terça-feira, 4 de dezembro de 2012

O velho Chico: da transposição à ascensão do nordestino.



Foto retirada do Blog de Assis Ramalho



Por meio deste texto, tento suscitar um debate já esquecido pela mídia, pois, já não dá mais IBOPE. A moda agora é outra. O que liga é o tal do mensalão ou do bicheiro Carlinhos cachoeira ou, para aqueles que gostam de uma pegada mais sangue no “zói”, o caso do goleiro Bruno. Isso sim vende, dá ibope, prende a atenção do telespectador alienado que almoça assistindo jornal sensacionalista.
Estou aqui para lembrá-los do velho Chico. Você o conhece, querido leitor? Não!  Já se esqueceu das boas aulas de geografia tradicional que teve? E se eu lhes disser que o velho Chico é o mesmo Rio São Francisco, agora você lembrou, né? Ainda não? Pois bem, farei uma breve contextualização para situar você, leitor, sobre o que vamos conversar aqui.
O rio São Francisco apresenta 3.163 km de extensão da sua nascente (Serra da Canastra, em Minas Gerais) até sua foz (Praia do Peba, em Alagoas). Sua bacia abrange 640 mil km², envolvendo terras dos estados de Minas Gerais (MG), Bahia (BA), Sergipe (SE), Alagoas (AL) e Pernambuco (PE). Agora que você já tem informações sobre o nosso personagem principal, tratarei de um assunto esquecido e pouco conversado: a transposição do rio São Francisco.

Foto retirada do site R7.com
Este projeto é antigo e, lendo alguns textos, pude constatar que esta ideia data do século XIX e tem por objetivo resolver os problemas no semi-árido que há tempos sofre com seca. Mas isto em certo ponto é bom para o Estado que mantém uma fonte de mão-de-obra barata para quando precisar construir uma outra Brasília.
O embate se dá pelas divergências. O RIMA (Relatório de Impacto Ambiental) apresenta falhas e deixa de fora questões importantes para sobrevivência do rio. Outro ponto não menos importante e pouco discutido é a questão da salinização dos solos que pode ser potencializada com a transposição, gerando prejuízos e custos inestimáveis para a recuperação do mesmo, sem contar com inúmeros fatores de risco que comprometem a vida e a qualidade do rio.
Um fato que deve ser ressaltado é o de que o projeto de transposição do São Francisco pretende expandir a fruticultura através da agricultura irrigada. Agora, pensem comigo: será que é viável um projeto dessa magnitude, onde estão sendo injetados bilhões? Será que o Estado está pensando realmente na população que sofre com seca? Ou os interesses são outros?
Só para se ter uma idéia, o Nordeste é um dos maiores produtores de fruta como melão, manga, abacaxi e outros. Agora me pergunto: se grande produtores conseguem produzir, porque pequenos produtores não o conseguem? Será incompetência dos mesmos?
Creio que se o intuito fosse de fato mitigar os problemas da seca, formas alternativas e de baixo custo seriam implantadas, mas isso é Brasil e existem sempre outros interesses em jogo. Agora reflita, caro leitor: os riscos justificam os benefícios?




Rodrigo Ferreira Costa, professor de Geografia.

Um comentário:

  1. E quando quiserem fazer a transposição do Rio Tietê, Paraná ??? Será que vamos dizer amém igual a população destes municipios que fazem parte da trasnposição do rio são francisco??? Interesses políticos esta acima de tudo!!!!

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