segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Quem pariu os black blocs que os balancem!


"Se os militares tomassem o poder não estaria essa baderna!"
Frases desse tipo foram cada vez mais ouvidas ou lidas nas páginas do Facebook à medida que os protestos no Brasil foram aumentando e com o surgimento dos ditos Black Blocs, (mascarados que usam da força, promovendo ataques contra o que consideram símbolo do Capitalismo como bancos e empresas multinacionais) além de confrontar as forças policiais, que são designadas para manter a ordem.

Em Castilho, há uma semana, tivemos uma manifestação onde os nossos Black blocs, sem máscara, porém pintados de preto com carvão, fecharam a entrada e saída da cidade com pneus em chamas, impedindo as pessoas de entrarem e saírem da cidade pela via principal.
Houve aqui também o uso da força, confusão, desordem, e violência em certa medida, causando transtornos para pessoas que, como eu, tiveram que ir pela estrada de terra passando por Paranápolis para chegar em Andradina. Tudo isso por motivos como falta de moradias, iluminação pública, a falta constante de água para os moradores daquela localidade, entre outros problemas que afetam a qualidade de vida daquelas pessoas.
Depois do ocorrido algumas pessoas questionaram a Polícia Militar por não ter chegado a “marreta” nos manifestantes, pois, onde já se viu um bando de “vagabundos” tirar o direito de ir e vir das pessoas? Alguns disseram que se fosse no tempo dos militares esses desordeiros não teriam essa coragem de fazer bagunça. Outros defenderam que se deve protestar sim, mas com ordem e diálogo, que o uso da força não é legítimo.
O que muitos não percebem é que não há nada simples quando se diz respeito ao ser humano. Os black blocs, sejam os das capitais ou os nossos, não surgiram do nada, mas foram gerados e depois abandonados por seus pais, se tornando crias rebeldes. Mas quem são os genitores dos “baderneiros”?
O sistema capitalista é uma mãe de vários filhos que não consegue disfarçar sua preferência por alguns, se empenhando no cuidado de poucos e se ausentando do cuidado de muitos. Ela vê que não pode oferecer o seu melhor para todos e por isso sem culpa age com negligência, deixando as migalhas que caem da mesa dos seus preferidos para alimentar os “cachorrinhos”.
Créditos: Portal Castilho
Já o Estado é um pai obeso, preguiçoso, que não trabalha o suficiente para garantir o sustento de todos os seus filhos. Ele não consegue oferecer segurança, educação, saúde para toda sua prole e, por isso, fecha os olhos ao ver a mãe tratando suas crias de maneira tão desigual.
Alguns dos que não se sentam a mesa do baquete familiar acreditam que podem um dia fazer parte, afinal alguns poucos irmãos mais velhos conseguiram por esforço adquirir uma vaguinha. Outros, mesmo sabendo que não tem condições de se sentar a mesa, não se importam, pois pensam que o importante é manter a “ordem”. Porém, essa distorção gera em alguns o ódio por verem que alguns irmãos tem a dispensa toda da família a seu dispor, enquanto a maioria deve se contentar com o que sobra da ração dos gatos e é esse ódio que faz surgir os black blocs, ou os caras pintadas daqui, que mais do que melhorias, querem acabar com a ordem do mundo em que vivemos, causar transtornos para que sejam percebidos, desafiando a ordem que não os beneficia.
E agora me pergunto: usar da força militar, seja a PM ou as forças armadas, vai resolver o problema? Claro que não, mas para quem está sentado a mesa isso não interessa, desde que seus irmãos “punks'' parem de atrapalhar seu almoço.  Isto é perfeitamente compreensível, agora ver pessoas que estão a margem, defendendo este discurso me causa certo estranhamento.
Exigir ordem e diálogo de quem mal sabe se expressar por não ter tido uma educação de qualidade, que cresceu em uma família onde pai e mãe não foram tão presentes, pois ambos tinham que se matar de trabalhar para dar o mínimo para o filho. Alguém sem acesso à cultura, a lazer, alguém que quer ter as mesmas coisas que vê as pessoas das novelas tendo, bombardeados pelo marketing que cria uma necessidade "artificial" no indivíduo apenas para inserir um desejo de obtenção de algo por vezes inútil, mas que faz seus olhos brilharem, mas que ao trabalhar em uma fábrica ou no comércio percebe ao receber seu primeiro salário que esta vontade de compra não pode ser satisfeita.
Exigir diálogo de alguém invisível para o poder público, que percebe que só é “percebido” como ser humano na época da campanha eleitoral. Exigir ordem de ideias a alguém que nasceu no útero da violência e aprendeu desde cedo a linguagem universal do medo. E pior, torcer para que as forças de ordem utilizem dessa mesma violência para que a “paz” volte é no mínimo contraditório.
Só uma reforma no sistema pode amenizar o ódio destes filhos rebeldes. Quando o capitalismo for menos selvagem e excludente (se é que isso é possível) e quando o Estado enxergar mais o indivíduo, buscando criar condições para que o mesmo se desenvolva, e quando digo isso não falo apenas economicamente, mas proporcionando conhecimento, cultura, lazer e experiências de vida, o ensinando a refletir, pensar, criticar para que dessa forma possa saber dialogar. Antes disso, podemos até não concordar com os meios utilizados, mas temos que compreendê-los, deixando de lado este discurso raso que frequentemente adotamos, de que todo tem as mesmas oportunidades, de o que o diálogo resolve todos os problemas do homem.



