Fui, há um mês, à Conferência Municipal de Cultura.
Queria descobrir o que está acontecendo em nossa cidade, afinal, enquanto atriz
amadora, o que me resta é lutar pelo que está aqui, como formação de novos artistas, de plateia, das
políticas públicas...
Fiquei maravilhada com
aquilo tudo. Pessoas de vários bairros,
idades, classes sociais e de todas as artes discutindo os
rumos....diferentemente da Conferência de Educação, as pessoas não pareciam
estar com pressa, falavam, voltavam o assunto, não olhavam no relógio... quase
ninguém ali ganhava a vida com arte, essa coisa do amador que Boal dizia, dos
que amam a dor, se fazia realidade num sábado frio e chuvoso.
O que mais me chamou a
atenção foram os meninos do skate, eles falavam com tanta propriedade acerca
dos seus direitos, que eu realmente me pergunto o porquê deles ainda não terem
sido ouvidos (na verdade, eu sei bem o porquê), aquela inquietude dos jovens,
sempre!
Então, o que foi comum a
todos os grupos temáticos, foi a utilização dos espaços públicos como locais de
disseminação da cultura, tão óbvio e quase tão distante da nossa realidade!
Morei, durante alguns
anos, perto de uma praça enorme aqui da cidade, a que fica em frente ao Tiro de
Guerra. Naquela época, em que eu ainda fazia graduação e sonhava e planejava um
mundo melhor, com os métodos educacionais que não ensinassem a obedecer, e sim
o diálogo e a subversão, imaginava então, em ficar lá na praça, levar um monte
de livros e ficar lendo com as pessoas, promover saraus e dar vida àquele
espaço e sentido à leitura, o leitor literário é formado quase que por paixão,
não pela dor e por obrigações.
Mas tudo isso, assim
como tantas outras coisas não passaram de planos, talvez fossem necessários
vários anos depois para conseguir saber o que fazer, tentar fazer.
Nesse dia, o da
Conferência, ganhei um desenho de uma amiga, com uma dedicatória que me
deixou com os olhos marejados:
"Para você, Paulinha, que tem sonhos de mudanças e criações". Foi
então que eu me perguntei mais uma vez: "Onde eu estive esse tempo todo,
em que eu não lembrava dos meus sonhos ?"
Sonhar parece tão
difícil na nossa sociedade. Na minha idade. Lembrei-me das muitas vezes em que
fui chamada de Quixotesca nessa Terra da Bolacha, talvez por culpa dos ventos
enlouquecedores, tais quais os da região de La Mancha,esses que lá no fundo, me
fazem acreditar que as causas não são e não estão perdidas.
Paula Dyonisio
Sempre digo que a gente não quer só comida, mas cadê a tar da curtura?????? Parece que em Casticity ela está amarrada nas mãos de uma funcionária "voluntária" do Departamento.
ResponderExcluirBem dito Miguel Luques. Como disse, as ações do Departamento estão amarradas e isso faz com que seja essencial que a comunidade por si só tenha que se tornar agente ativo na disseminação cultural. A Estação Cultural, da qual você participou foi um exemplo de como é possível criar com poucos recursos algo legal quando há um interesse. Temos que lutar agora para novas ações ocorram...
ResponderExcluirMuito bom seu texto... é necessário resgatar os sonhos perdidos e se juntar aos que sonham, pois aos poucos vamos aprendendo a mudar a realidade.
ResponderExcluirSeu texto me fez chorar, me fez lembrar quanto sonhos foram deixados a beira do caminho na esperança de que fossem encontrados mais tarde, esses mesmos sonhos que foram motivos de nossos passos adiante. Que não nos esqueçamos de sonhar!!
ResponderExcluirQue blog inteligente... se quiser, podemos ser parceiros.
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