sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Drogonomia



Se alguém fizesse uma enquete e perguntasse qual o maior problema que os jovens e adolescentes enfrentam em Castilho, certamente muitas das respostas seriam as drogas. Eu mesmo responderia isso, pois já tive vários parentes que se envolveram com drogas e acabaram presos e outros morrendo. 
Quando trabalhei na delegacia por um ano, vi vários rostos conhecidos por lá, de adolescentes que eu já sabia e de alguns que eu jamais imaginaria que estivessem envolvidos com a venda de drogas.  Mas quem é o real culpado pelo problema das drogas? Eu responderia: o capitalismo.

A venda de drogas nada mais é que uma lucrativa atividade econômica, que se sustenta através da lei da oferta e da demanda. Pela lei da oferta e demanda o demandante, ou consumidor, tem uma necessidade, que, no caso, é a droga e o ofertante supri essa necessidade, obtendo dinheiro em troca. Logo, enquanto houver demanda, sempre haverá oferta, sendo que se algum obstáculo aparecer ao ofertante, ele sempre buscara modos de se adaptar e se tornar mais eficaz na distribuição do seu bem, pois ele visa o maior lucro possível. E é por isso que o combate ao trafico é ineficiente, pois é impossível extinguir a venda de algo que as pessoas desejem muito obter. E, se as pessoas querem, elas irão comprar e sempre acharão quem poderá vender. E, se as pessoas venderem no dito mercado negro, elas terão que achar meios de proteger o seu negócio, pois não há o direito de proteção da propriedade, como nas atividades econômicas legais, devendo se criar mecanismos para assegurar que o negócio flua, ocasionando aumento da criminalidade, pois se alguém comprar uma droga e não pagar, o traficante não poderá executa-lo no fórum para receber o que lhe é devido, mas poderá executa-lo com uma arma, para que os outros vejam e tenham medo de repetirem tal ação. Então, ao invés do direito, ele usa o medo como garantia de propriedade.
Para garantir a concorrência “leal”, o medo também é utilizado, através da força, para que não ocorra de outra “empresa” tomar o seu negócio, logo, é necessário investir uma parcela considerável em armamento e, homem armado, sabemos que não dá boa coisa.
Como vemos, a venda de drogas é um bom negócio, pois gera bons lucros, mas é arriscado, pois quem entra, tem que estar dispostos a manter sua propriedade a qualquer custo e, como sabemos, em todo negócio, quanto maiores os riscos, maior o valor esperado para se recrutar profissionais qualificados e dispostos a realizar o trabalho, deve se pagar um valor maior do que a Mabel ou a Metal frio pagam aos seus funcionários, que incentive a pessoa a deixar o trabalho formal, para ingressar nesse informal, mesmo com riscos maiores, porque, pela lógica, o que é melhor, ganhar mil conto pra trabalhar 44 horas semanais, ou ganhar os mesmos mil reais, ou mais, para só vender umas paradas, que você não precisa nem oferecer para ninguém, pois, com certeza, os compradores virão até você.
É por isso que a droga é o maior problema para os jovens, pois são atraídos pelo dinheiro, que mesmo que seja pouco, ainda é mais que nos empregos formais que eles podem conseguir e, por isso, começam e entram de cabeça nesse trabalho, que tem suas glórias, mas também tem seus dissabores.
Do que adianta então combater a venda e fechar os olhos ao consumo, se é o consumo que faz a venda?  
Enquanto se tentar combater a droga desta forma, o ciclo continuará se repetindo...

Silvio Coutinho

6 comentários:

  1. Achei que a administração pública seria apontada como principal causa da drogadição local ao inves do capitalismo, afinal, os textos aqui publicados tem-se inclinados ao prefeito como mentor de todo e qualquer problema no municipio.....Uffa, menos uma!! Acordddaa leitoresss!!

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  2. Desse modo, pode-se entender diante do disposto acima que se a droga fosse legalizada o trabalho informal diminuiria, ja que, o consumo seria tão banalizado devido a sua arbitrariedade que as pessoas deixariam de vende-la devido ao facil acesso??

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  3. Prefiro preservar minha auto-critica, ela fala por si só e não me deixar levar...!! Cada coisa viu!!??

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  4. Não apontaria que o prefeito seja mentor dos problemas, mas é um dos responsáveis!, afinal, o Estado tem a obrigação de criar leis e normas que regulam a sociedade, uma fez que o texto faz alusão ao capitalismo, mas a luta de classes não responderia esse problema, e sim os aspectos sociais e culturais, assim, deve-se ter outro olhar ao "consumidor" de drogas, um olhar humano e não como criminoso, pois este ultimo como geralmente é visto não está resultando em nada.

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  5. Concordo contigo, primeiro Anônimo, os textos fazem ressalva que tudo é culpa do prefeito. E culpa da população? A falta de orientação na família? A ausência de orientação muitas vezes são esquecidas, ou melhor, fingem que são esquecidas. É mais fácil culpar os outros, do que achar a culpa na própria casa.

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  6. Sabe quando isso vai acabar? É só pensarmos e observarmos a nossa volta. Enquanto tiver quem consuma, terá vendedores, aliciadores. Por que tanta gente enriquece, e não sabemos a verdadeira fonte de riqueza? Tantos negócios para lavar o maldito dinheiro que acaba com o nosso futuro. E a ausência total de uma política pública. Lei não falta, tem em excesso, o que falta é legislar corretamente, e não achar brecha para legislar em causa própria.

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