sexta-feira, 5 de abril de 2013

Creches de Castilho: entre trapalhões e faraós


  Dias atrás eu estava fazendo um tour pelos confins do bairro Laranjeiras quando me deparei com uma enorme construção. Pela grandeza, logo vi que se tratava de uma obra pública e fui pensando: "não é possível que, em pouco mais de quatro meses de mandato, Joni já esteja fazendo o que mais gosta de fazer: construir”. Não, felizmente (infelizmente) não era uma obra dele. Tratava-se da construção de uma nova creche no bairro Laranjeiras, obra do ex-prefeito, como fui informado, posteriormente. Ou seja, apesar de faraônica, não era do faraó... Ufa!
  Carreguei a imagem daquela obra para casa, encanado. Afinal, qual o sentido de se ter uma creche tão próxima de outra? Lembrei-me da reclamação de uma amiga, que é mãe e trabalhadora, moradora do Castilho I, e que estava enfrentando dificuldades de conseguir uma vaga para sua filha na creche próxima de sua casa. Lembrei também que essa creche, Maria José Vieira Telles, estava passando por uma reforma já há algum tempo. Encucado com tudo isso, resolvi pesquisar os motivos dessa obra, assim como o seu andamento, para tentar encontrar uma lógica para ter duas creches tão próximas em um só bairro, enquanto há falta de vagas na outra que atende ao centro e aos demais bairros (Nova York, Castilho I e II, Musa Telles, Paulo Sérgio). O que encontrei, principalmente sobre a reforma da creche Maria José Vieira Telles, é tão absurdo quanto construir uma pirâmide no lugar do coreto da praça...

    “Falta de planejamento”, resumiu um de meus informantes. Há algum tempo, a Creche Maria José Vieira Telles vem enfrentando problemas sérios em relação a vagas. Como se não bastasse, ano passado, a Prefeitura Municipal resolveu trocar o telhado da Creche e a estrutura que o sustentava, por apresentarem problemas que geravam verdadeiras cachoeiras nas paredes do prédio quando chovia forte. Nada anormal, por enquanto. No entanto, eis que surge a trapalhada: a troca do telhado, que estava prevista para julho, mês de inverno, pouco chuvoso, foi acontecer só em outubro, época que, se tivessem consultado minha avó, saberiam que é quando se inicia um dos períodos mais chuvosos do ano. Resultado: Devido às chuvas e, evidentemente, à falta de telhado, as portas de madeira empenaram, sendo, agora, necessária a troca. O piso do pátio rachou, as paredes estão emboloradas e os armários de maneira se tornaram cachoeiras, minando água constante, sendo, agora, necessária uma nova reforma que demorará mais alguns meses, ou, talvez, anos para acontecer, podendo representar um desperdício de recursos que poderiam ser mais bem utilizados, uma verdadeira catástrofe financeira. 
E ainda não é tudo. Em decorrência dessas trapalhadas, a execução da obra, que estava prevista para durar entre 40 a 60 dias, já dura mais de cinco meses. Com isso, houve a necessidade de mudança do atendimento da creche para duas casas, no centro da cidade, pagas, obviamente, com dinheiro público, para poder receber as crianças matriculadas, que, além de gerar gastos com aluguéis, não são apropriadas para recebê-las, pois, afinal, ninguém, em sã consciência, constrói uma casa imaginando que ali, em um belo dia, poderá servir de creche (a não ser que ele seja o Eddie Murphy, com sua “Creche do Papai”).

Posto isso, qual o intuito de se construir uma creche, no mesmo bairro, tão próxima de outra, recentemente reformada, se existe apenas uma creche para atender a população dos bairros Nova York, Castilho I e II, Musa Telles, Paulo Sérgio, além do Centro, em local inadequado e com dificuldades para atender a demanda? Será a demanda do bairro Laranjeiras maior do que a da população dos outros bairros somados para justificar isso? Ou será que... deixa pra lá. E essa trapalhada na reforma da Maria José Vieira Telles? Vai ficar barato? Acho que só para os trapalhões...
  Enfim, esse é o panorama que contemplo, sem, ainda, conseguir decifrar sua lógica. Ajudem-me a entender. Reflitam. Questionem. Questionem-se. Façam as contas. Ou façam de conta.

