VERGONHA. Essa é a palavra que resume o que
eu tenho a dizer hoje. Não pela ingerência daqueles que aprovaram a concessão
de nossa água. Muito menos pelos abusos praticados pela empresa com o péssimo
tratamento de nossa água e esgoto. A VERGONHA sou eu.
Estive na última reunião do conselho popular
formado no intuito de lutar para reverter o péssimo negócio feito pela gestão
passada ao privatizar nossa água. Até aquele momento, acompanhava as discussões
virtualmente, obtendo informações isoladas e de pouca consistência, sendo que
minha indignação se dava mais pela conta de água cara e a água suja do que pela
consciência efetiva dos fatos.
Cheguei. Atrasado. Chegamos. Esqueci. Márcio
Antoniasi estava comigo. Ao correr os
olhos pela sala, logo notei algo errado. Não era a foto esquisita do senhor
Antônio com os vereadores que aprovaram a concessão em um cartaz. Nem o fato de
aquele prédio da estação ainda não ter sido restaurado e usado para promover a
cultua e a história de nossa cidade. O erro era eu. Jovem e letrado. Errado.
Logo após nossa chegada, mais pessoas chegaram.
Eram muitos. Nós, ainda poucos. Vou explicar. Com 10 minutos de reunião, pude
perceber que havia ali um perfil comum entre aquelas pessoas. Havia muitos
idosos, pessoas que, talvez, foram pioneiras dessa cidade. Muitos, certamente, com
pouquíssimo estudo formal (escola, faculdade...). Muitos que sobrevivem com
pouco, talvez com a miséria de um salário mínimo da aposentadoria. Alguns que
com problemas físicos, com dificuldades para se locomover até a reunião. Eles
estavam lá. Eram muitos. Nós éramos poucos. Dois ou três. Eu era um. Jovem,
Professor com mestrado, sem problemas de saúde, com carro. Apenas a primeira
reunião. Fiquei mudo. Era a minha vergonha.
Esses senhores e senhoras falavam de
política. Não a de Bolsonaro, FHC, Lula, Alckimin ou Feliciano. Era a política do povo. A política sincera. A política
da angústia daquele que, na mão desses citados, é apenas número, poeira pra
debaixo do tapete. Tive vergonha.
Saí de lá preocupado não só comigo. Saí
preocupado com minha geração. Apesar de estarmos inundando o mundo virtual com
revoltas de todos os tipos, não estávamos (ou não estamos) presentes na luta
real, no debate, na interação. Tenho medo de que as discussões virtuais, como
as no facebook, estejam criando uma geração alienada e iludida de que o virtual
seja suficiente para transformar o mundo.
Saí de lá pensando: e quando esses senhores e
senhoras se forem, o que será de nossa cidade, de nosso país, de nosso mundo? “#apocalipse#partiu”?
Amanhã, dia 16, 9 horas da manhã, na escola
do Bairro Nova Iorque, inicia-se uma série de palestras e debates sobre o
assunto, com objetivo de aumentar esse corpo popular de revolta e protesto,
tornando-o consciente para um provável plebiscito. Nós estaremos lá?
Samuel Carlos Melo, 24 anos.
a coisa é mais simples do que imaginamos, Merecmos o governo que temos! nós colocamos eles lá, simples assim.....
ResponderExcluirCaracas, Samuel, estou junto com o Roberto, o Men, Uederson, Albecyr e muitos outros nesta luta desde o início e há muito tempo tinha esperança de ouvir este "mea culpa" dos jovens castilhenses por não estarem ao nosso lado correndo atrás do prejuízo que herdamos dos incompetentes políticos. Parabéns pelo artigo. Acredito que ele possa servir como estopim para que outros jovens tomem consciência da importância de sua participação neste movimento popular em defesa de nosso Município!
ResponderExcluirNossa, esta postura me lembra quando acreditava que o futebol supriria minhas demandas na politica, depois fui observando que na verdade eu estava mesmo era na arquibanbcada da vida... desci pro campo e mesmo sem ser um jogador mediano busco cumprir minha obrigaçao, parabens...
ResponderExcluiracho engraçado, vocês perdem tanto tempo com mesmice.. com a "inteligência" que dizem ter deveriam saber que a empresa não vai sair, aos idiotas que votaram no Joni vão atras dele, pois o mesmo disse que se ganhasse a eleição, no dia seguinte iria para São Paulo para tentar tirar a empresa, aconteceu algo? ele fez algo? Quanta hipocrisia! Acordem, choque de realidade é isso e assim será, só se acostumem, pois todo ano terá um reajuste de leve como todas as outras coisas tem! E calma, paciência.. pois daqui 28 anos ela sai caso não renovem o contrato.. HA HA HA!
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