Estava estudando a história econômica
do mundo, quando li um texto interessantíssimo sobre um pais vizinho, “hermano”
nosso, que para minha surpresa, há pouco mais de um século era uma das 10
maiores economias do mundo, a queridinha da América do Sul, que caminhava ao
lado dos EUA como principais potencias econômicas do Novo Mundo. Ambos tinham
prestigio mundial, tinham uma economia forte, produziam riquezas, mas com o
passar do tempo, podemos observar que no presente, os EUA se tornaram a maior
economia do mundo enquanto a Argentina convive com constantes crises, sendo
apenas um país coadjuvante, sem muito prestigio ou visibilidade externa. O que
o texto mostra é que as escolhas tomadas pelos governantes desses dois países,
no decorrer de mais de um século é que fizeram com que ocorresse esse
distanciamento que naquela época era impensado.
Segundo o autor, enquanto os EUA
utilizaram o dinheiro excedente gerado pelos seus recursos naturais e
agropecuários para investir na indústria e diversificação da atividade
econômica, a Argentina, preferiu utilizar os grandes recursos financeiros
advindos principalmente da exportação de carne, para construir uma nação
semelhante às nações europeias, com arquitetura europeia, consumindo produtos
produzidos na Europa, como são comuns nas nações Latino-Americanas.
Enquanto os EUA através da dinâmica
econômica geravam empregos e assim davam condições para o crescimento
individual, facilitando uma maior mobilidade de classes, a Argentina preferiu
manter concentrada a riqueza nas mãos de poucos fazendeiros, deixando a maior
parte do povo à margem, para ser explorado a um baixo custo.
Enquanto os norte-americanos se
esforçaram para o Estado intervir o mínimo possível na econômica, rejeitando a
ideia de serem dependentes do mesmo, os Argentinos preferiam o apadrinhamento,
os favores e a dependência. Em resumo, esses são os principais motivos porque
hoje os EUA são ricos e a Argentina não, mesmo ambos sendo ricos há pouco mais
de um século, pois a Argentina se acomodou com o dinheiro fácil da exportação
de carne enquanto os EUA buscaram ir além (eu sei que a riqueza Americana
também foi obtida ao custo do imperialismo, guerras, entre outras coisas, mas
para o texto só me atenho à base).
Mas o que isto tem a ver com a minha
cidade, você pode se perguntar. Te respondo que as semelhanças são varias.
Nossa cidade, assim como a Argentina do
século XIX tem um recurso que gera muita riqueza para a cidade, que no nosso
caso não é a carne, mas sim a energia elétrica, que possibilitou segundo ouvi
um orçamento público de cerca de R$ 70 milhões em 2012. Assim como a Argentina,
o dinheiro em Castilho foi usado primeiramente para construir uma cidade
bonita, pintada, arrumadinha (nada contra, ate porque sou um dos defensores de
deixar a cidade bonita). A população de Castilho, em grande parte, assemelhasse
a Argentina, pois tem uma preferencia pelo apadrinhamento, pois é comum
ouvirmos pessoas dizendo que gostariam de conseguir algum cargo de confiança,
que ganhe bem e que trabalhe o mínimo possível, para ele ou para algum parente,
ou um aumento de salário, não se importando que a verdadeira riqueza gerada,
esta sendo utilizada para construção de casas milionárias, compra de fazendas,
bois, carros, casas para alugueis no jardim alvorada e afins. Como os
argentinos, nos contentamos com as migalhas oferecidas, enquanto o banquete é
deliciado pelos marajás. Não pensamos que se este recurso fosse utilizado em
educação, infraestrutura, ou algo que fizesse da cidade um lugar atrativo,
poderíamos conseguir empregos bem melhores para nós, nossos filhos e parentes,
e ao depender menos do assistencialismo poderíamos votar melhor, sem as
algemas.
Porém como a Argentina que era rica,
mas ao se acomodar não procurou utilizar essa riqueza para criar condições
melhores para a economia, nossa cidade toma o mesmo rumo. A carne um dia deixou
de ser uma fonte de grande riqueza, e com isso a Argentina quebrou. Confiar
somente na energia elétrica também poderá ser nossa ruina, pois se um dia a
arrecadação por algum motivo diminuir, veremos um colapso na cidade, pois
certamente várias pessoas perderão seus “empregos”, o comercio então diminuirá
seu faturamento, causando mais demissões, e isso em cadeia gera uma pequena
crise econômica municipal.
Silvio Coutinho
A verdade é que quando alguém precisa de algo esta pessoa quer que todos se mobilizem, porém quando não é a classe dela a ser atingida, o protesto já não faz mas tanto sentido. O que eu quero dizer é que, não é que o castilhense se acomodou ele nasceu acomodado e individualista como "quase" todo brasileiro.
ResponderExcluirQue bom seria se toda a nossa comunidade tivesse uma visão futurista como a sua Silvinho, mas enquanto Há vida Há esperança. Parabéns pelo texto.
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