                                                                                                                               Samuel Carlos Melo

Leia, também, meu último texto: "Águas de Castilho: a minha vergonha" http://osopositores.blogspot.com.br/2013/03/aguas-de-castilho-minha-vergonha.html

9 comentários:

  1. Samuel, não vou conseguir sanar todas as suas dúvidas mesmo sendo uma professora do quadro de CRECHE... em relação a construção da creche do bairro Laranjeiras o que foi nos informado é que haviam conseguido uma verba pra construir uma creche em substituição a que já existe pois, a mesma tem salas inadequadas mesmo depois da reforma... pra se ter idéia, tinha uma sala de aula que a tampa do esgoto ficava dentro da sala... e que então seria mais barato e prático construir um novo prédio... agora em relação a Creche Maria José Vieira Telles... até onde eu sei e provo, o primeiro documento oficial entregue a Prefeitura foi em fevereiro de 2009, feito por mim, nele já estava explicitado todas as necessidades de reforma e adequação do prédio e mobiliário também...depois sei que foram enviados outros documentos, mas enfim, a fala de que iria ser feito algo só veio no começo de 2012 e seria em junho/julho e devido "aos tramites" só saiu em outubro que como vc mesmo disse, todos sabemos que é um período de chuva... e o pior, agora não se sabe qdo será resolvido sobre tudo que não estava previsto na obra...pq só foi licitado o TELHADO... Estamos atendendo em situação precária em casa sem condições de atendimento, quase nada conseguimos adaptar se for analisar de verdade... e com isso sofre alunos, professores e os demais da equipe... só um exemplo: Haja coluna pra dar banho em vários alunos em "banheiros comuns"...
    Samuel, muito obrigada por publicar este texto tão coerente com a nossa situação. Dani Almeida

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  2. Nossa, Dani! A situação é pior do que eu imaginei! Temos que divulgar essa situação e pedir providências do novo governo! Eu que te agradeço pela leitura!

    Abraços!

    Samuel

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  3. Samuel, sempre questionei com várias pessoas daqui do município "COMO FAZEM ISSO COM OS ATENDIMENTOS EM CRECHE, SEM O PARECER DO CONSELHO DE EDUCAÇÃO" isso nunca poderia acontecer sabia?, existem regras, e além são pessoas, gente, é horrível ver tanto descaso com as crianças e profissionais deste município, outra coisa aquela EMEI em uma esquina, avenida, olha o perigo, sera que vão contratar segurança de transito para as passagens das crianças?

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  4. Ao que me consta, a intenção inicial da construção da nova creche no bairro Laranjeiras era de desativar o predio atual que, alem de salas inadequadas, não atendia a demanda e substituí-lo. De forma que atenda as especificidades da faixa etaria 0 a 3, amplie o atendimento a todas as familias interessadas em uma educação de qualidade para seus pequenos.

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  5. Se foi esse o intuito anônimo, mais uma demonstração de desperdício de dinheiro público pois se iria desativar o prédio antigo, porque reformá-lo então com foi feito?

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  6. Depois que o atendimento da Creche Maria José Vieira Telles passou a ser nessas duas casas com estruturas precárias, tem sido motivos de reclamações constantes dos pais de crianças matriculadas, pela sensação de insegurança em deixar seus filhos nesses lugares com total falta de infra-estrutura, e inadequados para o atendimento dos mesmos.
    As crianças passam maior parte do dia nestes locais e permanecem expostas a uma gama de fatores determinantes para o surgimento de doenças prevalentes na infância,as condições em que se encontram essas "creches" favorecem o surgimento de agravos à saúde dos alunos devido a precariedade das instalações dessas casas que estão atendendo os mesmos.
    Além da precariedade, outros elementos referentes à infra-estrutura atingem tanto a saúde física quanto o desenvolvimento integral das crianças. Entre eles está a inexistência de áreas externas ou espaços alternativos que propiciem às crianças a possibilidade de estar ao ar livre, em atividade de movimentação ampla, tendo seu espaço de convivência, de brincadeira e de exploração do ambiente enriquecido.
    Os estragos causados pela chuva comprometeram a reforma da creche Maria José Vieira Telles e segundo a própria Diretora do Departamento municipal de Educação, essa creche só voltará o seu funcionamento em 2014, e enquanto isso quem sofrerão as conseqüencias são nossas crianças.
    Espero do fundo do meu coração que providências que venham melhorar esta situação sejam tomadas, e, por conseguinte melhorar abruptamente a qualidade do atendimento desses inocentes.

