Calma! Hoje, o idiota sou eu. Quero fazer as pazes com
você, leitor. Reconheço que peguei pesado demais logo no primeiro texto.
Afinal, ninguém é obrigado a sofrer uma
opinião e ficar parado. Isso mesmo, eu disse sofrer uma opinião. Hoje, é ela, ou a falta dela, que nos faz
sofrer. Sim, eu sofro também. Nisso, eu e você até que somos parecidos. Em um
mundo literal demais, informado demais, decodificado demais, sapatênisado demais (como diria um amigo
meu) é uma injustiça exigir que você reconheça ironias ou que se aprofunde em
alguma reflexão. Eu sabia disso... Desculpe-me, eu fui injusto, amigo leitor. A
gente nem se conhece direito. Eu nunca te chamei para tomar uma chopp, ou dar
voltas na praça com uma lata, ou melhor, com uma long neck de Skol colada no peito. Quem sabe, depois disso, esfumaçar
um narguile e compartilhar memes no facebook? Certamente, começaríamos bem
melhor. Mas, uma coisa você tem que concordar comigo. Eu posso até ter errado
contigo, mas não mentido.
Nós nos acostumamos com a violência, com a corrupção,
com a injustiça social, mas nunca com uma sincera opinião. Opinar é ofender um
ignorante. Por favor, não se ofenda. É, eu sei, você não é o único. Eu também
me ofendo, às vezes. Mas é que nós nos alienamos demais. Ou nos alienaram
demais. Sabe, alienar, tornar-se
indiferente aos problemas sociais ou políticos, ou, ainda, como no marxismo,
tornar-se estranho a si mesmo, sem poder sobre os objetos que produz. Então,
quando nos chamam pra refletir, para sairmos da órbita que nos foi imposta, o
esforço nos incomoda. Falar, pensar, discutir de forma civilizada, é um
sacrifício que não dá lucro. É preferível gritar, bater, pedir o silêncio para,
depois, voltar ao computador ou à TV.
Como já disse o engenheiro Humberto Gessinger: “Você,
que tem ideias tão modernas, é o mesmo homem que vivia nas cavernas”. Eu acho
que concordo. Por isso peço desculpas para você, querido leitor. A evolução é
uma falácia. Ao menos para grande parte de nós. Só retiraram de nós as roupas
de peles de animais, os tacapes, as cavernas, e nos deram a tecnologia, o
dinheiro, as armas... Nossa língua nem é tão compreensível. Certa vez, na
faculdade, um professor, excelente linguista, disse-me que uma das hipóteses
para a origem da linguagem era a de que ela se iniciou na dor. Segundo ele,
foi ao expressar uma dor, com um “ai!”, que passamos a nos comunicar. De fato, nosso vocabulário
aumentou muito, mas, concorde comigo, em quase tudo que expressamos, ainda dificilmente
passamos desse “ai!”.
Samuel Carlos Melo
TITÃS - HOMEM PRIMATA
ENGENHEIROS DO HAWAIÍ - CRÔNICA
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