Se os franceses pensassem assim, a Revolução Francesa nunca teria ocorrido e aquele país ainda hoje seria governado por reis opressores e que pouco se importavam se haviam miseráveis nos arredores do Palácio, entre outros exemplos claros onde era necessário criar a desordem para gerar uma nova ordem melhor para os cidadãos.
Se não houver mudanças profundas na forma como são desenvolvidas as relações econômicas e sociais, teremos que conviver com os infortúnios da revolta, afinal, como diz o ditado popular: “quem pariu os black blocs, que os balancem”

Silvinho Coutinho 

Um comentário:

  1. Black Blocs sem máscaras!
    Com as velhas caras e atitudes de sempre!
    Brasil segue com suas mesmas caras!
    Cara pintadas?
    Caras mascaradas?
    Que diferença poderá se ter?
    Com as verdades sobre esses grupos, sempre tão fácil e clara de se perceber!
    Precisamos de mais um líder oportunista da UNE?
    Ou quem sabe, nesse estilo mais moderno e camuflado. Algum grupo seja à redenção dessa terra de eternos explorados ou alienados!
    A revista ÉPOCA fez uma extensa reportagem sobre os black blocs, com sua estrutura financeira por trás de tais manifestantes no Brasil.
    O que foi revelado?
    O que sempre falamos, como pessoas conscientes dessa atual realidade.
    Envio de dinheiros para esses "corajosos e apartidários revolucionários"!
    Instituições, antigas conhecidas nossas são alistadas como colaboradora desse grupo. A CNBB negou qualquer envolvimento, mas, o jornalista que coordena a ONG Defensoria Social, o braço forte por trás dos black blocs, ainda relacionou entre seus contatos os padres católicos Combonianos e a Central Operária Boliviana.
    Por favor... queria ficar surpresa com tais "descobertas"!
    Porque será que não consigo???
    Mais um Lindberg Farias "ao avesso"???
    Será que tem PT por trás de tudo isso??
    O Passe Livre?
    NÃO ME FAÇAM RIR!
    RESPEITEM MINHA INTELIGÊNCIA!
    Um grupo cem por cento de "amor à causa"??
    Um Brasil dos BRASILEIROS???
    "Pera"...vou pegar minha máscara de PALHAÇA!
    FALA SÉRIO!!!
    ( Raquel Santana )

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