Há mais ou menos uma semana, foi divulgado o Índice de Desenvolvimento
Humano por Municípios (IDHM). O IDH foi criado pelo economista paquistanês Mahbub
ul Haq (1934-1998), com a colaboração do economista indiano Amartya Sen, Prêmio
Nobel de Economia em 1998, mensurando o desenvolvimento humano através da renda
total da população do local dividido pelo número de habitantes, pelo grau de
escolaridade e pela expectativa de vida ao nascer, dando valores em uma escala
de 0 a 1,
onde quanto mais desenvolvido for o local analisado mais próximo de 1 o mesmo
estará e quanto menos desenvolvido for, mais próximo de 0 ele estará.
O Estado é certamente o maior responsável pelo desenvolvimento humano do
local, pois é quem articula políticas públicas que refletem no desenvolvimento
de sua população. Se o Estado investe em políticas publicas de saúde a taxa de
mortalidade infantil cai, doenças são mais facilmente tratadas, ocasionando um
aumento na expectativa de vida. Investindo em educação, o número de alunos na
escola aumenta, o analfabetismo diminui e o acesso ao ensino superior fica mais
fácil, aumentando o número de anos que o aluno passa na escola. Uma população
bem educada e saudável, somada a uma boa infraestrutura, incentivos fiscais ao
sistema produtivo, financiamento para investimentos em produtividade, entre outras
ações, permitem o crescimento econômico, ocasionando um aumento da renda,
criando dessa forma um ciclo interdependente.
O IDH permite a comparação entre diferentes lugares, podendo, assim,
ajudar as localidades menos desenvolvidas a se espelharem nas mais
desenvolvidas, vendo quais as políticas públicas podem ser aplicadas a cada
realidade. Porém, tais políticas demandam recursos financeiros, recursos estes
provenientes da arrecadação de tributos. A eficácia (atingir o objetivo) e a
eficiência (atingir o objetivo ao menor custo possível) na utilização do
recurso alavanca o desenvolvimento do local. Pela lógica, quanto mais recurso
disponível para utilização por parte do poder público, mais fácil será criar as
condições para o desenvolvimento humano, correto?
Não, se
estivermos falando de Castilho...
Dados retirados do Portal da Transparência |
Ilha solteira, com uma arrecadação per capita 8,4% maior (R$4215,38),
conseguiu o feito de ser a 18ª cidade mais desenvolvida do país, com um IDHM de
0,812 pontos. Quer mais? Araçatuba, com uma arrecadação per capita quase 42%
menor que a de Castilho (R$2250,85), conseguiu ser a 76ª cidade mais
desenvolvida do país, com um IDHM de 0,788 pontos. Vamos mais perto? Andradina,
com uma arrecadação per capita cerca de 50% menor (R$1948,16), é a 141ª mais
desenvolvida, com um IDHM de 0,779 pontos. Até Mirandópolis, mesmo com uma
arrecadação per capita quase 55% menor (R$1767,04), ficou bem melhor colocada
no ranking que Castilho, obtendo a marca de 526ª cidade mais desenvolvida do
Brasil.
Com base nisso, podemos dizer que há duas possibilidades. Ou os recursos
em Castilho estão sendo desviados ou mal aplicados, já que cidades com muito
menos recursos disponíveis do que Castilho conseguiram resultados bem melhores,
ou existe alguma outra explicação para este cenário?
Seja por corrupção ou incompetência, o problema esta aí e precisa ser
resolvido. Se for por corrupção, os responsáveis devem responder por seus
crimes devolvendo o dinheiro e presos, já que, até onde eu sei, roubo é crime.
Se for por incompetência, mudanças devem acontecer para garantir um uso mais
eficiente do erário público, afinal, são mais de 20 anos que Castilho recebe
gordos royalties da geração de energia e ainda assim os números são sofríveis e
vergonhosos.
Já propus em outro texto a criação de um grupo para ajudar na gestão de
recursos, porém acho que não há interesse por parte dos políticos de uma maior
participação dos populares na administração das finanças e, diante dos números
apresentados, isso me faz questionar o porquê dessa falta de interesse. Será
que existe algum motivo???
Silvio Coutinho
Quanto menor a cidade a participação popular na questão da gestão pública, o poder público é mais distante. Seja por medo desta transparência vir a tona, e demostrar a incompetência dos gestores. Por que não criar-se uma frente popular, ouvir os munícipes? Pra que? Cada um tem interesse particular. É pura demagogia, quando se passa para o lado de gestão os erros são sempre os mesmos, esquece o discurso do correto e faz igual a todos, olhar para o próprio umbigo. Quando Castilho melhorará nos indices que são divulgados em qualquer esfera? Não sabemos, só sabemos quando a grana ficar mais curta, sendo assim nunca sairemos desta zona de conforto. Dinheiro não aceita desaforo, senhores gestores públicos!!!!
ResponderExcluirObras, obras, obras, e o social? e a saúde? e a educação?
ResponderExcluirQuando se fala de política parece que tudo pode acontecer. Infelizmente é um cenário difícil de mudar, pois necessita de atitudes perenes. Acho válido a ideia dos populares fiscalizarem, mas não somente verificar que existe erros, pois qualquer um pode ver que há. Tem que existir uma comissão com voz ativa e com poderes de punir os responsáveis.
ExcluirAcredito que algo só mude quando enfim a população entender que um governante só pode ser candidato para um cargo se realmente estiver capacitado para isso.
Afinal, quando o pneu do carro fura, levamos ele no açougue ou no mecanico...
A sociedade esta acordando porém muito lentamente ao meu ver. Chega de achar que esta tudo muito bem tudo muito bom, chega de conformismo, é da nossa conta sim! É dinheiro público, o nome já diz "do povo" e é para ser investido em melhorias à população (qualidade de vida) e não para beneficiar a minoria que estão no poder.
ResponderExcluirAcorda Castilho!!!