Já dizia Marx e Engels
que: "Em grandes épocas
históricas, vinte anos equivalem a um dia, enquanto que podem aparecer dias que
concentram em si vinte anos".
Ao que tudo indica
estamos vivendo dias assim, onde um curto período de tempo concentra
acontecimentos que não se via há pelo menos vinte anos. Depois de praticamente duas
décadas de certo refluxo o mundo voltou a presenciar nos dois últimos anos
grandes manifestações de massas populares em várias partes do mundo.
Trata-se de um novo
período histórico, impulsionado principalmente pela atual crise do capitalismo
e que tem levado populações de diversas partes do mundo às ruas, inclusive de
países considerados como de primeiro escalão, como Grécia, Bélgica e Espanha,
no continente europeu. Surgi também movimentos como o ‘Ocupe Wall Street’, que
promoveu protestos contra o sistema capitalista em pleno território americano e
inglês, países imperialistas baluartes do capitalismo.
Destaca-se a chamada ‘Primavera
Árabe’, movimento de massas do Oriente Médio e norte do continente africano, que
derrubou de forma sucessiva diversos governos em curto espaço de tempo.
No Brasil este período parece
ter sido inaugurado com as grandes manifestações do mês de junho de 2013.
Existem algumas similaridades
em todos estes casos e que chamam a atenção. Em todos eles se apresentam de
forma revolucionária. Contesta o sistema capitalista, o parasitismo bancário
que esgota as finanças do Estado em várias partes do mundo. Manifestantes apedrejam os bancos, as redes de
fast-food, os pedágios, ou seja, os símbolos da era neoliberal.
No entanto, são
movimentos cujas manifestações foram chamadas através de redes sociais da
internet, de forma autônoma, despolitizadas e sem a participação de
organizações populares tradicionais.
Nesse ambiente
despolitizado e desorganizado, uma minoria organizada pode confundir. Clama por
manifestações sem partido e impõe sua pauta. Fortalece instituições
conservadoras, como o judiciário, promove guerra contra a corrupção,
principalmente se for de partidos de Esquerda, os de Direita se sobrar tempo. Predomina
o discurso moralista e surgem pseudo-heróis da moral e bons costumes, vindos de
Tribunais de Justiça.
No Egito, o partido de
cunho religioso que havia vencido as primeiras eleições depois de uma grande
era de ditadura não dá conta do recado. Mantêm as políticas neoliberais de
arrocho salarial, contenção de gastos, juros e desemprego de trabalhadores. As
massas insatisfeitas tomam novamente as ruas e suas reivindicações e revoltas
são seqüestradas pelo exército egípcio, que financiado por três bilhões de dólares
anuais dos Estados Unidos, dá o golpe, toma o poder e coloca no comando do país
o Presidente do Superior Tribunal Federal do Egito, antes que qualquer rebelde
mais radical assuma o poder. Diante disto os protestos continuam e em
represália o exercito mata 51 pessoas, fere outras tantas e prende 600
ativistas.
Nestes tempos onde um dia corresponde a vinte anos é preciso estar atento. É um momento que não combina com este ambiente de
desorganização política, de partidos oportunistas, onde a classe trabalhadora, aquela que mais sofre as contradições do mundo, carece de uma organização realmente representativa para disciplinar e politizar. Neste cenário chega-se a conclusão que é tênue a linha do progresso e do atraso, entre a
revolução e a contra revolução.
Dóri Edson Lopes
Dóri Edson Lopes
Segundo a foto, nem revolução, nem contra-revolução, mas GOLPE!
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