sexta-feira, 20 de junho de 2014

COPA: "meio" confuso

Confesso que estou confuso. De um lado, minha paixão pelo futebol, inversamente proporcional às minhas habilidades em campo. De outro, minha consciência crítica em relação a todos os problemas que envolve(ra)m a realização da Copa do Mundo da FIFA em nosso país. Tenho lido bastante, escutado bastante e falado pouco. Observo os jogos, as redes sociais, as mesas de bar, o pau quebrando nos protestos... Tudo muito confuso, extremo.

Futebolísticamente falando, a Copa parece ser melhor que as últimas desse século, bons jogos, boa média de gols, seleções niveladas... Revoltado com os desmandos da FIFA e gastos excessivos do governo, eu pensei em não assistir as partidas, mas não consigo, culturalmente, esse esporte está entranhado em mim e os parasitas que organizaram esse evento sabem disso, por isso nos assaltaram sem medo... Canalhas! Covardes! Estou confuso...

Aliás, nem tudo é tão confuso como eu. Há, ao menos, dois lados nítidos: o da FIFA/ Governo e o dos movimentos que protestam na rua. Mas é possível notar, também, outro lado, que não se faz nítido, que escorre entre os outros como um vazamento no encanamento, daqueles que vão apodrecendo e só se percebe quando a parede ou o chão desaba.




Esse mesmo lado acha o funk um atentado à moral e aos bons costumes da família brasileira, mas “protestou” e mandou a presidente Dilma tomar no cu na abertura da Copa. Detalhe: estavam lá, na festinha organizada por ela. Mas, é claro, eles tem o direito, compraram seus modestos ingressos de 900 reais com muito trabalho e honestidade, diferente desse povo vagabundo que enriquece com o bolsa família... Eles, os que pagam seus ingressos, têm o direito de revolta.



Esse lado “menos nítido” é complicado de entender. Ficaram bravos quando foram criticados pela falta de educação com a Dilma, dizendo que têm o direito de “protestar”, mas acham um absurdo esses protestos na rua, esses atentados contra a propriedade, esse transtorno nos metrôs, nas ruas. Acham que a polícia está sendo mole demais... Para eles, o protesto tem que ser ordeiro, nas urnas... Aécio Neves. Meu nariz está coçando nesse momento, perdão.




Esses dias eu li alguém nomeando esse lado de “Elite Branca”. Não entendi. Liguei a TV e reparei que quase não há negros nos estádios (até mesmo nos jogos das seleções africanas, eles são minoria). Estranho... Será que deixaram para comprar os ingressos na última hora? Será que os negros não gostam tanto de futebol assim? Já sei, gastaram toda a fortuna do bolsa família no carnaval... Eita povinho sem controle! Além de receber essa dinheirama de graça, sem merecimento (segundo eles, no Brasil todos temos as mesmas oportunidades, independente de cor, basta estudar, trabalhar e não buscar “vantagens”) não sabem como gastar direito! Afinal, carnaval no Brasil tem todos os anos, Copa não.


Estou confuso. Vou parar de escrever e me preparar para o jogo das 13 horas.





Samuel Carlos Melo 

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