quinta-feira, 11 de outubro de 2018

Que estejamos errados! Que Bolsonaro seja o salvador da pátria


 E foi se o primeiro turno das eleições presidenciáveis, e como esperado, Jair Messias Bolsonaro teve uma expressiva votação, a ponto de quase ser eleito em primeiro turno.
Provou se a minha tese de que hoje o anti petismo é maior que o Lulo petismo, e a que a estratégia do PT de insistir em manter um candidato, mesmo sabendo do alto risco de ajudar assim a eleger um candidato nazista, que faz apologia ao ódio, em fuzilar adversários, torturar para fazer o cara abrir o bico, entre outras perolas, preferiu o risco a razoabilidade.
Se desse um tempo, deixar Ciro tentar montar uma aliança mais solida, e respirar ares frescos, para deixar que esse sentimento anti petista se dissipasse, teria mais chances de voltar ao governo em próximas eleições, pois possui bons nomes, mas que agora, por estarem filiados ao partido, automaticamente tem sua rejeição aumentada. Ciro minaria o discurso anti petista e poderia se discutir emprego, renda, educação, saúde e não fake News e kits gays da vida.
O fato é que de inicio estava convicto em não votar no PT, pela forma com qual o partido se portou, preocupando se mais com um projeto de governo do que o bem estar da nação.
Porém, após esfriar a cabeça e conversar com a minha mãe, vi que o momento é grave demais pra se deixar levar pela emoção. Tem muita coisa em jogo, muito sangue em jogo, não me confirmaria em ter me omitido e não ter ido contra o nazismo de Jair Bolsonaro.

Parte de seus seguidores esta cada vez mais expressando sua indignação de forma violenta com quem não vota igual. Ontem fui expulso aos berros de um local que frequento por “dar uma carta branca a um bandido”. E fui embora, pois sabia que se continuasse iriamos as vias de fato, pois eu não ia aguentar aquilo calado.
O fato é que agora é fechar o nariz, tapar olho e votar em Haddad e caso ele seja eleito, no primeiro dia fazer oposição a ele, pois pelo menos sei que terei este direito.
Os vários casos de agressão a pessoas que não votam em Jair, tem-me deixado preocupado de verdade, pois eles já estão se manifestando e imagino que só tende a piorar com a eleição do mesmo.
Preocupa-me também, caso Jair não se eleja seus seguidores não aceitarem o resultado da eleição e implantar o caos, a verdadeira guerra civil que Jair tanto defende.
Não queria ver meu país nessa situação, com a democracia tão a beira do abismo.
Esse texto não é pra você, eleitor convicto, sei que nada de adianta essas linhas, mas para os que estão indecisos, que ainda não sabem em quem votar.
Pense bem, às vezes, por um bem maior, temos sim que votar no menos pior, as vezes temos que deixar o ódio e olhar a luz da razão. Pense, reflita, critique e vote consciente!
Pense bem!
Paz e bem!

