Hoje
o BLOG abre espaço para o relato da Professora Jeniffer Elen, Mestre em Letras
pela UFMS, que teve seu título negado pelo concurso para professor da rede
estadual de Mato Grosso do Sul, sob a justificativa de que seu diploma não
apresentava em seu corpo a carga horária do curso de Mestrado, fato
determinante para a sua não classificação entre as vagas disponíveis.
A
princípio nos embasaremos no artigo 48 da LDB: “os diplomas de cursos
superiores reconhecidos, quando registrados, terão validade nacional como prova
da formação recebida por seu titular”
Acreditamos
que isso bastasse para que, em uma prova de títulos de concurso para professor
da educação básica do Mato Grosso do Sul, o diploma de Mestrado, Strictu Sensu, da Universidade Federal
do Mato Grosso do Sul, fosse contado como pontos válidos, mas foi um engano.
O
concurso apresentava em seu quadro, com valor de 2,5 pontos, o diploma de
mestrado na área da educação e, na hora de contar os títulos, não aceitou os
diplomas como válidos.
A justificativa dada pela comissão do
concurso, ao entrarmos com o recurso, seria o ponto 11.6, na “bendita” alínea
c, que exigia a especificação da carga horária e do período (data e ano) do
inicio e término do evento. Os diplomas da UFMS, reconhecidos, registrados,
válidos em todo território nacional, não eram válidos porque não possuem carga
horária, data de início e fim do mestrado, ou seja, o edital exige algo
arbitrário e que invalida lei que encontramos na LDB (texto que inclusive era
referência para estudar para a parte de conhecimentos pedagógicos da prova).
A
questão maior não era a chance de melhorar a pontuação final ou até quem sabe
assumir uma vaga, mas pensar que anos dedicados à pesquisa são derrubados por
uma alínea “c” ser a justificativa para a não contagem deste título, como se
não houvesse utilização dos conhecimentos adquiridos pela pesquisa na prática
pedagógica.
O
tempo todo somos cobrados nas escolas para participarmos de formações,
capacitações, darmos continuidade aos estudos e nos qualificarmos, com justificativa
de qualificar/atualizar os profissionais para o mercado (mundo) de trabalho. Entretanto,
notamos uma série de formações continuadas sendo oferecidas por diversos meios,
porém a questão que contrapõe essa oferta refere-se ao custo dos cursos e as
facilidades de emissão de certificados de qualquer espécie sem garantia de
qualidade. Pagam-se desde taxas que variam entre valores simbólicos até
exorbitantes para obter a “certificação”.
Assim, muitos estão dispostos a pagar o
preço que for, pois seria um investimento. Ao participar de cursos, palestras,
eventos científicos, enfim, diversas formas de capacitação e qualificação, contudo
outros valores são envolvidos com deslocamento, hospedagem, e anuidades.
Junto a estes cursos são oferecidos os
certificados “Express”, isto é, aqueles que o indivíduo realiza sua inscrição,
paga uma prova e no dia seguinte recebe seu certificado, por e-mail ou sedex.
Ao prestar um concurso então eis que surge um momento de cobrarem sua
qualificação, pois não se trata mais de qualidade, mais de quantidade. O que
vale são os números.
Os certificados devem ser dos últimos
cinco ou três anos, ou seja, cursos feitos em 2007, por exemplo, já não
significam mais nada, estão desatualizados. O conhecimento deixa de ser
experiência acumulada ao longo da vida. Então, candidatos desesperados saem em
busca dessa pontuação e procuram aqueles certificados “Express”.
Enfim, esses cursos, acreditem, são
válidos e contados em prova de título. Um negócio lucrativo, um verdadeiro
investimento para o dono da empresa de certificados.
Assim,
é difícil compreender a validação de certos títulos de caráter duvidoso e a não
aceitação de um diploma de Mestrado, strictu
sensu, reconhecido, registrado e que deveria ter validade em todo
território nacional. Capacitamos-nos também pelas exigências do sistema, buscando
aperfeiçoamento profissional e este que nos cobra é o mesmo que nega a validade
do título de mestre.
Diante dessas ponderações, não sabemos
ao certo o que de fato pode contribuir para o ingresso na carreira docente,
visto que a cada nova etapa mudam-se as regras, nos deixando de mão
atadas.
Jeniffer Elen