sexta-feira, 11 de outubro de 2013

A Creche, o alicerce

          Para se construir uma casa é necessário começar pelo alicerce. Para que a mesma se mantenha firme, resistindo ao tempo, as intempéries e outros agentes nocivos a sua estrutura, é necessário primeiro construir uma boa fundação, cavando a terra, atingindo boa profundidade e utilizar os materiais necessários à sustentação de todo à edificação, como tijolo, cimento, cal, ferro, etc.
A partir dessa ideia, venho fazer uma associação entre a Educação Infantil, mais especificamente a Creche e a fundação de uma casa.
Nos últimos anos, as Creches tem se tornado instituições bem diferentes dos antigos “depósitos de crianças”, com o propósito de atender a necessidade das mães que trabalhavam e não tinham onde deixar a criança durante este período, ou para atender crianças que não tinham a possibilidade de alimentar-se adequadamente por pertencerem a famílias pobres, ou por estarem em situação de risco em suas casas, filhos de pais drogados, alcoólatras e afins, representando risco a saúde e vida dos pequenos. Nesta época as crianças não eram separadas por idade, não tinham acompanhamento pedagógico e estavam ali apenas por não terem outra opção.
Hoje as Creches adquiriram caráter educacional, de maneira que as crianças são separadas por salas, respeitando cada faixa etária. O atendimento vai além do assistencialismo, pois professores formados e preparados para ensinar são responsáveis pelo desenvolvimento do aluno.
Essa nova visão torna possível o desenvolvimento do intelecto, noções de amizade, companheirismo, autoconhecimento e descobertas que vão acompanhar o individuo durante toda vida como citado por Karina Rizek Lopes, coordenadora da Área de Educação Infantil da Secretaria de Educação Básica do MEC “Aprendem a ser e a conviver. É a fase do ‘como’: como eu escovo os dentes, como eu lavo as mãos, como eu seguro o lápis, como eu brinco, como eu corro, como eu pulo. Ou seja: ‘como sou’, ‘como devo ser’ e ‘como faço para ser’”.
Entretanto, o trabalho desenvolvido nas creches não é algo facilmente mensurável, pois não existem índices como o IDEB para demonstrar evolução, ou para comparação entre escolas ou Municípios e por este motivo geralmente não é visto pelas pessoas que não o acompanham de perto, porém não se pode negar a sua importância, pois é no Ensino Infantil que a criança tem o primeiro contato com o saber, de maneira que a mesma pode “pegar o gosto” por aprender ou não, dependendo de como for sua experiência. Por isso assim como um alicerce que não é visto depois da casa pronta, mas que é necessário para a sustentação, o Ensino Infantil pode ser a base que sustenta toda a aprendizagem futura, do primário ao ensino superior.
Mas nem todos enxergam essa importância e por ser difícil a demonstração de números, geralmente esta etapa da educação básica é deixada em segundo plano pelo poder público, que investe menos do que o necessário para garantir a quantidade de vagas demandadas e a qualidade do serviço prestado.
Castilho, como várias outras cidades do país, vem sofrendo com a falta de vagas para Creches, problema que foi agravado pelo descaso com o prédio da Creche Maria José Vieira Telles, como descrito no texto (http://osopositores.blogspot.com.br/2013/04/creches-de-castilho-entre-trapalhoes-e.html)  que fez com que a mesma tivesse que primeiramente oferecer atendimento inadequadamente em duas casas e agora atender no antigo prédio da EMEI Paulo Sérgio enquanto aguarda a reforma da Unidade, reforma esta que deverá ter um custo milionário.


Por atender em um prédio que também não foi desenvolvido para ser uma creche, apesar de melhorias e adaptações na estrutura, ainda há problemas de falta de espaço, falta de salas para deposito de materiais, cozinha para o berçário entre outras coisas, que dificulta o atendimento a toda a demanda por vagas.
Para tentar “maquiar” o problema, certas pessoas públicas e influentes, não tendo real noção das dificuldades enfrentadas por não terem o habito de visitar as instalações, agem irresponsavelmente orientando as mães e pais de crianças a procurarem a Unidade dizendo que “fulano” ou “sicrana” pediu para “dar um jeitinho” de conseguir uma vaga, como se por um passe de mágica ou pela simples vontade do político desejoso de fazer média a capacidade de atendimento pudesse ser aumentada.

Situação causada pelo mal planejamento. 

Embora o presente não seja o ideal e as dificuldades sejam muitas, aparentemente o futuro, ao menos em Castilho aponta para uma melhoria no que diz respeito ao aumento da oferta de vagas. Com o projeto de construção de mais duas unidades e a reforma do antigo prédio da Creche Maria José Vieira Telles, creio que seja possível atender a demanda por vagas em Creches.
Acompanhar e tratar o profissional da Educação Infantil como professor, investindo em sua qualificação profissional, cobrando seu empenho e incentivando-o a desempenhar bem o seu papel também é algo necessário para garantir a qualidade do serviço prestado, tornando mais eficaz a aprendizagem, sendo outro ponto positivo que aparentemente será desenvolvido em nossa Cidade
Como cidadão, torço muito para que tanto em relação a oferta de vagas quanto o acompanhamento e incentivo dos profissionais seja colocado em prática não só nas Creches mas em toda a Educação Infantil. Se realmente ocorrer, estarei aqui para aplaudir de pé, se não, cobrarei com a mesma energia.

  Silvio Coutinho

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