sexta-feira, 15 de março de 2013

Águas de Castilho: a minha vergonha



VERGONHA. Essa é a palavra que resume o que eu tenho a dizer hoje. Não pela ingerência daqueles que aprovaram a concessão de nossa água. Muito menos pelos abusos praticados pela empresa com o péssimo tratamento de nossa água e esgoto. A VERGONHA sou eu.
Estive na última reunião do conselho popular formado no intuito de lutar para reverter o péssimo negócio feito pela gestão passada ao privatizar nossa água. Até aquele momento, acompanhava as discussões virtualmente, obtendo informações isoladas e de pouca consistência, sendo que minha indignação se dava mais pela conta de água cara e a água suja do que pela consciência efetiva dos fatos.
Cheguei. Atrasado. Chegamos. Esqueci. Márcio Antoniasi estava comigo.  Ao correr os olhos pela sala, logo notei algo errado. Não era a foto esquisita do senhor Antônio com os vereadores que aprovaram a concessão em um cartaz. Nem o fato de aquele prédio da estação ainda não ter sido restaurado e usado para promover a cultua e a história de nossa cidade. O erro era eu. Jovem e letrado. Errado.
Logo após nossa chegada, mais pessoas chegaram. Eram muitos. Nós, ainda poucos. Vou explicar. Com 10 minutos de reunião, pude perceber que havia ali um perfil comum entre aquelas pessoas. Havia muitos idosos, pessoas que, talvez, foram pioneiras dessa cidade. Muitos, certamente, com pouquíssimo estudo formal (escola, faculdade...). Muitos que sobrevivem com pouco, talvez com a miséria de um salário mínimo da aposentadoria. Alguns que com problemas físicos, com dificuldades para se locomover até a reunião. Eles estavam lá. Eram muitos. Nós éramos poucos. Dois ou três. Eu era um. Jovem, Professor com mestrado, sem problemas de saúde, com carro. Apenas a primeira reunião. Fiquei mudo. Era a minha vergonha.
Esses senhores e senhoras falavam de política. Não a de Bolsonaro, FHC, Lula, Alckimin ou Feliciano. Era a política do povo. A política sincera. A política da angústia daquele que, na mão desses citados, é apenas número, poeira pra debaixo do tapete. Tive vergonha.
Saí de lá preocupado não só comigo. Saí preocupado com minha geração. Apesar de estarmos inundando o mundo virtual com revoltas de todos os tipos, não estávamos (ou não estamos) presentes na luta real, no debate, na interação. Tenho medo de que as discussões virtuais, como as no facebook, estejam criando uma geração alienada e iludida de que o virtual seja suficiente para transformar o mundo.
Saí de lá pensando: e quando esses senhores e senhoras se forem, o que será de nossa cidade, de nosso país, de nosso mundo? “#apocalipse#partiu”?
Amanhã, dia 16, 9 horas da manhã, na escola do Bairro Nova Iorque, inicia-se uma série de palestras e debates sobre o assunto, com objetivo de aumentar esse corpo popular de revolta e protesto, tornando-o consciente para um provável plebiscito. Nós estaremos lá?

Samuel Carlos Melo, 24 anos.

4 comentários:

  1. a coisa é mais simples do que imaginamos, Merecmos o governo que temos! nós colocamos eles lá, simples assim.....

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  2. Caracas, Samuel, estou junto com o Roberto, o Men, Uederson, Albecyr e muitos outros nesta luta desde o início e há muito tempo tinha esperança de ouvir este "mea culpa" dos jovens castilhenses por não estarem ao nosso lado correndo atrás do prejuízo que herdamos dos incompetentes políticos. Parabéns pelo artigo. Acredito que ele possa servir como estopim para que outros jovens tomem consciência da importância de sua participação neste movimento popular em defesa de nosso Município!

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  3. Nossa, esta postura me lembra quando acreditava que o futebol supriria minhas demandas na politica, depois fui observando que na verdade eu estava mesmo era na arquibanbcada da vida... desci pro campo e mesmo sem ser um jogador mediano busco cumprir minha obrigaçao, parabens...

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  4. acho engraçado, vocês perdem tanto tempo com mesmice.. com a "inteligência" que dizem ter deveriam saber que a empresa não vai sair, aos idiotas que votaram no Joni vão atras dele, pois o mesmo disse que se ganhasse a eleição, no dia seguinte iria para São Paulo para tentar tirar a empresa, aconteceu algo? ele fez algo? Quanta hipocrisia! Acordem, choque de realidade é isso e assim será, só se acostumem, pois todo ano terá um reajuste de leve como todas as outras coisas tem! E calma, paciência.. pois daqui 28 anos ela sai caso não renovem o contrato.. HA HA HA!

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