sexta-feira, 28 de setembro de 2018

Daciolo, ai sim fomos surpreendidos


Houve um longínquo tempo, o qual me considerei cristão.
Lia a bíblia em uma velocidade impressionante, estudava, examinava, assistia pregações de diversos pastores, com diversas linhas de pensamento, redigia sermões com a facilidade de quem tinha anos de seminário, era elogiado, meu ego era inflado por todos os lados.
Mas acontecimentos futuros vieram a “tirar” minha fé, e acabei me “desviando”, conceito comum utilizado para descrever quem para de frequentar a igreja.
Ainda assim, os conceitos que aprendi lendo e estudando a bíblia, principalmente no Novo Testamento, olhando para a vida de Jesus, ainda permaneceram na minha memória.
Amor ao próximo, empatia, não retribuição do mal pelo mal (dar a outra face) ,caridade para com o necessitado, que na época era representado pelo órfão viúva e estrangeiro, entre outros temas centrais que Jesus ensinou, permaneceram vivos no meu consciente, de maneira que me esforço, mesmo sem conseguir na maioria das vezes, em praticar tais ensinamentos.
Esse ano, passamos talvez, pela mais polarizada eleição da história, uma eleição marcada por dois lados distintos: os seguidores de Jair Bolsonaro e os que não pensam em hipótese nenhuma votar no candidato a presidente.
Campanhas de apoio e de repúdio a candidatura do deputado à presidência tem se espalhado pela internet e pelas ruas, mostrando uma face que estava adormecida ate então no Brasil.
As declarações dadas pelo deputado, que já falou que defendia a tortura, que “o erro da ditadura foi ter torturado e não matado”, que “deveria ter matado mais”, que “se fosse presidente daria golpe no congresso”, que “mataria trinta mil e que se morresse inocentes, tudo bem, toda guerra morre inocentes”, que defende o direito do cidadão portar uma arma”, “metralhar petistas” “que se um filho fica meio gayzinho, é só dar uma surra que ele muda”, que “imigrantes são a escoria do mundo”, que “as minorias deveriam se curvar as maiorias”, entre outras aberrações ditas em alto e bom som, pelo deputado pelo Rio de Janeiro.
Essa firmeza, surpreendentemente, gerou uma simpatia pelo público cristão, de modo que o mesmo passou a ser cultuado como o único capaz de tirar o Brasil do caos em que se encontra.
Eu, com os ensinamentos que ainda permanecem em mim, confesso, fiquei estarrecido com tal movimento, pois as bandeiras do deputado contrariam totalmente as bandeiras defendidas por Jesus. Amor, fraternidade, comunhão, caridade, empatia, altruísmo, humildade, onde estão esses temas na fala do deputado?
Jesus foi estrangeiro no Egito, Jesus foi morto sob tortura, Jesus foi humilhado e perseguido por ser minoria, Cristãos foram mortos aos montes pelo império romano por não se submeterem a fé de Roma.
E mesmo assim, muitos cristãos tem declarado abertamente apoio a este candidato que para eles é o candidato que reflete seus anseios e responde as suas frustrações.
Eis que no meio do processo eleitoral, surge um candidato que nunca ouvi falar, neopentecostal, com um discurso “de conspiração, falando sobre nova ordem mundial, iluminattis, entre outras coisas, que o fizeram virar piada em rede nacional.

Porem, ao desenrolar da campanha, o mesmo se mostrou mais claramente, e demonstrou um valor cristão que nunca vi em Jair Bolsonaro.
Cabo Daciolo, como é conhecido, demonstrou um patriotismo, sendo contra a venda das riquezas do povo brasileiro as nações estrangeiras, um amor ao próximo, mesmo que esse não mereça esse amor, ao dizer que bandido bom não é bandido morto, e que iria recuperar esses criminosos e devolve-los a sociedade, um discurso anti armamentista, dizendo que a única arma que a pessoa precisa é a bíblia (fato que retirou da própria bíblia), uma empatia, ao dissertar sobre as pessoas em situação difícil, que moram nas ruas e estão na miséria, dizendo que iria “abraçar” esse povo que foi rejeitado por séculos pela nação, entre outras coisas que não esperava ouvir do candidato.
Daciolo me deixou de queixo caído, me surpreendeu positivamente, e foi à primeira vez na vida que vi com bons olhos um candidato dito cristão, ingressar na politica.
Ao ver este homem falando e defendendo suas ideias, me fez não compreender mais ainda o fato dos cristãos deixarem de apoiá-lo, para apoiar alguém como Jair Bolsonaro, alguém com uma aura totalmente nazista, que se mostra um perigo a sociedade.
É uma pena Daciolo não ir ao segundo turno, pois tem conteúdo e apresenta um lado humano muito grande sob a capa conspiracionista.
Daciolo, mesmo não sendo muito fã do modo pentecostal, você me representa, torço para que você siga crescendo, pois precisamos de pessoas como você!

