Aôôôô!!
Moçada apaixonada de Castilho, aqui quem fala é o Juliano, opositor exilado nos
rincões de Mato Grosso, mas com o coração apertado de saudade docês. Uma semana
que estou aqui e uma semana que não durmo direito de tanta saudade e... calor.
Bem,
chego aqui e ouço falar dessa tal 21ª Expoeste, festona da boa aqui de Pontes e
Lacerda. Eu, que aí em Castilho, nunca fui de cair nessas ciladas, aqui, longe
de Willians, Samuel e do resto da roda de escarnecedores que me acompanhava, não
tinha outra opção. Era ir ou fritar (literalmente) na quentura agradável desse
cerrado, dentro do meu quarto-e-cozinha. Show de abertura, do dia 03 de agosto,
era do casal 20 do sertanejo universitário, Maria Cecília e Rodolfo. Eu fui. E como
bom opositor, vou agora cuspir no prato que comi.
Horror!
Horror! Horror!, dizia o Coronel Kurtz, em Apocalipse Now. Pois eu digo, Nada!
Nada! Nada!. O insustentável peso do nada sob minha cabeça, achatando meu pescoço.
Negócio é o seguinte: se você sai com seus amigos, vai num barzinho, toma um chop,
come uma porção, você teve um momento de entretenimento agradável. Mas se você
está num lugar no qual ou você senta numa arquibancada de concreto ou tem que
ficar em pé na areia da arena, a coisa não é tão agradável assim. Só uma coisa
justifica isso: um bom show, a boa arte que sempre nos alimenta e nunca nos enfastia.
E
arte não houve na noite de ontem. E não digo por mim, que não curto essas raves
de sertanejo universitário. Digo pela observação que fiz do público. No ínicio
do show, gritos histéricos e arena cheia. 10 minutos depois, a maioria nem olha
mais para palco. Ou enchem a cara ou tiram fotos para o facebook. Fotos, aliás,
que sempre parecem tão divertidas. Depois de um tempo, arena pela metade. Gente
indo embora reclamando do show. Gente muito bêbada, alheia ao que acontece no
palco. Reclamam que estão tocando romântico, querem arrocha. Toca-se. Depois...
Tim Maia.. algum clássico sertanejo do Chitão e Xororó. Há alguns interessados, esses perto do palco.
Mas, somados, dá o mesmo público que curtia também de perto do palco o show do
Tremendão em Ilha. Eu estava lá.
E
assim ficamos. A maioria do público não se interessa,mas ri um riso histérico
para disfarçar o mesmo tédio que eu estou sentido. É o casamento perfeito entre um público
desinteressado, mas festeiro, com um “artista” doutrinado para capitalizar em
cima dessa gente. Todo mundo sai feliz. Esses dias meu confrade Samuel disse
que o novo filme do Super-Man dava sono de tanta ação que tinha. É isso.
Entretenimento sem arte dá sono. Ainda que seja um sono agitado e barulhento, dormido
numa arena de rodeio. É um vazio volumoso. Um prato imenso de isopor.
Hoje
tem mais e eu estarei lá. Fazer o que. Quem sabe ganho uma moto no bingo.
Juliano Cardoso
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