segunda-feira, 1 de abril de 2013

Senhores e vassalos


E aí, o que vc vê de estranho na foto?!

Semana passada Castilho foi sacudida com a notícia de que os médicos do CIS receberão uma gratificação de até 40% pra cumprir na íntegra o horário de trabalho e olhar pra nossa cara quando atenderem e receitarem o santo diclofenaco. Ao mesmo tempo, depois de anos de luta e trabalho incessante, as empregadas domésticas terão, finalmente, alguns dos direitos constitucionais que o ex-presidente Getúlio Vargas, o pais dos pobres, já nos havia dado há tempos.
Por séculos temos sido dominados pelos doutores (das leis e da medicina) e subjugados como menores, seres sem muita importância. As barreiras para se tornar um doutor das leis tem sido aos poucos derrubadas. Não é freqüente, mas já vemos alguns pobres atingindo o alto escalão jurídico nacional, como, por exemplo, o Joaquim Barbosa. Na medicina, o buraco é mais embaixo. Ali ainda não vemos muitos pobres e negros trajando branco. Como disse meu amigo Dóri, ainda temos a medicina ou como ferramenta de manutenção do status quo burguês ou como um trampolim social.
As empregadas domésticas, por sua vez, estão na lida desde que o mundo é mundo, mas seu ofício descende da escravidão, da servidão. Enquanto as senhorinhas liam romances e os homens aprendiam filosofia, elas limpavam e cozinhavam. Temos, todavia, mudado (muito paulatinamente, claro) agora alguns dos paradigmas com relação a essa profissão, principalmente com a aprovação dessa extensão de direitos às domésticas.
Luta para receber pelo que trabalham!
Que situação! Os médicos aqui ganham cerca de oito paus pra trabalhar quatro horas por dia. Não cumprem esse horário e não recebem qualquer desabono ou repreensão. Aliás, vão receber um prêmio, um bônus pra cumprir aquilo que já consta no contrato de trabalho. As domésticas, por outro lado, as vezes até moram nas casas de seus patrões,  trabalham bem mais que a jornada diária estipulada em lei e não tinham (agora tem) nem direito a horas extras. Triste!
Quando será que vamos mudar esse quadro? Claro, sei bem que essas duas classes não vão jamais receber o mesmo valor pelo respectivo trabalho. Nem é isso que deveria acontecer. Mas gostaria de saber quando essa elitização de certas profissões vai acabar. Saber se meu filho vai ter a mesma chance de cursar medicina que tem o filho do latifundiário. Saber, igualmente, quando vamos tratar todas as profissões com a mesma dignidade, tendo consciência de que as diferenças naturais entre elas não podem ser desculpa para aberrações com essa que estamos vendo. Meu Deus, pagar pro cara cumprir horário! Já tomei desconto por atrasar 15 minutos.
Bom, comentar qualquer coisa que seja sobre esse aumento abusivo recebido pelos doutores da medicina me parece besteira. É tentar tapar o sol com uma peneira. Temos aqui um tratamento diferenciado e benéfico pra gente que não está nem aí pra se você vai ou não melhorar, contanto que no final do mês ou da consulta entre a grana alta.

Márcio Antoniasi

5 comentários:

  1. O problema é que enquanto o governo dê as cartas, este curso de Medicina no Brasil continuará tendo situações discrepantes. Mas, a entrada na universidade não tem muito há ver com questão de etnia e renda, mas sim quanto a competência. Se o pobre e o preto tiver competência intelectual para ingressar, com certeza cursará normalmente o curso. O Enem esta aí para tentar resolver esta questão de cotas. Agora querer entrar no grito, e levantando só a bandeira dos excluídos, com certeza terá mesmo dificuldade. Porque exclusão não anula o Ter competência.

    Veja este arigo: Estudante de medicina que usou Fies poderá pagar o financiamento exercendo a profissão em municípios pobres

    Carrolina Pimentel - Repórter da Agência Brasil

    Brasília – O médico que usou o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) para cursar a faculdade poderá quitar a dívida exercendo a profissão em municípios com pobreza extrema e em especialidades consideradas prioritárias pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

    De acordo com a Portaria 1.377, publicada ontem (14), o médico que ingressar em equipes do Saúde da Família poderá abater 1% da dívida a cada mês de trabalho. Se quiser continuar no programa por mais oito anos e quatro meses, quitará o total do saldo devedor, inclusive juros. O profissional que optar pela residência médica em uma especialidade prioritária do SUS terá o prazo de carência do financiamento estendido por todo o período da residência.

