Como anunciado no meu último
texto, estou longe do Paraíso. E não é um distanciamento unicamente físico, de
estar muitos quilômetros afastado. Sem internet, com uma rotina alterada e sem
muito saco, não tenho estado por dentro dos acontecimentos e dos ocorridos da
minha Castilho. Entretanto, dois fatos me chamaram a atenção sobre como
funciona a política, os políticos e suas prioridades.
Tudo na vida da gente passa pelas
prioridades. Elas costumam preceder as nossas escolhas. O que você tem como
prioridade, mesmo que seja aquela mais velada, escamoteada sob camadas e
camadas de convenções sociais, é o que vai te definir no futuro e o que te
define agora, segundo as prioridades que você teve outrora.
Há pouco tempo, creio que no final
do ano passado, a Caixa Econômica Federal resolveu fincar raízes na nossa
metrópole. Bom pra gente, porque viver de Bradesco é desolador. Ouvi rumores
que ainda esse ano inauguram a agência. Rápido, eficiente e útil! Atributos não
muito comuns em ações governamentais.
Por outro lado, esse final de
semana, sábado sem não me engano, houve uma manifestação dos moradores no
bairro Nova York por melhorias no local, mais especificamente pela finalização
do asfalto em umas poucas ruas que, não sei por qual motivo, ficaram esquecidas
lá no fundão.
O Nova York é, sem fazer muitos
rodeios, uma bomba relógio! Foi feito sem qualquer planejamento social,
jurídico ou moral. Não sei como se pode imaginar que fazer um bairro longe do
centro e, conseqüentemente, dos serviços públicos essenciais, poderia dar
certo. Já assistiram Cidade de Deus? É bem aquilo lá, só que em menor
proporção. Alguém pensa: joga a pobraiada pra longe que a cidade fica bonita.
Só que não é assim que funciona. Daí, um dia (e ele sempre chega), aquele que foi
marginalizado, ignorado (exceto, por óbvio, nas eleições) vai querer seu
espaço.
Pode vir alguém me dizer que a CEF
não é serviço genuinamente público, que é empresa pública e, portanto, tem lá
seus trejeitos de pessoa jurídica de direito privado. Pura inocência! Umas ruas
esburacadas onde quase ninguém vê, onde há pessoas que, igualmente, ninguém vê,
nunca vai ser prioridade pra governantes que entram pensando em reeleição, em
pagar dívidas de campanha, em fazer caixa dois, ou, apenas, fazer do seu filho
um “dotô”. Um banco, com seus lucros bilionários, não passa despercebido.
E, só pra constar, em Castilho nem
“dotô”, “fessô”, ou “rei da selva” podem se orgulhar muito dos rumos que a
cidade tomou no âmbito social e do seu papel com relação ao Nova York. As
prioridades do passado podem ser vistas hoje sem qualquer dificuldade. Aliás,
acho que o único legado da administração passada foi deixar o povo muito
insatisfeito e pronto para uma revolta. Cabe à atual saber contornar essa
herança e dar à cidade um andamento que melhor atenda à coletividade.
Bem, assim como nossa história
pessoal é fruto de nossas prioridades e escolhas, a cidade, um organismo vivo,
é fruto das prioridades e escolhas dos nossos representantes, seja na esfera
que for. Um banco, nesse nosso sistema, é algo importante. A CEF, pra quem
precisa de financiamento imobiliário, é uma mão na roda. Entretanto, nunca pode
ser maior que saneamento básico, água, luz e qualidade de vida pra
coletividade. Temos que ter sempre em mente que banco só dá lucro pra meia
dúzia de pessoas. Não passa disso! Uma cidade bem estruturada, pensada, feita e
conduzida para o bem de todos é certeza de um futuro bem mais confortável e
amistoso.
Márcio
Antoniasi
caixa econômica federal é um investimento 100% federal não tem nada haver com o município. se a obra andou rápido é porque já estava previsto, e outra, desde quando banco quer perder tempo?
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