Dias atrás teve a Marcha das Vadias em várias
cidades brasileiras, protestando sobre os vários casos de estupro e violência
sofridos por nós mulheres. A marcha protesta também contra a afirmativa que esses
abusos podem ser ocasionados pelas roupas que usamos. Logo, a violência cometida
contra nós é consequência de nossos próprios atos.
Lendo
comentários de leitores sobre um texto a respeito da marcha na internet (não me
lembro qual o link), um deles perguntava por que o nome vadias, já que se auto depreciava.
Fiquei pensando sobre isso e fui pesquisar mais sobre o tema.
Após vários casos de abusos sexuais ocorridos em uma
universidade de Toronto, Canadá, um policial pediu que as mulheres evitassem se
vestir como vadias para conter os fatos ocorridos. E daí surgiu o nome e o
manifesto, lá em 2011. Assim, o título já é um protesto, pois não importa o
termo usado, não são as roupas que usamos que dá liberdade aos homens de serem
irracionais.
Quem não se lembra do caso da Geisy Arruda ou mais
recentemente da Nicole Bahls que foram agredidas por conta da roupa que usavam?
A primeira foi hostilizada e expulsa de uma faculdade com gritos a chamando de
puta por estar trajando um vestido curto. Já Nicole, mesmo após revidar os
toques impróprios, foi abusada na frente
de várias pessoas pelo diretor de teatro Gerald Thomas. O motivo: já que ela
estava “seminua”, estava pedindo por isso.
Recentemente li um excelente texto dissertando a
respeito da repressão das mulheres na sociedade e das agressões verbais que
silenciosamente, ou nem tanto, sofremos (leia aqui: http://papodehomem.com.br/como-se-sente-uma-mulher/). Tenho que certeza que por essa, de tão
corriqueira, todas nós já passamos e acabamos nem nos importando mais. Essas
são aquelas “cantadas” nojentas que ouvimos na rua dos homens e que, após ler o texto, me fez recordar
as várias vezes em que me senti envergonhada e mal nessas situações, me
culpando por tal atitude deles.
Não
sei se você, leitor, percebeu que várias vezes me incluo e incluo também todas
as mulheres leitoras nos sujeitos do texto. Quero com isso dizer que, independente
da roupa que usamos, seja ela curta, justa ou transparente, ou com nossos atos,
sendo “santas” ou vadias, todas nós somos livres. Não é porque usamos uma saia
curta que não estamos nos dando respeito e pedimos por uma liberdade dos homens.
O que queremos é mais que isso,
merecemos, é respeito.
Thaís Coelho
ÓTIMO TEXTO!
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