Silvinho Coutinho

quinta-feira, 20 de setembro de 2018

Deputados anti povo pedem voto em Castilho/SP


     É época de eleições presidenciais e mais uma vez "políticos-turistas" que nunca dão as caras, nunca justificam suas ações no Congresso Nacional, pedem voto em Castilho.
     Um se orgulha de ter enviado uma ambulância para a cidade, o outro exalta o fato de ter enviado um trator, e tem ainda aquele que diz ter enviado uma verba qualquer para o município.
     Eles se reúnem com autoridades castilhenses,  como vereadores, prefeita, ex prefeitos, e futuros candidatos a vereador, candidatos a prefeito etc.
    Carreiristas que são, recebem estes Deputados de braços abertos, sem se importarem com o quê o nobre parlamentar fez nos quatro anos de seu mandato no Congresso. Para eles isto pouco importa,  estão mais preocupados com o apoio que o Deputado pode dar a eles nas próximas eleições municipais.
    Mas e para o cidadão comum, o que é mais importante? Um trator para sua cidade ou seus direitos trabalhistas preservados? Uma ambulância ou a valorização do SUS e da educação pública? A reforma da piscina publica ou a soberania sobre as riquezas do país? A verba do asfalto ou o direito de se aposentar? Aquela verba sem destino certo ou o respeito ao seu voto?
    Vivemos a implantação de uma nova ordem no Brasil com a liquidação do país aos interesses estrangeiros e a destruição de direitos históricos da população. Tudo começou em 2016 com um golpe de estado disfarçado de impeachment. Falsamente em nome de Deus, da família e dos bons costumes, 54 milhões de votos foram rasgados por Deputados e Senadores.
   _ "Dane-se", diziam eles
     Feito isto, tudo mais se torna fácil.
     Tirada a "pedra" do caminho, abriu-se o horizonte para a implantação desta nova ordem para o país.
    Então, vejamos alguns dos projetos aprovados por quem hoje nos pede voto em troca de migalhas: 
reforma trabalhista, 
autorização da terceirização irrestrita do trabalho, 
congelamento de gastos com saúde e educação por 20 anos, 
entrega do petróleo, 
entrega de empresas estatais como Embraer e Eletrobrás,
entrega de terras. 
    Tudo isto sem levar em conta a perspectiva de fim das aposentadorias, a entrega da Amazônia e de recursos hídricos, além dos já consumados fim de programas sociais, volta da fome, aumentos abusivos de combustíveis e muitos outros ataques aos direitos do povo.
     Não há dúvida que o Brasil piorou, e muito disto se deve aos Deputados que hoje nos visitam pedindo votos.
    Lembrem-se dos nomes abaixo. Eles estão pedindo seu voto, são falsos moralistas, prometem  migalhas para os municípios enquanto liquidam o país e os direitos do povo:

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Fausto Pinato 
   Candidato a Deputado Federal, foi designado relator do processo de quebra de decoro parlamentar, no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, contra o deputado Eduardo Cunha, então presidente da Câmara, mas renunciou à vaga de membro titular, sob o argumento de que o lugar pertencia ao PRB, partido que ele deixou ao migrar para o PP.

       Em março de 2016, Pinato deixou o PRB e se filiou ao PP.  Em julho de 2016, lançou sua candidatura para concorrer a vaga de Presidente da Câmara dos Deputados do Brasil no entanto desistiu horas antes da votação. 
         Votou a favor do Processo de impeachment de Dilma Rousseff. 
       Já durante o Governo Michel Temer, votou a favor da PEC do Teto dos Gastos  Públicos que congela os gastos com saúde e educação por 20 anos.  
    Em 2015 votou a favor da emenda que autoriza a terceirização irrestrita do trabalho. Repetiu a dose em março de 2017, votando a favor do projeto que permite às empresas a terceirização de todas suas atividades. 
     Em 2016 votou  favor da proposta que de entrega do pré-sal à empresas estrangeiras. Em 2018 votou a favor do projeto que possibilita a privatização de até 70% dos 5 bilhões de barris de petróleo contratados entre a União e a Petrobrás. 
          Em abril de 2017 foi favorável à Reforma Trabalhista. 
     Contraditoriamente ao discurso de alguns castilhenses envolvidos no apoio a este candidato que se dizem contra corrupção, mas, apoiam um parlamentar que em agosto de 2017 votou contra o processo em que se pedia abertura de investigação do presidente Michel Temer, ajudando a arquivar a denúncia do Ministério Público Federal.
         Na sessão do dia 25 de outubro de 2017, o deputado, mais uma vez, votou contra o prosseguimento da investigação do presidente Temer, acusado pelos crimes de obstrução de Justiça e organização criminosa. O resultado da votação livrou o Michel Temer de uma investigação por parte do Supremo Tribunal Federal. 




