Acorda,
menino, dizia minha mãe.
O
celular havia despertado e João continuava a dormir. Se não fosse por sua mãe
teria perdido o horário de ir para o trabalho.
João
acorda às 6 da manhã e vai cambaleado até encontrar o interruptor e conseguir
acender a luz de seu quarto. Logo em seguida vai ao banheiro, vê sua cara
amassada pela a noite mal dormida no espelho, assusta-se, mas finge que é
normal. Escova os dentes, lava o rosto e volta para quarto ainda com sono. Mas
a vida de adulto imposta por um sistema de desigualdade diz que ele não pode
voltar para o aconchego da sua cama.
Então
ele veste sua roupa, pega sua mochila, seus óculos e sua carteira e caminha até
a rodoviária (o sistema diz que se João trabalhar duro, logo ele poderá ter seu
próprio meio de transporte). Mas enquanto isso não acontece João continua a
depender de um transporte público de má qualidade para chegar ao trabalho. Logo João pensa: “Eu estou trabalhando pouco
ou o sistema mentiu para mim.”
Assim
que chega à rodoviária, João inspira e expira fundo tentando manter-se calmo
diante da enorme fila que se forma e ele se pergunta: “Será que morreu alguém?
Será que estão distribuindo algo? Será inscrição para consegui uma moradia?”. Não!
São apenas trabalhadores que vão para seus respectivos empregos.
João
entra na fila indignado e vai resmungando com sua consciência até a porta do
ônibus, sobe os degraus, pega o dinheiro de sua carteira e o entrega ao
motorista. João espera pelo seu troco e o cartão. Ele recebe ambos, olha o
cartão, nada de mais, confere e o troco e pera lá! Tem algo errado aqui. Faltam
cinco centavos! João reclama ao motorista.
_ Faltam cinco centavos. O motorista olha
com ar de perturbação. Olha sua caixinha de moedas pega cinco centavos entrega
a João e diz:
_ Traga o dinheiro trocado! Não temos troco.
_ A responsabilidade não é minha. Garanta-me
um lugar para viajar sentado que eu trago o dinheiro trocado.
João
passa pela catraca, encosta-se em uma das poltronas aglomerando-se há tantos outros
trabalhadores e estudantes que saem cedo de suas casas e veem-se “obrigados” a
aceitar tamanho desrespeito. Paga-se caro por um transporte de má qualidade,
precário e com funcionários em muitas das vezes mal educados.
Não
é pelos cinco centavos, fazendo alusão as manifestações do ano passado, mas pelo respeito ao
cidadão que paga pelo serviço que utiliza. Este modo de produção injusto e
desleal chamado [capeta]lismo e seus ismos (alusão a outrem) acentua as
desigualdades, é desumano e estamos a mercê de seus mandos e desmandos.
Refiro-me neste texto a empresa de transporte Reunidas Paulista que transporta e
transborda desrespeito colocando em circulação ônibus em péssimas qualidades de
uso ofertando risco “gratuito” àqueles que assim como João dependem de seus
serviços. Mostro aqui a minha indignação perante os desrespeitos dessa empresa
quanto aos cidadãos castilhenses. Entretanto, assim como tantos outros,
estou de mão atadas perante o monopólio do transporte em nossa região. Estes
porcos enriquecem cada vez mais as nossas custas e o que querem é que nos
calemos e nos sujeitemos a tudo como cães com o rabo entre as pernas.
Rodrigo Costa
Otimo texto,reflete de fato o dia a dia do trabalhador que necessia do transporte coletivo em nosso pais,estado e regiao.Nao é apenas desrespeito, é expoliaçao do suor,trabalho e dinheiro publico.A empresa em questao é alvo ha muitos anos de denuncias pelos pessimos serviços.Mas onde estao as camaras municipais, as prefeituras que podem mudar esse quadro e nao o fazem?Alias, tambem eles para mudarem o a aberraçao precisam se articular, porque isolados sao pobres meirinhos levando recados de falsa indignaçao.A REGIAO PARA MUDAR ESTE QUADRO DE HUMILHAÇAO E AVILTAMENTO CONTRA AQUELES QUE DEPENDEM DO SERVIÇO DE TRANSPORTE COLETIVO SO MUDA ISSO COM GRANDE ARTICULAÇAO E MOBILIZAÇAO.Se for demepdner unica e exclusivamente da justiça, pode enfiar a viola no saco e continuar pagando essa merda coma vergonha de ser sacaneado e nadapoder fazer.Soluçao tem?TEM, mas quem tem coragem de empunha-la????Tem gente que acredita que,mudança e voltar ao passado com pessoas e praticas safadas.Mudança e ir pra rua, mobilizar, gritar, chamar atençao, denunciar ao povo pra que a justiça ouça, porque saber o que acontece ela sabe sim senhor.Tai, quem vai?
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