    O benefício é uma tentativa do governo em atrair médicos para regiões onde há falta desses profissionais. A portaria traz os critérios para a escolha das regiões, entre eles, percentual da população sem plano de saúde, renda por habitante, número de moradores em extrema pobreza, beneficiários do Programa Bolsa Família, parcela da população que reside na área rural e oferta de leitos hospitalares. Em 30 dias, o Ministério da Saúde deverá divulgar a lista com os municípios e as especialidades médicas prioritárias.

    Desde março deste ano, professores que atuam na rede pública e querem fazer um curso superior podem usar esse mecanismo para pagar o financiamento. Para aqueles que já estão na carreira, o tempo em que estiver fazendo o novo curso e trabalhando em escola pública passa a contar para o abatimento da dívida.

    Edição: Aécio Amado
    http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2011-06-15/estudante-de-medicina-que-usou-fies-podera-pagar-financiamento-exercendo-profissao-em-municipios-pobr

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  2. Os professores lutam por seus direitos, as domésticas têm quem lute por elas, os médicos, o mesmo. Pô, professor, como o próprio Samuel, vive criticando o fato da classe ser desvalorizada já que é tão importante, pois trata da educação, o dito futuro do país. Pra saúde não seria o mesmo? Falta luta dos professores, ou quem lute por eles? Falta regalias ou importância dada a eles? Saúde é básica, né? Educação também. Eleja um líder, ora pois...

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  3. Os cerca de 3 milhões de professores de Educação Básica no Brasil, formadores de opinião, têm diante de si uma clientela composta de crianças, jovens e adolescentes por muito mais tempo do que qualquer outra categoria e, até mesmo que os próprios pais deste público. No entanto a classe é bastante desvalorizada e diga-se que até mesmo menosprezada por outras categorias, a dos políticos por exemplo. Eis algumas perguntas a respeito de magistério: Por que os índices da educação piora a cada ano? Por que o salário do docente é um dos piores, se comparado com outras classes de trabalhadores? E por que, se são formadores de opinião, que esta categoria não faz nada para mudar esta situação?

    São várias as respostas. Mais para ser breve, pois uma pesquisa realizada em 2004, mostrou que 40% dos professores não têm o hábito de ler, serão dadas algumas respostas: Os índices de aprendizagem do alunado brasileiro caem a todo ano devido às políticas governamentais de ensino, ou seja, os municípios são orientados a alcançar números exorbitantes na aprendizagem. Os professores se aproveitam disso para exercer sua função de forma descompromissada, uma vez que este já está descontente com o sistema. Em contrapartida, o salário desta classe é muito abaixo, se comparado a de outros trabalhadores. Depois da descontinuidade administrativa, uma das principais causas da desvalorização dos professores e do caos pelo qual atravessa a Educação do país é a quantidade de não-professores (inflam qualquer folha de pagamento com seu alto salário) que atuam dentro e fora das salas de aula e, a fraqueza primordial dos professores (limitando-se
    uma minoria de qualidade que merece ser respeitada) é a desunião, a “cara dura” com a qual se vende facilmente a “prefeitinhos” que sequer possui nem ao menos um grau de escolaridade elevado, como todos que já passaram feito um arrastão infernal, por este município. Está na hora de mudanças, estas antes, deverá ser feitas no interior do seu EU. Nunca será valorizado professores e melhorar a Educação no Brasil se a categoria não se unir e colocar a mão na massa, parar reclamar de longe e partir para a “luta” em prol do bem comum.

    Se soubessem a força que tem individual e as juntasse, talvez as coisas andassem bem melhor para todos. (Gregório Bezerra)

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  4. Castilho está muito longe de saber o que é luta de classes. Se soubesse teria um sindicato sério, que lutasse pelo direito de seus sindicalizados.

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  5. sindicato daqui é comprado...e os que se metem em ser sindicalistas, muitas vezes estão preocupados com o próprio umbigo

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