Bando de
vagabundos! Funcionário público fazendo greve?!
Como assim um
serviço geral querer passear na praça de alimentação do shopping? Que audácia!
Querer molhar o traseiro na água salgada do mar? Atrevidos! Andar de Adidas e
cursar medicina só tem graça se for exclusividade.
Não sou lá o
mais versado dos Opositores nessa área da luta de classes e afins. O pouco que
sei aprendi debatendo (contra) com meus pares de blog ou nas aulas da
licenciatura. Entretanto, essa situação de greve no funcionalismo castilhense
fez cair a escama que tapava meus olhos. Tenho visto abertamente essa luta
entre classes e o duelo pela manutenção do status
quo social existente.
Ainda falando
dos médicos, segundo as palavras do prefeito, a possibilidade de eles virem a
parar, pedir as contas ou afastamentos foi o fator preponderante para a
generosa bonificação de 40%. Ou seja, os médicos não se rebelaram, não
argumentaram, não exigiram nada. Pro caso deles, de repente, assim, ficarem
zangados, a prefeitura se adiantou e deu o aumento.
Mas serviços
gerais reclamando? Querendo ganhar como um doutor? Absurdo! Queimem na fogueira
esse herege!!! É um bruxo querendo mudar a ordem das coisas, trazendo esses
sortilégios pra desvirtuar a sociedade.
O que mais ouvi
por aí nas minhas conversas com amigos foi que esse movimento grevista é balela.
Funcionário público é tudo vagabundo e não salva quase ninguém! Vai trabalhar
na Mabel!, gritam alguns mais exaltados. E eu fico sem saber o que pensar. Quer
dizer que só porque a Mabel explora seus funcionários com jornadas absurdas e
salários baixíssimos, os funcionários de outros setores têm de se contentar com
qualquer trocado, acreditar em qualquer conversa fiada de que o limite do
aumento é mesmo aquele que dizem? Vamos mesmo nivelar por baixo?
E o que dizer
dos professores? Pouquíssimos aderiram. Por isso eu acho bom quando alguns do
estado vão pra capital tomar borrachada e spray de pimenta na cara. Não sabem o
valor da sua função na construção social. Crêem estar além da classe
trabalhadora. E aqui em Castilho, porque ganham um pouco mais (e, diga-se,
menos do que merecem) todos se acham diferenciados. Andar com gente que limpa o
chão, que carrega carga, que anda de bicicleta? Jamais!
Parece que
ninguém entendeu qual o motivo do levante. Se olhassem atentamente os rostos
dos grevistas saberiam que ninguém ali quer quebrar as finanças da prefeitura.
Todos sabem da responsabilidade que o prefeito tem perante a lei de
responsabilidade fiscal e o TCE. O que todos anseiam, a sede popular é por
IGUALDADE! Acreditem, formar uma revolução popular não é coisa simples de se
conseguir, não. Se chegou ao ponto que está é coisa que já vem se arrastando há
muito tempo.
O recorte social
é esse. A luta entre as classes está aí, atuante como sempre. Claro, nem todos
conseguem enxergar. Talvez por falta de empatia, talvez por falta de
identificação, ou talvez porque querem as coisas como estão. O povão, sem sofisticação, sem sobrenome, sem ouvir Caetano, segue unido, forte, brigador. E nós aqui do blog seguimos
sonhadores, idealistas, pregando um mundo onde não seja tão absurdo um doutor
andar de carro popular e um serviço geral sonhar com um futuro melhor.
Opositores
Perfeito!
ResponderExcluirbelo texto!
ResponderExcluirAPOIADO!!!! porém tem algo errado com o fim desta greve... e tudo fica no ar....
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