domingo, 29 de setembro de 2013

ALL e Cab Ambiental: dessas empresas parasitas


É fato, o mundo vive um momento de grande parasitismo do capitalismo. Parasitismo esse no sentido do capital captar do Estado as garantias de lucratividade que o sistema por si próprio não é mais capaz de oferecer.
Exemplos disto são vários, no entanto, fiquemos com alguns casos mais atuais, como a recente realização de leilões do governo federal na tentativa de terceirizar a exploração de rodovias federais e de poços de petróleo do chamado Campo de Libra, onde estão parte dos recursos minerais do propagandeado pré-sal.
 Estes leilões fracassaram e a justificativa do empresariado e da grande mídia é a de que as condições não eram suficientemente satisfatórias. Na verdade os contratos previam investimentos da iniciativa privada nestas concessões, o que tornou o negócio pouco atrativo.
Se considerarmos os moldes de como têm sido feitas as privatizações no país é fácil perceber que os empresários querem assumir concessões de serviços públicos sem precisar fazer qualquer tipo de investimento.  Na visão destes ‘empreendedores’ é o Estado quem deve promover todos os custos do negócio.
Por estas bandas da Noroeste Paulista não é difícil notar exemplos desta política. A privatização da ferrovia que passa pela região demonstra isso.  Por exemplo, no último dia 17 de setembro ocorreu mais um descarrilamento de trem da empresa América Latina Logística – ALL, onde onze vagões carregados com aproximadamente 500 mil litros de diesel tombaram próximo ao distrito de Paranápolis.
Tudo indica que a razão para o acidente teria sido a má conservação da estrada de ferro. Provavelmente, dormentes que deveriam ser trocados e não foram.
Não é a primeira vez que os acidentes com trens da ALL aterrorizam a população da região. Em 1999 outro descarrilamento da mesma empresa provocou o incêndio de milhares de litros de combustível em uma área próxima ao perímetro urbano de Andradina-SP, ferindo algumas pessoas e apavorando a cidade inteira, tamanha a proximidade com a área urbana.
Ao que tudo indica, manutenção de rede férrea não é o forte da ALL, basta ver as freqüentes noticias de descarrilamento. A histórica ponte ferroviária Francisco de Sá, inaugurada em 1926 e que liga o estado de São Paulo a Mato Grosso do Sul, está praticamente abandonada, onde a ferrugem corrói suas barras de aço.
O ramo de atividades da ALL não parece ser o dos menos lucrativos, ao ponto que impeça investimentos. Em maio deste ano o site do Jornal Impacto divulgou matéria que trata da retirada dos trilhos do centro da cidade de Andradina-SP. No artigo é destacado o fato de a prefeitura andradinense cobrar da ALL uma indenização de “R$ 50 milhões, que representa 1% do lucro anual da empresa”.
Ou seja, trata-se de uma empresa com margem de lucro que gira em torno dos 5 bilhões de reais por ano, mas, ainda assim, não quer dizer que vá cumprir com a mínima obrigação de zelo pelo patrimônio herdado nestas concessões de serviços públicos.
Para se ter uma idéia do parasitismo estatal que se vive, a retirada da linha férrea do centro da cidade de Três Lagoas-MS está sendo feita pelo governo de MS, juntamente com o DNIT. Conforme o “Jornal Impacto on line” o custo desta mesma operação em Andradina-SP esta orçado em aproximadamente R$ 100 milhões e a esperança do prefeito andradinense é que deputados governistas intervenham para que a “transferência dos trilhos entrem no orçamento da União”[1].
Assim, a transferência dos trilhos dos centros destas cidades vai ser feita com recursos do Estado. Ou seja, a realidade é bem diferente da ideologia que preconizava que a privatização desta ferrovia era necessária tendo em vista a impossibilidade do Estado em fazer este tipo de investimento.
O que se vê é que a ALL não é capaz de promover nem mesmo a simples manutenção de dormentes, o que dirá de uma obra de importância que envolve a segurança de moradores que convivem com vagões de combustível circulando próximos às suas casas.
 O caso da ALL é bastante parecido com o da Cab Ambiental, que tomou conta do serviço de água e esgoto de Castilho e de Andradina. Herdaram toda a infraestrutura e transformaram um serviço público essencial em puro negócio. Os investimentos são quase nulos e ainda assim, o pouco que se faz é, muitas vezes, pago com dinheiro público, vide o programa lançado pelo governo federal que irá destinar milhões às concessionárias de saneamento básico.
São casos típicos de uma era de capitalismo parasitário, de conglomerados de empresas que se apóiam no Estado como forma de garantir suas taxas de lucros. As privatizações são sinais disso. Os financiamentos estatais para empresas cumprirem suas obrigações como concessionárias de serviços públicos revelam ainda mais o caráter parasita do atual momento do mundo capitalista.
A era de capitalismo dinâmico, da livre iniciativa, do Estado mínimo, do mercado como indutor de bem estar social, essa era passou, se é que algum dia existiu. Hoje, mais do que nunca, reinam os monopólios e seus abusos do tipo da telefonia e da energia elétrica, o parasitismo estatal do tipo dos pedágios e da ALL, o predadorismo ambiental dos eucaliptos, da cana-de-açúcar, das mineradoras e os esquemas do tipo da Cab Ambiental.  


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