                        


    
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Resultado de imagem para Atualmente Paulinho da Força está com direitos políticos cassados por determinação da justiça durante um período de 5 (cinco) anos     
   
Paulinho da Força (Farsa) Sindical    
     Candidato a Deputado Federal, foi responsável por unir nesta campanha, em uma mesma mesa, dois adversários históricos em Castilho, o ex prefeito Joni e a atual prefeita Fátima. 
     Contraditoriamente ao discurso  moralista  dos dois, que prometem só apoiar Fichas Limpas, Paulinho da Força  está desde 2017 com direitos políticos cassados por determinação da justiça durante um período de 5 (cinco) anos. Porém, diferentemente de Lula, Paulinho da Força pede votos tranquilamente sem ter sua candidatura prejudicada pela justiça. 
     Paulinho foi um obsessivo apoiador do golpe de estado de 2016. Falsamente justificado por questões morais de luta contra a corrupção. Entretanto, é conhecido por fazer parte da chamada "Tropa de Choque de Cunha", grupo de 9 deputados federais que teve como objetivo obstar no Conselho de Ética todas as tentativas de investigação e punição do ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha, o qual possui contas em seu nome na Suíça. Trabalhou ativamente na campanha do colega de partido à presidência da Câmara. No Conselho de Ética, era um dos deputados mais atuantes na defesa de Cunha. Costumava apresentar reiterados questionamentos nas sessões do Conselho de Ética, como uma manobra para adiar ao máximo o andamento do processo. 
   Contraditoriamente ao que fez no impeachment de Dilma Rousseff, votou pelo arquivamento das investigações de Michel Temer no episódio das graves denuncias do dono da Friboi.
     

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Sinval Malheiros.

Tem feito campanha ao lado do ex petista Jamil Ono, que contraditoriamente se filiou a um partido que ajudou no golpe contra Dilma Rousseff. 
 Sinval Malheiros, é candidato a Deputado Federal, votou a favor do Processo de impeachment de Dilma Rousseff.
Já durante o Governo Michel Temer, votou a favor da PEC do Teto dos Gastos Públicos, aquela que congela os gastos com saúde e educação por 20 anos.
Em 2016 votou  favor da proposta que de entrega do pré-sal à empresas estrangeiras. 
Em março de 2017, votou a favor do projeto que permite às empresas a terceirização de todas suas atividades
 Em abril de 2017 foi contrário à Reforma Trabalhista. 
 Em agosto de 2017 votou contra o processo em que se pedia abertura de investigação do presidente Michel Temer, ajudando a arquivar a denúncia do Ministério Público Federal. 
    Na sessão do dia 25 de outubro de 2017, o deputado, mais uma vez, votou contra o prosseguimento da investigação do presidente Temer, acusado pelos crimes de obstrução de Justiça e organização criminosa. O resultado da votação livrou o Michel Temer de uma investigação por parte do Supremo Tribunal Federal (STF).

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   Estes são só alguns nomes de candidatos que tem  visitado Castilho nesta campanha. Como deputados federais são os que mais causaram estragos na vida do brasileiro. Outros estão em campanha na cidade.
   Cinicamente, alguns se dizem a renovação da política, mas pensam exatamente como os candidatos acima, são elitistas e odeiam povo.
     A dica que fica é que se deve investigar a atuação de seus candidatos no passado, do partido que estão filiados. Em tempos de internet este é um exercício fácil. Com pouco esforço descobrimos qual interesses defendem de fato.
   
   PS: este texto foi feito com base em pesquisas na internet.



Dóri Edson Lopes

terça-feira, 20 de março de 2018

Marielle, a PM e o culto a ignorância



“Cada vivo morre uma parte da morte de cada próximo
E seu fim total será quando morrerem todos os mortos
E o morto? Morre também em cada um dos vivos que morre”

(Joaquim Cardozo)

 Há quase uma semana morreu Marielle Francisco da Silva, no auge dos seus 38 anos, vereadora da cidade do Rio de Janeiro, defensora ferrenha dos direitos humanos, que utilizava do seu tempo para denunciar as milícias formadas por membros da Policia Militar de seu estado, amparar e auxiliar famílias de policiais mortos nessa guerra perdida contra o tráfico, além ser responsável pela fiscalização das ações dos interventores federais no estado do Rio de Janeiro, para que abusos não ocorressem.
 Eu a conhecia? Nunca tinha ouvido falar, confesso, mas, após sua morte tomei conhecimento de sua trajetória e confesso que percebi que foi alguém que fez a diferença, em sua casa, comunidade, cidade. Alguém que como o “Capitão Nascimento”, personagem do filme ‘’Tropa de Elite II”, enfrentou o sistema, mas, diferente da arte, na vida real, teve sua coragem extirpada, muito provavelmente por agentes da lei que deveriam lhe garantir proteção. Agentes que deveriam garantir que sua voz ecoasse, e não cessasse.
Com sua morte, morreu uma parte de cada vivo, dando mais um passo em rumo ao fim total, mas mais que sua morte, a reação de parte da população a tal acontecimento, matou mais do que as balas daquelas armas vendidas para Policia Federal, que foram utilizadas em sua execução.
Ver pessoas comemorando sua morte, atribuindo a ela o fato de ter sido morta pelos bandidos que a mesma defendia, quando provavelmente não, ela não foi morta pelos bandidos que ela defendia e sim pelos que ela enfrentava.

