Minha publicação desta semana está baseada em um texto que escrevi no ano passado e divulgado em meu blog particular ‘Castilho de Verdade’ (http://www.castilhodeverdade.blogspot.com.br/), onde analiso a situação dos trabalhadores da usina de álcool e açúcar em Castilho-SP e também de outras usinas da mesma região ao final de mais uma safra. Considero este texto ainda bastante atual, até porque a dinâmica das coisas não mudou em nada.
Segue:
Neste mês de outubro de 2012 chega ao fim mais uma safra na maioria das usinas de álcool e açúcar em Castilho-SP e região. Só no município castilhense é certo que centenas de pais de família perderão o trabalho e terão de conviver com o desemprego até o mês de abril ou maio, que é quando estas indústrias têm previsão de voltarem a funcionar.
Neste ano, o tempo que estes trabalhadores estiveram empregados nestas indústrias foi menor que nos anos anteriores, por volta de seis meses na maioria dos casos, período que durou a colheita da safra 2012.
Muitos dizem que a grande vilã para este menor tempo de produção foram as estiagens verificadas nos últimos anos, o que teria provocado uma maior lentidão no crescimento dos canaviais que são programados a terem sua colheita uma vez por ano. Outro dado que já pode ser visto em terras castilhenses é que em muitas áreas o plantio de cana-de-açúcar tem sido renovado, o que pode indicar o esgotamento do solo e isto em locais de canaviais recentes.
Assim, as grandes extensões de terras de nossa região que estão tomadas pela monocultura canavieira não têm sido suficiente para suprir a dinâmica produtiva deste tipo de indústria que costuma funcionar dia e noite, todos os dias da semana.
Onde foi parar toda a riqueza criada?
O setor de açúcar e álcool é tido como um dos mais lucrativos nos dias de hoje no Brasil, um dos fatores disto se deve a grande expansão do consumo dos produtos sucroalcooleiros no mercado interno e principalmente no mercado externo verificada nos últimos anos.
Consta no site da empresa Virálcool, que tem uma de suas indústrias localizada em Castilho-SP, que:
“Na safra 2010-2011, a indústria deverá moer 2,5 milhões de toneladas de cana para produção de 95 milhões de litros de álcool, 2 mil toneladas de levedura e 3,5 milhões de sacas de açúcar, visando a exportação. Essa produção será destinada em sua grande maioria ao atendimento do mercado externo, via porto de Santos, sendo os produtos transportados por caminhões até o embarque."*
Consta ainda no mesmo endereço eletrônico que em2011 a saca de açúcar chegou a ser negociada a um valor de 67 reais cada uma.
Sendo assim, somente com a venda do açúcar esta empresa deve ter recebido algo em torno de 200 milhões de reais. Além disso, se considerarmos que cada litro de álcool tenha sido vendido a 1 (um) real durante este período, esta empresa deve ter ganho apenas com a venda deste item por volta 100 milhões de reais, tudo isto sem falar dos possíveis ganhos realizados com a venda da energia elétrica.
Sabe-se que a Virálcool emprega na sua unidade em Castilho por volta de 1.000 (hum mil) funcionários. Supondo que cada trabalhador receba por mês um salário de 2.000 (dois mil) reais (o que é raro), a empresa teria uma média de gastos com salários de 2 milhões de reais mensais e ao ano aproximadamente um gasto de 24 milhões de reais.
Logicamente que, no quesito despesas deve entrar também os gastos com maquinários e arrendamento de terras, mas diante deste simples cálculo pode-se verificar grande diferença entre as despesas com salários e o faturamento com a venda dos produtos fabricados nesta indústria, o que leva a supor um volume de lucratividade enorme que é apropriado pelos patrões desta empresa.
Portanto, este é um exemplo que mostra a grande potencialidade lucrativa deste setor, no entanto, os patrões deste ramo produtivo não cogitam qualquer perda e jogam nos ombros de seus funcionários o peso da diminuição de seus lucros (o que não é prejuízo).
Sabe-se que, os trabalhos em uma usina de açúcar e álcool exige, em sua maioria, grande esforço físico e que nem sempre é compensado pelos baixos salários recebidos. A carga horária utilizada na maioria das usinas é a do regime de cinco dias de trabalho por um de folga, o que tem limitado os fins-de-semana de lazer com a família e amigos destes trabalhadores.
Inclui-se ainda que este é um setor produtivo que no Brasil os trabalhos são bastante precários e altamente explorador de mão-de-obra barata, basta ver os inúmeros casos de trabalho escravo pelo país afora. Há de se questionar, por exemplo, este regime de trabalho de cinco dias por um de folga, pois tem limitado para um dia na semana o descanso do trabalhador.
Direitos trabalhistas vêm sendo cada vez mais suprimidos pelos milionários usineiros. A ânsia por lucro é enorme e muitos funcionários denunciam que na Virálcool, por exemplo, comete-se o absurdo de não fornecer refeições para maioria de seus empregados, obrigando a quem trabalha nesta empresa a levar de casa o almoço.
