Galera,
mais como ta calor, ein? Parece que estamos fazendo estágio para o inferno...
Crendeuspai,
ta amarrado, eu não vou pra lá, não, vou pro céu, sou um cidadão de bem que
está contribuindo com sua parte para o nosso belo quadro social, quero saber
desse lance de pisar em braseiro, não!
Chego
em casa já corro e ligo o ar condicionado, com o coração na mão em saber que
minha mãezinha vai ter que pagar a conta de luz, mas, fazer o que, ninguém vê as
alegrias que eu como filho dou a ela. Agora, sem ironia, verdade
seja dita, eu também ajudo bastante aqui!
Esse
papo todo de calor do inferno e ar condicionado, me fez lembrar uma discussão
recorrente, que tal qual o vírus da dengue, todo santo verão, somos obrigados a
debater sobre a questão do ar condicionado em sala de aula. Uns vêem como luxo,
frescura, outros, como um artigo necessário para garantir uma melhor eficiência
na disseminação do conhecimento, e ai o clima esquenta.
Vivemos
em uma região com um clima extremamente quente, onde os termômetros não
raramente ultrapassam os 30 graus Celsius. Em ambientes quentes como o nosso,
o corpo humano trabalha para garantir a manutenção da temperatura corporal a níveis
benéficos para que o mesmo seja capaz de realizar as reações necessárias ao bom funcionamento fisiológico. Ocorre a aceleração dos batimentos cardíacos para que sangue flua mais rápido no sistema circulatório,
através da vaso dilatação, migrando dos órgãos internos para a pele, gerando aumento do consumo de oxigênio, causando aumento da frequência respiratória, aumento da produção de suor, pelas glândulas sudoríparas, entre outras coisas necessárias para garantir a
homeostasia corporal, ou seja, o processo de regulação corporal que mantém
constante seu equilíbrio.
http://www.cidadenovafm.com/noticias/brasil/80925 |
O
fato é que toda essa atividade gera aumento da agitação, incomodo, menor capacidade de atenção, cansaço, stress, entre outras
coisas. Junte toda essa ebulição de sensações negativas em uma sala de aula
lotada de criança com os hormônios começando a aflorar, cheias de energia pra
gastar. Essa equação resulta em ambiente ruim, e um professor menos produtivo, com menor animo,
mais propenso ao absenteísmo (falta no trabalho), oferecendo um serviço não tão
bom quanto poderia.
Temos
que ter em mente que o professor é um trabalhador, humano, com suas limitações
humanas, que precisa ser motivado para realizar bem um trabalho.
Segundo
Frederick Herzberg, em seu livro “A motivação para trabalhar”, existem dois
fatores chaves para garantir uma maior eficiência produtiva no trabalhador,
seja ele de qualquer setor, os Fatores Motivacionais e os Fatores Higiênicos.
Para
Herzberg, fatores motivacionais são aqueles ligados ao próprio trabalho em si,
a atividade e a satisfação em realizar tal atividade. Um professor que trabalha
duro para alfabetizar um aluno e vê o mesmo no fim do ano conseguindo ler, é
altamente gratificante e pode ser usado como um exemplo de fator motivacional.
Já
os Fatores Higiênicos são definidos como os quais não geram motivação, mas os
quais sua ausência gera desmotivação. Temos como exemplo de fatores de higiênicos,
baixo salário, ambiente sujo, dificuldade de acesso, entre outros, como um
ambiente muito quente ou muito frio. Professor nenhum vai chegar
em uma sala e dizer “Nossa, essa sala com ar condicionado me faz ter vontade de
enfrentar uma sala com 40 alunos”, mas os mesmos 40 alunos em uma “sauna de
aula” vai fazê-lo desempenhar sua função com menos eficiência do que em uma sala climatizada, pois ele estará menos incomodado com o ambiente e seus alunos também se sentirão melhores naquele espaço, ganhando
mais tempo e eficiência na disseminação do saber.