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  7. Depois que o atendimento da Creche Maria José Vieira Telles passou a ser nessas duas casas com estruturas precárias, tem sido motivos de reclamações constantes dos pais de crianças matriculadas, pela sensação de insegurança em deixar seus filhos nesses lugares com total falta de infra-estrutura, e inadequados para o atendimento dos mesmos.
    As crianças passam maior parte do dia nestes locais e permanecem expostas a uma gama de fatores determinantes para o surgimento de doenças prevalentes na infância,as condições em que se encontram essas "creches" favorecem o surgimento de agravos à saúde dos alunos devido a precariedade das instalações dessas casas que estão atendendo os mesmos.
    Além da precariedade, outros elementos referentes à infra-estrutura atingem tanto a saúde física quanto o desenvolvimento integral das crianças. Entre eles está a inexistência de áreas externas ou espaços alternativos que propiciem às crianças a possibilidade de estar ao ar livre, em atividade de movimentação ampla, tendo seu espaço de convivência, de brincadeira e de exploração do ambiente enriquecido.
    Os estragos causados pela chuva comprometeram a reforma da creche Maria José Vieira Telles e segundo a própria Diretora do Departamento municipal de Educação, essa creche só voltará o seu funcionamento em 2014, e enquanto isso quem sofrerão as conseqüencias são nossas crianças.
    Espero do fundo do meu coração que providências que venham melhorar esta situação sejam tomadas, e, por conseguinte melhorar abruptamente a qualidade do atendimento desses inocentes.

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  8. Não bastasse todos esse atropelos que andam acontecendo nas creches de Castilho a Diretora do Departamento de Educação pretende manter os Professores de Creche somente no período da manhã, e no período da tarde contratar auxiliares de creche, ficando o professor com o educar e o auxiliar com o cuidar, separando assim um do outro, o que segundo o MEC deve ser inseparável.
    Auxiliares de creche, NÃO ! ! ! ! Somos Professores ! ! !
    E agora o Prefeito Joni trouxe a laço essa Diretora de departamento de Educação de fora(Sud Mennucci) que mal conhece a realidade das creches de nossa cidade, e já chega aqui querendo mudar tudo, querendo que Castilho se espelhe nessa outra cidade onde ela também foi diretora da Educação. O que ela tem que entender é que são cidades diferentes com realidades diferentes! Ela pretende fazer concursos para auxiliares de creche com a exigência de apenas nível fundamental ou médio, com o intuito apenas de que auxiliares de creche recebem bem menos que professores de creche( que também não ganham lá grande coisa), porque a "prefeitura" tem que cortar gastos. Agora me diga uma coisa, pra quem tá querendo cortar gastos, vocês não acham que eles estão agindo errado a começar por essas obras e reformas pùblicas inacabáveis???
    Os auxiliares de creche exercem atividades de docente, pois as creches de fato fazem todo o trabalho pedagógico, porém tem os salários e direitos bem inferiores aos dos professores.
    Venhamos e convenhamos que há muitos outros setores e cargos públicos, principalmente muitos cargos de confiança que são supérfluos e que nestes casos sim deveriam se cortar gastos, mas infelizmente a corda sempre arrebenta do lado mais fraco, e nesse caso o lado mais fraco são os pobres professores de creche, que são a classe mais oprimida, mais desvalorizada da Educação.

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