No programa de mestrado que estudo, há quinzenalmente seminários com professores convidados dissertando sobre algum tema da educação, em especial da educação matemática, curso que faço. Na tarde de quinta feira passada tivemos o seminário com a professora de História, Filosofia e Políticas da Educação da UFSCar, Marisa Bittar, intitulado “A escola do século XX: ideais e desafios”. Resolvi compartilhar as ideias dela aqui no blog porque achei muito interessante, já que acredito que todos nós consideramos a escola como um fator propulsor, capaz de promover mudanças na sociedade.
A professora convidada inicia explanando sobre os fatos marcantes ocorridos em âmbito nacional e mundial na educação no século XX, como por exemplo, a expansão e democratização do ensino, assim como a crença de que a escola não desempenha um papel de mudança na sociedade, apenas reproduzindo-a.
A certa altura da palestra, a professora sintetiza a respeito de três condições necessárias que uma escola deve ter para que se ocorra transformações efetivas no meio social:
- escola única de tempo integral;
Para ela a escola de tempo integral é a única capaz de promover a igualdade entre todas as classes sociais, como já comprovado em alguns países que se empenharam em um sistema de escola realmente democrático.
Particularmente conheço uma escola municipal em Campo Grande - MS de tempo integral que é referência dentre os colégios municipais da cidade. A escola que atende crianças da pré-escola ao quinto ano propicia disputa de vagas pelos pais aos seus filhos pelo trabalho realizado. E não é para menos, já que a escola oferece ao seu público, aulas de violão, judô, ginástica, dança, inglês, espanhol e xadrez.
Uma das coisas que me chamou a atenção foi que os professores atuam em dedicação exclusiva à escola, permanecendo com sua turma o dia todo. Assim, há menos desgaste do professor que muitas vezes é obrigado a trabalhar em várias escolas para complementar a renda e ainda, contribui para o acompanhamento do progresso dos alunos na escolarização.
- integrar o ensino profissional com o ensino intelectual,
Segundo ela, enquanto houver o ensino de caráter propedêutico - aquele que se destina a quem vai cursar o ensino superior - desvinculado do ensino profissional, só acentuará as desigualdades sociais. Isso porque, o ensino propedêutico privilegia uma elite e as classes mais desfavorecidas são obrigadas a ingressar no mercado profissional logo após cursarem um ensino médio profissionalizante.
Esse fato é realmente óbvio, transparente, aliás, podemos perceber isso bem de perto, quantos dos nossos colegas de escola cursaram o ensino superior e quantos não continuaram os estudos após o ensino médio? Muitos precisam contribuir financeiramente em casa, não tendo condições de continuar os estudos.
- escola crítica, humanista e democrática.
De fato, a escola sendo crítica, humanista e democrática refletiria tais aspectos na sociedade.
O que podemos concluir é que há muito para se mudar no contexto educacional no país. Percebemos que mesmo com a democratização do ensino no século passado, com todos frequentando a instituição escolar e aparentemente recebendo o mesmo ensino, a escola não é realmente democrática. O modelo da escola atual intensifica as desigualdades sociais, reproduzindo as características de uma sociedade em que são poucos os privilegiados.
Thaís Coelho
Nenhum comentário:
Postar um comentário