quinta-feira, 22 de novembro de 2012

A educação pelas estradas.




Eu iria escrever um texto sobre o abusivo número de pedágios na rota entre Castilho – Campinas. Seria até um texto interessante, didático, com números e tal. Mas acho que o didatismo não combina comigo, prefiro as vãs filosofias, o converseiro mole do boteco. Fazendo a viagem em questão, tive o divino insight: explicar a plataforma de governo psdbista por meio do aprendizado dessa viagem. Faço isso no percuso, com o notebook em mãos. Ao meu lado o Samuel dirige e faz uma correlação entre a beleza das atendentes e o preço das tarifas de cada pedágio.
O lance é o seguinte: a plataforma de governo do PSDB se baseia num tripé de três “P”. São eles Pedágio, Polícia e Penitenciária. E eles estão expostos ao longo de toda essa interminável Marechal Rondon. O primeiro “P”, dos pedágios, te lembra que pra cada benesse, ou seja, uma pista bonitinha (ah tá!), o Grande Estado precisa cobrar. Tá,  esqueçamos que ele já faz isso quando você paga IPVA, Licenciamento e o escambau. O esquema é que se você precisa de algo e o Grande Estado detém o direito sobre aquilo, ele pode muito bem cobrá-lo como Estado e depois privatizar o serviço, abrindo a possibilidade que alguém lucre sobre a sua necessidade. Mas, o Grande Estado, como o tal Grande Irmão do livro 1984, precisa garantir a sua segurança, cidadão camarada. Para isso, as teletelas, digo, as câmeras dos radares te monitoram, afinal, você não quer se estropiar todo, enchendo as filas dos já superlotados hospitais.
O segundo “P”, o da Polícia, está lá, sempre a direita de quem vai, margeando a infinita highway da nossa vida. Ela é o reforço: te lembra que o Grande Estado pode, além de te vigiar, te punir. Capacetes e cassetetes reluzentes te lembram da força do Grande Estado. Não importa que os policiais sejam uns mal pagos e estejam sangrando pelo vil estanho do PCC. Dá nada, deste que você lembre que eles estão lá, como cães de guarda a serviço do lei. Por fim, o terceiro “P”, o da penitenciária, o último grande castigo. Se as câmeras e os cassetetes não te corrigiram, menino levado, tu será guardado junto com os caras maus. Lá você terá uma vida de ócio, boa comida, e dependerá da boa vontade de um sinal da TIM e de um advogado (ai, cruzes!) para se comunicar com o mundo exterior. E nada de ficar atualizando status do facebook, pega mal.
Isso foi o que a estrada me mostrou: o modo operandis desse Grande Governo Psdbista. É assim que eles te ensinam a ser um cidadão camarada. Na educação de verdade, a coisa é diferente. Isso porque, num governo psdbista, com sua eficientíssima progressão continuada, se você é pobre miseravelmente o bastante para depender do ensino público, você não precisa se esquentar em aprender, basta ir para a escola e respirar. Lá você vai encontrar um pedinte de giz na mão, necessitado de atenção e de um bom prato de comida. Aliás, ta aí uma boa medida: permitir que professor levasse um boné para a sala de aula, no intuito de recolher donativos dos alunos mais espirituosos. Os insultos e as bolas de papel viriam de brinde e estariam de bom tamanho, afinal, o que esses professores querem? Ensinar? Ah, vá! Nesse nosso nobre Grande Estado a educação vem é pelas estradas.

                                                                                                    Juliano Cardoso

P.S: Ao contrário do J.R. Guzzo, eu procuro pesquisar, mesmo que apenas no Google, antes de escrever. Descobri que o valor do IPVA é dividido entre o Estado e a cidade de origem do carro. Também descobri que o valor não é diretamente repassado a construção e manutenção das estradas, pois parece ser proibido que sejam criados impostos para um fim específico. Dessa forma, o dinheiro que você paga de IPVA se une com a grana dos outros inúmeros impostos, para depois ser redistribuído entre saúde, educação, corrupção, salários e regalias de políticos e... construção e manutenção das estradas. Outra coisa interessante é que, apesar de privatizadas, as estradas continuam a receber reformas bancadas pelo Estado, algo que o opositor Dori já tinha me dito e que pude ver durante a viagem, nas placas postas ao lado da pista.

6 comentários:

  1. seria "a" lei e "modus operandi"..sorry.

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  2. Ja cornetei tanto esses moleques do psdb que ja não estou ficando nervoso com as brincadeiras deles(como se fizesse diferença kk). Chega a ser engraçado ver o rapaz lá brincando de ser governador e seguindo a risca a cartilha que deram qndo ele se matriculou no partido... Só quem não acha graça são os professores e trabalhadores da segurança publica. De resto, todo mundo rí, a gnt passa de ano, mora num estado rico com estradas perfeitas e vota nos mlks zika pra nos governar sempre. êê SãoPaulo.

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  3. só falta o governo psdbista melhorar a estrutura das escolas públicas e privatizá-las.

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  4. Sou esta pedinte de giz na mão, necessitando de atenção, perdendo a voz em sala e comendo (escondido, rs)aquele "cuscuz alegado", mencionado por Amanda Gurgel. Recebo os brindes da bolinha de papel (diga-se de passagem, cada vez mais reforçada e dura de tanto papel) e ainda ouço dos meus alunos:"professora, porque a senhora não ficou em casa?" Cidadãos camaradas...o que vou fazer ou dizer? O jeito é chegar perto do aluno, verificar se ele ainda respira...e dar 10! rs

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  5. Não é só PSDB, são todos os partidos. Vejamos o exemplo atual do PT. Hoje partido não tem mais ideologia. Conheço gente que monta partido em causa própria. Tudo é o poder, como chegar ao poder!!! Tem um ditado que diz, dar poder a quem não tem, e depois veja a transformação. Agora é aguardar o Lula governador de São Paulo, quem sabe ele não faz o que o PSDB fez em nosso Estado. Achar que é dono, que pode fazer tudo o que quer!!! Coragem amigos, vamos lugar não pelo partido, mas sim por nossas futuras gerações, pois a nossa geração já foi muito vitimada. E quanto Amanda Gurgel, vamos ver se agora eleita vereadora, vai mesmo trabalhar pela Educação. Veja tantos com o discurso lindo, mas na prática não cuida nem do que tem obrigação de cuidar. Vamos deixar de ser hipocritas, achar que podemos mudar alguma coisa. Podemos sim conscientizar para uma quem sabe futura mudança de pensamento. Veio pedágio, veio penitenciária, e não remuneram a polícia como deveria, isso, tudo é culpa nossa, pois a gente que escolheu indiretamente quem esta no poder. O povo tem político que merece. Antes da eleição a gente só cobra, na época de eleição o povo é comprado, e depois da eleição é só lamentação.

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    1. Ocorre que o fato de a culpa ser nossa é dotado de uma inexorabilidade sem começo, meio, nem fim, tal qual uma circunferência. Como dito, não há partido, não há ideologia, não há compromissos. O que há, como já dito, é a eterna, crua e sangreta luta pelo poder. Antes dele, há muitos ideais, compromissos. Após alcançá-lo, nenhum governante se furta ao pragmatismo. Fui comunista, socialista e, por último, petista. Felizmente, o verbo repousa nas cinzas do pretérito. O poder só é alcançado por meio de uma confluência de forças, que se fundem numa miscelânea caótica, as quais sempre terão uma fatura à mão a ser cobbrada e paga. Por nós, evidentemente.

      David Dias

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