Ver gente rindo de uma execução, de uma vida perdida, se divertindo com o Estado sendo transformado em agente homicida, vindo falar que morreu não sei quantos PM e não houve tanta comoção e sei lá o que. Discursos assim, matam!
Não vi em meu perfil ninguém comemorar morte de policial. Não vi ninguém rir de notícias sobre policias que morreram, seja em combate ou à paisana. Podem existir, mas nunca vi em meu perfil, onde pessoas que eu conheço interagem.
Mas por incrível que pareça, vi pessoas rindo da morte da vereadora. Gente que se incomodou por haver comoção pela morte de uma pessoa pública, que cobra protesto contra morte de policiais, mas não faz protesto contra morte de policial. Gente feliz pela morte de uma “esquerdista”, disseminando mentiras, ferindo a memória de uma pessoa falecida, tudo em nome de uma ideologia, sem ao menos pesquisar sobre a veracidade dos fatos.
O fato é que temos a polícia que mais morre e que mais mata no mundo, isso é algo assustador.
Devemos sim debater o assunto, mas tendo em vista todo o contexto que está por trás dessas mortes, não de maneira superficial, como tanta gente faz.
O sangue que jorra das fardas não é responsabilidade só de quem atira, mas de quem produz a arma, quem transporta, quem faz vista grossa para facilitar a entrada, em troca de suborno, quem não quer debater uma alternativa a essa guerra que só tem tirado vidas.
O fato é que o problema da segurança pública é sério e não se resolve por memes, ou dando mais armas para a população.
É preciso entender que a polícia militar é uma entidade humana, com bons profissionais que dedicam a vida ao bem da população, e também com maus profissionais, que não desempenham a função para qual foram contratados, assim como em todas as instituições formadas por seres humanos.
Não deve se idolatrá-la, nem odiá-la, mas ter noção que há falhas, e que essas falhas devem ser denunciadas, e não vibrar com a morte de quem denuncia.
Espero que o fato ocorrido não cale a voz de outras “Marielles”!
Espero que bons policiais não tenham suas vidas cerceadas por essa luta sem fim, enquanto empresários, políticos e gente da “high society” lucra com a desgraça alheia.  
Espero que entendam que o fato de morrerem bons policiais, não é desculpa para justificar a morte de pessoas que denunciam maus atos de agentes da lei.
Espero o dia em que a ignorância não seja a regra e sim a exceção!

Silvinho Coutinho


quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

Quem matou nosso Carnaval?



O que faz do Carnaval a festa mais popular do Brasil?
Não que todos que o festejam sejam pobres e infelizes, mas o que faz do Carnaval a festa mais popular é o fato de que no Brasil a pobreza e a tristeza reinam. 
É o momento em que as pessoas extravasam suas angustias e decepções. É como muitos dizem: "o Carnaval é o momento de esquecer os problemas". E quem mais vive de problemas que a classe trabalhadora, essa classe massacrada?
Muitos dos que foram para a Praça da Matriz naquela sexta-feira de 9 de fevereiro foram "esquecer os problemas" do dia-dia, das contas a pagar, do baixo salário, das ameaças no trabalho, etc.

