terça-feira, 30 de outubro de 2012

IDIOTA!



Calma! Hoje, o idiota sou eu. Quero fazer as pazes com você, leitor. Reconheço que peguei pesado demais logo no primeiro texto. Afinal, ninguém é obrigado a sofrer uma opinião e ficar parado. Isso mesmo, eu disse sofrer uma opinião. Hoje, é ela, ou a falta dela, que nos faz sofrer. Sim, eu sofro também. Nisso, eu e você até que somos parecidos. Em um mundo literal demais, informado demais, decodificado demais, sapatênisado demais (como diria um amigo meu) é uma injustiça exigir que você reconheça ironias ou que se aprofunde em alguma reflexão. Eu sabia disso... Desculpe-me, eu fui injusto, amigo leitor. A gente nem se conhece direito. Eu nunca te chamei para tomar uma chopp, ou dar voltas na praça com uma lata, ou melhor, com uma long neck de Skol colada no peito. Quem sabe, depois disso, esfumaçar um narguile e compartilhar memes no facebook? Certamente, começaríamos bem melhor. Mas, uma coisa você tem que concordar comigo. Eu posso até ter errado contigo, mas não mentido.
Nós nos acostumamos com a violência, com a corrupção, com a injustiça social, mas nunca com uma sincera opinião. Opinar é ofender um ignorante. Por favor, não se ofenda. É, eu sei, você não é o único. Eu também me ofendo, às vezes. Mas é que nós nos alienamos demais. Ou nos alienaram demais. Sabe, alienar, tornar-se indiferente aos problemas sociais ou políticos, ou, ainda, como no marxismo, tornar-se estranho a si mesmo, sem poder sobre os objetos que produz. Então, quando nos chamam pra refletir, para sairmos da órbita que nos foi imposta, o esforço nos incomoda. Falar, pensar, discutir de forma civilizada, é um sacrifício que não dá lucro. É preferível gritar, bater, pedir o silêncio para, depois, voltar ao computador ou à TV.
Como já disse o engenheiro Humberto Gessinger: “Você, que tem ideias tão modernas, é o mesmo homem que vivia nas cavernas”. Eu acho que concordo. Por isso peço desculpas para você, querido leitor. A evolução é uma falácia. Ao menos para grande parte de nós. Só retiraram de nós as roupas de peles de animais, os tacapes, as cavernas, e nos deram a tecnologia, o dinheiro, as armas... Nossa língua nem é tão compreensível. Certa vez, na faculdade, um professor, excelente linguista, disse-me que uma das hipóteses para a origem da linguagem era a de que ela se iniciou na dor. Segundo ele, foi ao expressar uma dor, com um “ai!”, que passamos a nos comunicar. De fato, nosso vocabulário aumentou muito, mas, concorde comigo, em quase tudo que expressamos, ainda dificilmente passamos desse “ai!”. 

Samuel Carlos Melo


TITÃS - HOMEM PRIMATA


ENGENHEIROS DO HAWAIÍ - CRÔNICA














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