Assim, estes mesmos trabalhadores que vêm servindo a estas indústrias altamente lucrativas, serão simplesmente demitidos e terão ameaçada a sobrevivência de suas famílias por conta de um planejamento produtivo que não visa em nada o bem-estar do trabalhador, mas que na verdade só está preocupado com os altos índices de lucratividade destes patrões.
O Estado, um refém dos usineiros
O setor de açúcar e álcool é um dos que mais tem sido financiado pelo governo brasileiro. Segundo nota da Agencia Brasil em junho de 2011, "O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vai emprestar até R$ 35 bilhões a empresas do setor sucroalcooleiro nos próximos quatro anos"**.
“Na safra 2010-
Consta ainda no mesmo endereço eletrônico que em
Sendo assim, somente com a venda do açúcar esta empresa deve ter recebido algo em torno de 200 milhões de reais. Além disso, se considerarmos que cada litro de álcool tenha sido vendido a 1 (um) real durante este período, esta empresa deve ter ganho apenas com a venda deste item por volta 100 milhões de reais, tudo isto sem falar dos possíveis ganhos realizados com a venda da energia elétrica.
Sabe-se que a Virálcool emprega na sua unidade em Castilho por volta de 1.000 (hum mil) funcionários. Supondo que cada trabalhador receba por mês um salário de 2.000 (dois mil) reais (o que é raro), a empresa teria uma média de gastos com salários de 2 milhões de reais mensais e ao ano aproximadamente um gasto de 24 milhões de reais.
Logicamente que, no quesito despesas deve entrar também os gastos com maquinários e arrendamento de terras, mas diante deste simples cálculo pode-se verificar grande diferença entre as despesas com salários e o faturamento com a venda dos produtos fabricados nesta indústria, o que leva a supor um volume de lucratividade enorme que é apropriado pelos patrões desta empresa.
Portanto, este é um exemplo que mostra a grande potencialidade lucrativa deste setor, no entanto, os patrões deste ramo produtivo não cogitam qualquer perda e jogam nos ombros de seus funcionários o peso da diminuição de seus lucros (o que não é prejuízo).
Sabe-se que, os trabalhos em uma usina de açúcar e álcool exige, em sua maioria, grande esforço físico e que nem sempre é compensado pelos baixos salários recebidos. A carga horária utilizada na maioria das usinas é a do regime de cinco dias de trabalho por um de folga, o que tem limitado os fins-de-semana de lazer com a família e amigos destes trabalhadores.
Inclui-se ainda que este é um setor produtivo que no Brasil os trabalhos são bastante precários e altamente explorador de mão-de-obra barata, basta ver os inúmeros casos de trabalho escravo pelo país afora. Há de se questionar, por exemplo, este regime de trabalho de cinco dias por um de folga, pois tem limitado para um dia na semana o descanso do trabalhador.
Direitos trabalhistas vêm sendo cada vez mais suprimidos pelos milionários usineiros. A ânsia por lucro é enorme e muitos funcionários denunciam que na Virálcool, por exemplo, comete-se o absurdo de não fornecer refeições para maioria de seus empregados, obrigando a quem trabalha nesta empresa a levar de casa o almoço.
Assim, estes mesmos trabalhadores que vêm servindo a estas indústrias altamente lucrativas, serão simplesmente demitidos e terão ameaçada a sobrevivência de suas famílias por conta de um planejamento produtivo que não visa em nada o bem-estar do trabalhador, mas que na verdade só está preocupado com os altos índices de lucratividade destes patrões.
O Estado, um refém dos usineiros
O setor de açúcar e álcool é um dos que mais tem sido financiado pelo governo brasileiro. Segundo nota da Agencia Brasil em junho de 2011, "O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vai emprestar até R$ 35 bilhões a empresas do setor sucroalcooleiro nos próximos quatro anos"**.
Sempre que precisam os empresários deste ramo produtivo recorrem ao dinheiro público, no entanto, o compromisso social destes usineiros para com a sociedade brasileira praticamente não existe. Além de não garantirem de forma segura a sobrevivência de seus trabalhadores os empresários deste setor têm deixado na mão o consumidor brasileiro que tem enfrentado cada vez mais as altas de preços do álcool e do açúcar. Isto acontece, em grande medida, devido a preferência que os usineiros tem em exportar sua produção, como no caso da Virálcool que admite exportar via porto de Santos a maior parte de sua produção.
Logo, a sede por lucros cada vez maiores leva estes capitalistas a esnobarem a venda destes produtos por meio de moeda brasileira e priorizam as negociações em dólar, euro, etc; causando escassez de álcool e açúcar no Brasil o que contribui com a subida da inflação.
Qual seria a tarefa?
Logicamente que, para de fato por fim a estes problemas seria necessário suprimir a propriedade privada destas agroindústrias, até porque os patrões já mostraram não ter capacidade de garantir a sobrevivência de seus trabalhadores e nem garantir o fornecimento de seus produtos no mercado brasileiro.
Mas, diante os desafios que no momento uma ação desta impõe a primeira medida dos trabalhadores da Virálcool e das demais destilarias da região é a de se organizarem sindicalmente de forma a exigir dos patrões o cumprimento dos direitos trabalhistas e um planejamento produtivo que não coloque em risco a sobrevivência destes trabalhadores e de suas famílias.