terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Castilho-SP e as limitações da atual democracia




A poucos dias do fim do ano cresce a expectativa no mundo político dos milhares de municípios do Brasil em torno dos novos eleitos e em Castilho isso não é diferente. Neste sentido, a intenção é avaliar neste texto alguns aspectos da política local dos últimos anos, mas não meramente sob uma perspectiva administrativa e burocrática, mas sim numa visão político-histórica de luta de classes.
É fato que Castilho teve nestes quatro anos que se passaram um dos mais polêmicos e impopulares governos da história deste município. Privatização da água, constantes mudanças de comando de importantes cargos públicos, inúmeras denuncias de corrupção, acusação de demissão de cargos comissionados da educação por não apoiarem o prefeito e candidato à reeleição, terceirizações de serviços públicos, reforma de hospital particular e não construção de um novo como prometido, denuncias de mandos e desmandos da primeira dama, criação de inúmeros cargos de comissão, etc; foram apenas alguns dos fatos ocorridos neste período que no mínimo causaram muita polemica.
Nada disso é novo e nem exclusividade da atual administração, a tudo isto pode-se somar, por exemplo, a construção de um portal de entrada da cidade, ou a reforma da principal praça em detrimento da oferta de mais casas populares e de melhor serviço de saúde para a população. O que dizer então do investimento público na construção de uma usina de álcool a toque de caixa ou ainda de uma fecularia, ambas terceirizadas?
O que estas ações governamentais têm em comum é seu caráter autoritário, são ordens que vem de cima para baixo, executadas a partir da decisão de uma pessoa ou de um pequeno grupo de pessoas que rondam o poder e procuram, acima de tudo, atender os interesses de gente economicamente bastante influente no meio político do municipio, como: empreiteiros, empresários prestadores de serviços públicos, fornecedores de material escolar, de construção, dentre outros.  Além disso, a história de Castilho tem vários exemplos de desiquilibrados que chegam ao poder e passam a tomar decisões conforme a vaidade manda, fazendo da população refém de um destemperamento.
Tudo isto só mostra como o atual regime é concentrador de poder. A participação popular nas decisões do município se restringem, na maioria das vezes, apenas ao voto dado de quatro em quatro anos, é nisto que consiste o atual regime democrático e que infelizmente é constantemente manipulado pelo dinheiro ou por favores a uma população bastante carente.
Não se trata de menosprezar a dura conquista do direito ao voto. A democracia, mesmo aos moldes da burguesia, ou seja, ganha quem tem mais poder financeiro, é ainda assim um grande avanço frente à ditadura desta mesma classe. A experiência brasileira do período considerado como anos de chumbo (1964-1985) é prova disso.
As relações de poder na atualidade são mais favoráveis à classe dominante, uma situação que só pode ser mudada com base em profundas transformações, só possíveis em escala nacional e que vão muito além do território castilhense, trata-se de mudanças que envolvem a tomada de poder pela classe dos explorados, de forma a promover uma revolução na lógica de funcionamento do Estado.
Esta é uma tarefa grande, talvez distante, enquanto isso a população de Castilho deve reivindicar maior participação nas decisões do município, e pensar em formas de organização popular, seja movimentos ou um partido cujo programa esteja realmente a serviço da maioria e que exija e promova a participação popular no poder municipal.

Dóri Edson Lopes

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