21 de outubro de 2013 entrou para a história como o dia em que ocorreu o
maior leilão para concessão de um campo de extração de Petróleo do Brasil. O
chamado Campo de Libra, localizado na Bacia de Santos, promete ser a maior
reserva de Petróleo e foi arrematado pelo consórcio formado pela Petrobrás
(Brasileira), Shell (Anglo-Holandesa), Total (Francesa) e CNOOC e CNPC
(Chinesas), por R$15 Bilhões, com repasse posterior de 41,65% do lucro obtido
com a exploração de petróleo.
Segundo estudos, a estimativa de óleo recuperável existente no campo está
entre 08 e 12 bilhões de barris, o que garantiria uma produção entre 01 milhão
á 1,4 milhão de barris/dia. Para se ter idéia do tamanho do potencial econômico
dessa nova área produtora, atualmente o Brasil produz cerca de 02 milhões de
barris/dia, de maneira que Libra representaria um incremento de cerca de 60% na
produção nacional.
Comparável ao tamanho do campo de Libra foi o embate noticiado pela mídia
entre diversos movimentos sociais contrários ao leilão, algo perfeitamente
previsível, já que esta imensa fonte de recursos, se bem empregada pode
significar a passagem de um pais emergente para um pais desenvolvido
economicamente e socialmente, já que 75% dos recursos obtidos serão por Lei
aplicados em Educação e 25% aplicados em Saúde.
Apesar das vozes contrarias o leilão foi feito, garantindo a participação
de 41,65% nos rendimentos conforme citado acima, além de impor através das
regras acertadas, no mínimo 37 % conteúdo nacional na fase de exploração, 55% na
primeira etapa de desenvolvimento e 59% na segunda etapa de desenvolvimento.
Mas não seria mais vantajoso a Petrobras explorar sozinha o campo de
Libra e o Brasil ficar com 100% da receita e não com 41,65%?
A resposta é não, pelo menos a curto prazo. Mas por quê?
Em primeiro lugar, por falta de margem disponível para investimento. Para
operar sozinha, a Petrobras teria que desembolsar R$ 15 bilhões para adquirir a
concessão da área mais cerca de 180 bilhões de dólares em investimento no
decorrer de 30 anos de contrato. Ocorre que com o aumento no consumo de
combustível em decorrência do crescimento da frota nacional, graças ao
incentivo dado a compra de automóveis, houve significativo aumento na demanda
por gasolina. Esse aumento fez com que a estatal tivesse que importar gasolina,
já que sua capacidade de refino chegou ao limite. Para não pressionar ainda
mais o quadro inflacionário que o país vem enfrentando, a empresa vem vendendo
a gasolina no mercado nacional a um preço menor do que o valor pago na compra,
comprometendo assim o seu fluxo de caixa, limitando sua capacidade de
investimento.
Mas por ser estatal, o Governo Federal não poderia injetar nosso rico
dinheirinho para garantir os recursos necessários à exploração? Novamente, a
resposta é não.
Diversas Agencias de Risco tem pressionado o Governo Federal,
ameaçando baixar as notas de avaliação da capacidade do país honrar suas
dividas. Isso ocorreu devido à expansão dos gastos com custeio da maquina
pública, além das desonerações fiscais e empréstimos a juros baixos e longos
prazos pelos bancos públicos visando à recuperação da economia. Isso fez com
que o Superávit Primário (economia feita para pagar os juros da divida pública)
tivesse uma queda de mais de 28% nos primeiros oitos meses do ano comparado ao
mesmo período do ano anterior, deixando de cabelo em pé os credores, cada vez
mais temerosos que o Brasil não tenha capacidade de honrar suas contas.
Sobre o Superávit Primário vale lembrar, que os R$ 15 bilhões que deverão
ser pagos em até um mês, ajudarão a amenizar as contas públicas, embora falte
muito ainda para que a meta de poupança de R$108,91 bilhões seja alcançada.
Esse cenário mostra que o país esta refém dos interesses do Capital e do Mercado, nacional e internacional, de forma que não temos “Soberania” financeira para atender totalmente o interesse da população brasileira. Esta “prisão” foi sendo construída por anos, principalmente a partir da década de 50 e posteriormente com a Ditadura Militar que, em nome de uma política desenvolvimentista, tomou emprestado volumosas quantias para financiar este modelo que provou não ser sustentável, gerando problemas que afetam o país ate os dias atuais.
Esse cenário mostra que o país esta refém dos interesses do Capital e do Mercado, nacional e internacional, de forma que não temos “Soberania” financeira para atender totalmente o interesse da população brasileira. Esta “prisão” foi sendo construída por anos, principalmente a partir da década de 50 e posteriormente com a Ditadura Militar que, em nome de uma política desenvolvimentista, tomou emprestado volumosas quantias para financiar este modelo que provou não ser sustentável, gerando problemas que afetam o país ate os dias atuais.
Por
estar inserido em um contexto capitalista, ir totalmente contra o interesse de
quem detêm o capital traz conseqüências graves para a economia do país, podendo
gerar uma ‘’propaganda negativa”, algo que certamente não é interessante para a
Presidente, que busca a reeleição, logo, achar um meio termo entre interesse
nacional, interesse do mercado e até mesmo interesse próprio, como no caso da
reeleição, certamente é o mais plausível.
Em um contexto como esse, onde o Estado sozinho não é capaz de
administrar o bem público, garantir que o interesse do mesmo seja garantido e
fazer as benfeitorias geradas pela exploração chegue à população deve ser o
principal objetivo do contrato.
Aparentemente, no caso do Leilão do Campo de Libra houve essa
preocupação, diferentemente do que vimos no caso “Águas de Castilho”, onde somente
o interesse da empresa, dos vereadores e prefeito que permitiram a concessão
foi garantido. Neste caso, a empresa ganhou super poderes para prestar o
serviço da maneira que quiser, cobrando o preço que a mesma bem entender, sem
contar que a prefeitura agora se vê obrigada a pagar um alto valor pela água
utilizada para a empresa. Certamente, se os responsáveis pela concessão da
água fossem os mesmos pelo Campo de Libra, o país no futuro teria que pagar
para a empresa explorar o petróleo e ainda comprar posteriormente o produto a
um preço absurdo.
Ainda bem que isso não aconteceu...
Silvinho Coutinho
Parabéns pelo texto, é importante refletir sobre os acontecimentos políticos do país e principalmente compara-los com os do nosso município.
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