Foram também os jovens, que não têm tantas contas a pagar, mas têm o desejo de viver e serem felizes em uma cidade que não existe opção de lazer.
O Carnaval de Castilho era esperado há mais de dois anos. Foram dois anos que não ofereceram esta festa para os castilhenses por dizerem que havia outras prioridades, como o investimento em saúde. Mas será que a alegria também não traz saúde? Pelo menos a mental?
O Carnaval de Castilho era um dos mais populares da região e agora é também o mais mal falado.
Não há só um culpado pela destruição desta festa em nossa cidade.
Os brigões de fim de festa, esses embrutecidos da vida, também são culpados, mas são só a ponta do problema.
Os personagens principais rondam o poder, e não é só o poder político.
Afinal, por que não seguiram as recomendações da Polícia e do Ministério Público de fechar a Praça?
Por ignorância? Prepotência? Inocência? 
Nunca saberemos o motivo.
Porém, nenhum deles é pior que o autoritarismo de simplesmente mandar acabar com tudo. 
Segurança em primeiro lugar!
Sim, mas será que segurança só vem assim?
Não havia outras possibilidades?
Mudar o horário? Aumentar o policiamento?
E os gastos realizados na montagem de toda aquela estrutura? E os custos com a banda que trabalhou um dia e ganhou por 4? E os gastos com seguranças? Com servidores que dedicaram dias na organização do evento? E o comércio que se preparou para a festa? E os turistas que vieram festejar? As famílias? As crianças? Os Blocos?
Ou seja, o povo pagou a conta e não levou.
Parece que o que reinou no Carnaval castilhense não foi a briga dos ignorantes em praça pública, mas sim, a briga de soberbas dos ilustrados nos bastidores.
Soberba de quem organizou a festa e de quem mandou acabar com ela.
Pobre povo castilhense, sem a alegria do Carnaval, mas com muito trabalho pro resto do ano.



