os custos com a banda que trabalhou um dia e ganhou por 4? E os gastos com seguranças? Com servidores que dedicaram dias na organização do evento? E o comércio que se preparou para a festa? E os turistas que vieram festejar? As famílias? As crianças? Os Blocos?
Ou seja, o povo pagou a conta e não levou.
Parece que o que reinou no Carnaval castilhense não foi a briga dos ignorantes em praça pública, mas sim, a briga de soberbas dos ilustrados nos bastidores.
Soberba de quem organizou a festa e de quem mandou acabar com ela.
Pobre povo castilhense, sem a alegria do Carnaval, mas com muito trabalho pro resto do ano.



Dóri Edson Lopes