Assim,
eu sou um defensor veemente da boa climatização das salas de aulas e demais
salas do serviço público (deixa eu puxar sardinha pro meu lado, porque minha
sala também é quente, viu?!), não somente com ar condicionado, mas com o
plantio de arvores nas dependências das escolas e seus arredores,
proporcionando sombra, amenizando assim também a temperatura excessiva.
Sei
que não seriam poucos os recursos necessários para climatizar todas as classes
do município, sei também que a atual gestão tem menos de 60 dias de trabalho e
sei muito bem que o vereador Waguinho devolveu a gestão anterior mais de
quinhentos e quarenta mil reais e “sugeriu” que o dinheiro fosse usado para a
compra de ar condicionados, mas não foi atendido. Inclusive, critiquei bastante
quando ocorreu o fato acima citado, e propus em alguns comentários na época que
os vereadores estudassem a possibilidade de criar uma lei que definisse e
regulasse onde o dinheiro devolvido pela câmara deveria ser aplicado, mas, não
sei se houve a analise de tal possibilidade que creio eu seria benéfica ao município.
O
fato é que cabe agora a atual administração obter meios para conseguir atender
essa demanda que não é um gasto, mas sim um investimento nos alunos e
profissionais da educação, que certamente trará resultados positivos no futuro.
Inclusive,
a atual secretaria da educação foi uma das que lutaram para que fosse
implantado ar condicionado nas salas de aula, ou “saunas de aula” como a mesma
se referiu em uma publicação no passado, o que nos da mais esperança que a
atual gestão possa atender vir a atender essa demanda social.
No
site do Portal de compras do FNDE, (http://www.fnde.gov.br/portaldecompras/index.php/produtos/ar-condicionado) há uma ferramenta que permite que se compre entre outros itens, ar
condicionados, através de um único processo de compra, ganhando assim, através da
maior escala, em preço e padronização dos produtos adquiridos.
Mesmo
assim, é claro que custo, como disse
anteriormente, será elevado, mesmo utilizando meios para barateá-lo, mas, por
que não pensar em formas de “dividir” esse custo com toda a sociedade
interessada, como pais, professores, diretores, funcionários e empresas?
Por
que ao invés da festa do pescador ser de graça, mobilizar a sociedade através da escola, pra conscientizar a população da real
necessidade de tal artigo, cobrar um preço justo e utilizar o dinheiro dos
ingressos e do percentual das vendas e dos alugueis das barracas para custear
parte do custo? Da mesma forma podem-se fazer arraiais, festas do milho, ou
qualquer outra festa popular, visando arrecadar recursos para tal ação? Claro
que isso deve ser feito de forma transparente, com comissão formada não somente
por cargos próximos a administração, mas por partes interessadas da sociedade,
com prestação de conta, com toda a clareza para criar confiabilidade.
É claro que isso é só uma sugestão, deve ter muito mais gente capaz que eu auxiliando a gestão, que podem encontrar soluções talvez até mais eficientes, mas, não custa opinar.
Espero
que algo seja feito, pois a causa é nobre, educação e saúde são os maiores
fatores de geração de riqueza das cidades, estados e nações. Quem melhora a
qualidade da estrutura educacional, melhora a forma como a educação é
desenvolvida.
Enquanto escrevia esse texto, o Gilson Souza falou em seu vídeo ao vivo que administração pretende colocar no orçamento do ano que vem a instalação de ar condicionado nas salas de aula do município. Que assim seja!
Enquanto escrevia esse texto, o Gilson Souza falou em seu vídeo ao vivo que administração pretende colocar no orçamento do ano que vem a instalação de ar condicionado nas salas de aula do município. Que assim seja!
Bem,
mas já escrevi demais, agora, deixe me aproveitar meu ar condicionado que ta muito
bom aqui e se não fosse ele, talvez eu nem estaria aqui no quarto escrevendo
esse texto nesse dia tão quente!
Silvinho Coutinho