Dóri Edson Lopes

quinta-feira, 5 de outubro de 2017

La betê e Francisco de Assis - a nudez e seus contextos

  A polemica envolvendo a exposição “La bête”, que aconteceu no MAM, Museu de Arte Moderna de São Paulo, há alguns dias, trouxe à tona uma série de questionamentos por parte da sociedade brasileira, onde valores foram contestados, acusações foram feitas e principalmente muito ódio foi destilado.
 Tudo isso me trouxe muita preocupação, pois procuro ser uma pessoa que analisa o todo antes de expressar opinião, mas mesmo assim, vi que não há espaço na sociedade para ponderação e equilíbrio.
 Vivemos atualmente em uma sociedade maniqueísta, onde só há espaço para o bem e o mal. Não há contexto, não há espaço para dúvida, não se tem mais um olhar amplo sobre o que é discutido, há simplesmente um conceito simplista, onde o senso comum tem mais valor que o dicionário quando se trata em definir o significado de uma palavra. Se eu acho que cachorro signifique algo diferente de um canídeo, mamífero, subespécie de lobo, eu posso defini-lo como bem entender, afinal eu tenho esse direito.
  O fato é que hoje, após todo esse estardalhaço, o qual me trouxe perdas irreparáveis, simplesmente pelo modo como eu tento me posicionar de maneira mais abrangente, lembrei-me de uma mensagem que eu escrevi na época em que frequentava a igreja Batista.
  A mensagem se baseava em gênesis capitulo 03, onde discorre a narrativa da queda de Adão e Eva.
 No texto, após comerem a fruta do conhecimento do bem e do mal, perceberam que estavam nus, e sentiram vergonha, fazendo então, aventais com folhas de figueira. Deus, em seguida o chama, Adão diz que se escondeu da presença de Deus pois percebeu a sua nudez, sendo então questionado por Deus, sobre quem havia contado a ele que estava nu, se teria comido o fruto que Deus ordenou que não comesse, Adão, coloca a culpa em Deus, afirmando que a mulher que ele, Deus, deu para ele, que havia dado o fruto proibido. A mulher, por sua vez, culpa a serpente, dizendo ter sido enganada pela mesma.
 Analisando o fato anterior, e mais outros textos que utilizei na época para criar a mensagem, eu vi que a nudez representava a transparência da relação entre Deus e o homem, o qual sabia de tudo, via tudo, e só havia a bondade no homem a ser vista.
  Após a queda, o homem passa a ter consciência, passa ele, homem a ver essa relação como vergonha, pois agora, ele sabe que Deus o enxergará como ser que é, tenta se fazer aceitável para Deus, cobrindo sua nudez com as vestimentas de folhas, para que Deus não enxergue o ser que havia se tornado.
 Mas, isso não foi suficiente para que isso ocorresse, e ao ver que Deus o veria “nu”, mesmo com roupa, não admite seu erro, e joga a culpa de sua transgressão no próprio Deus, utilizando a mulher como bode expiatório. A mulher, também não admitindo a sua culpa, culpa a serpente pelo seu erro.
 Por fim, associei a vestimenta como símbolo da religiosidade, no caso a hipócrita, para ser claro, não generalizando todo religioso, onde o homem tenta se fazer aceitável pelas obras de suas mãos, "cozendo roupas de folhas de figos”, metaforicamente, através das “boas ações”, a moralidade, a caridade e por aí vai.
 Cristo, posteriormente disse, que nenhum homem chegaria ao reino dos céus, se não fosse pelas obras dele, Cristo. Paulo fala em Romanos 03, que não há um justo, nem um sequer, não há quem busca a Deus, todos se extraviaram. Em Efésios 02 Paulo novamente diz que, “pois, pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus”.
  Dessa forma, mesmo estando há anos desviado da igreja, eu ainda tenho comigo que só Deus pode fazer julgamentos acerca da moralidade do outro.
 Tento não ser o portador da verdade, sei o quão sou falho demais para julgar o outro.
 Nem toda a moralidade do mundo, ou a defesa da moral judaica cristã me fará aceitável para Deus, segundo a crença cristã.
 Eu posso julgar a minha moralidade, posso escolher criar meus filhos, caso venha os ter, respeitando os meus valores. Mas quem sou para julgar a moralidade do próximo desde que a mesma não fira a lei? Quem sou eu para chamar aquela mãe de safada, vagabunda, dizer que a mesma expôs a filha a pedofilia, se segundo o dicionário não houve ali nada pedófilo?
 Para mim, a nudez é tabu. Para mim a peça não teve sentido algum, eu não iria ver a peça, não me interessaria pela nudez não erótica, mas quem me colocou de juiz para julgar o que é arte e o que não é arte.
 Eu posso não concordar com a mãe que levou a criança, e tenho direito disso, mas, pela lei, a mesma não cometeu crime. Haveria cometido se tivesse exposto a filha a pornografia ou sexo explícito, mas não foi o que houve ali. Mas, se houver outra lei, se não a que me foi apresentada até agora, mudo tudo o que disse aqui, pois, se houve crime, deve se haver punição aos responsáveis.
 Temos todo o direito de não concordar, mas não podemos querer impor nossos valores goela abaixo a quem pensa diferente de nós.
 Meu principal medo é o fato de que tudo começa com “isso é uma safadeza”, torna-se “essa safadeza é pedofilia”, vira “pedófilo merece apanhar” e “morte a esse safado, pedófilo”. Se a morte acontecer, todos que ajudaram a criar a corrente de ódio terão um pouco de sangue nas mãos.
 Estamos vivendo um tempo de extremos, polarização e eu só não quero fazer parte dessa corrente...
 São Francisco de Assis, ao ser confrontado por seu pai, renunciado a tudo que tinha, pediu a benção de seu pai, tirou toda sua roupa e pregou a Cristo completamente nu.
 Isso é ser imoral? Ele incitou a pedofilia? Fez apologia a mesma? Foi pervertido? Não, foi considerado anos depois um Santo pela Igreja Católica.
 Se o mesmo repetisse tal ato hoje, como seria tratado?
 Você pode dizer “ah, mas naquela época não havia a maldade que existe hoje”. Será? Pesquise e veja como era o contexto da idade média.
 Por fim, espero ter deixado clara a minha opinião, a qual você tem todo o direito de discordar, mas não tem o direito de achar que sou um leviano, safado que defende a pedofilia.
 Eu não sou um exemplo de ser humano, mas esse certamente não é um dos muitos erros que já cometi.
 Para mim, toda essa discussão só serviu de cortina de fumaça para a aprovação dos perdões pornográficos de dívidas de empresas, igrejas e políticos.
Fomos estuprados enquanto olhávamos para o outro lado e ainda nem percebemos isso.



Silvinho Coutinho

terça-feira, 26 de setembro de 2017

Os Quiosques e a política higienista em Castilho

    O que seria uma política higienista?
    Um bom exemplo de política higienista é o que tem feito o Prefeito de São Paulo, João Dória,  que é acusado de ordenar à Guarda Metropolitana tomar de moradores de rua seus colchões, cobertores e jogar água em gente que dorme na praça da Sé em pleno frio de 5 graus, outro exemplo de higienismo vem do Prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil que não poupou o uso da violência para atacar trabalhadores de rua os chamados camelôs. Ou seja, dois exemplos que jogam para "debaixo do tapete" graves problemas sociais, políticos que agem de forma a mudar o visual de um lugar para que fique de acordo com o que eles acreditam ser o ideal, uma maquiagem na paisagem.
    O caso dos quiosques da praça são parecidos, guardadas as devidas proporções.
   Pensados e construídos no processo de "reforma" da praça, foram inaugurados no ano de 2009. Quiosques que nunca foram totalmente ocupados ao mesmo tempo. 
  Nos últimos anos, de todos, apenas um seguia funcionando.
  Não bastasse a quase total ociosidade, a principal crítica da população a esta obra se deve ao fato de ter sido construída sobre a principal avenida da cidade, atrapalhando a passagem de quem seguia ao único hospital que Castilho possui.
  Após o notório fracasso desta obra e às muitas criticas, a atual prefeita decidiu que o melhor era demoli-los e abrir novamente passagem na avenida.
  A insatisfação com estes quiosques era tanta que o atual governo fez questão de fixar na praça uma grandiosa placa de publicidade de seu feito, a reabertura da Avenida Getúlio Vargas.
   
 


    O caso destes quiosques, assim como outras obras em Castilho, é mais um projeto pensado em gabinete, sem qualquer consulta popular, feito de cima para baixo, cheio de preconceito com viés legalista.
     Quem conheceu a antiga praça, antes dessa "reforma" que na verdade foi uma reconstrução, sabe que a praça era um local cheio de vida, local de encontro de muitos jovens, era um ponto turístico, principalmente aos domingos com o tradicional forró.
    Por isso, ao longo do tempo foram se instalando vários comerciantes no local onde foram construídos os hoje demolidos quiosques. Aqueles comerciantes eram pessoas desempregadas que viram na praça uma oportunidade de ganhar um dinheiro extra vendendo lanches, pasteis, sorvetes, pipocas, etc.  
    O local se transformou em uma espécie de praça de alimentação, sempre movimentada. Era um lugar rentável a quem ali trabalhava.
    No entanto, para alguns, aquilo era um incomodo, uma fila de trailers sem padrão algum. Cada um do seu jeito, uns de lata, outros de madeira, outros em cima de uma mesa improvisada. 
    Pareciam um evento do tipo destes de Food Truck, mas em uma versão bem mais pobre, sem a pompa de classe média que paga 20 reais em um lanche. 
    Na época da construção dos quiosques o principal argumento utilizado foi o de legalizar a situação daqueles comerciantes, construindo um local padronizado. 
    Apesar dessa aparência legalista, o verdadeiro motivo foi promover uma "limpeza" no local, retirando aqueles comerciantes de improviso que não combinavam mais com o visual de uma praça toda remodelada, era preciso impedir que aqueles pobres desempregados com pouquíssimo poder de investimento  instalassem seu pequeno negócio em uma praça que recebeu investimento de um milhão de reais. A afirmação do site de notícias Hoje Mais, dá uma ideia disto.

       Na época, os quiosques foram construídos como alternativa para substituir os ambulantes que foram proibidos de permanecer ao redor da praça, com carrinhos de pipoca, de cachorro-quente entre outros.
Fonte: http://www.hojemais.com.br/tres-lagoas/noticia/geral/prefeitura-de-castilho-inicia-processo-de-demolicao-dos-quiosques-e-reconstrucao-de-trecho-de-avenida 

   Ou seja, uma avenida que dava acesso a um hospital foi fechada parar impedir a instalação de comerciantes/ambulantes na principal praça da cidade. Uma obra que nada mais fez que promover a expulsão de vários deles. Foram tratados como um problema, quando na verdade o problema estava sendo criado por uma solução higienista.
    Assim, muito dinheiro foi jogado fora por uma questão de preconceito, de gente que se incomoda com um visual de coisa pobre. "Mataram" a praça e no fim, nem uma coisa, nem outra.
   Se alí houvesse uma fila de trailers do Food Truck, certamente seriam tratados diferente. Seriam convidados até a Prefeitura para de alguma forma regularizarem sua situação.
Veículo de Food Truck. Ah se aqueles antigos comerciantes fossem assim.

    O que mais impressiona é que tudo aconteceu sem nenhuma voz para ao menos questionar uma ideia dessas. Passou pela Câmara e foi aprovada pelos mesmos que hoje batem palma pela demolição de um projeto que eles mesmos deram aval.
     Castilho é assim, muitas vezes só repete em escala menor o que é comum na capital.


Dóri Edson Lopes