segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

a letalidade de nossa estupidez


              
             Difícil começar o texto de hoje sem ser óbvio, afinal, falarei do óbvio: a tragédia de Santa Maria. Os jornais na TV e na internet vão pelo caminho de sempre: excesso de informação supérflua e sensacionalismo. As mídias sociais jogam nas nossas caras a idiotice humana. Na verdade, como passei parte do domingo off, só fiquei sabendo do ocorrido no final da tarde. Entrando no facebook, me deparei com um converseiro mole sem fim.
                Não sei sobre o que falar sobre o ocorrido. Quando vi os perfis dos mortos, suas fotos e histórias me lembrei de uma outra tragédia, a do Morro do Bumba, no Rio de Janeiro. Isso porque, terrível distinção, até na morte a situação social faz diferença, afinal, os mortos do Bumba não tinham perfis. Parece-me que até hoje tem famílias que não conseguiram enterrar seus mortos porque não foi possível encontrar os corpos nos entulhos. Também não se pode precisar o número exato de mortos (a versão oficial fala em pouco mais de 250) porque algumas famílias podem ter desaparecido por completo, sem ter ninguém para reclamar o desaparecimento. Terrível.
                Também me lembrei do Tsunami de 2004 que matou cerca de 223 mil pessoas. Ao fazer a relação do tsunami com o caso de Santa Maria, cheguei à conclusão de como a estupidez humana é letal, mesmo quando comparada as piores fenômenos da natureza. Ora, a hecatombe ocorrida no Oceano Índico matou quase mil vezes mais do que a tragédia de RS, no entanto, se formos fazer uma mórbida relação de custo benefício, nossa estupidez vence fácil. Ora, para matar as 200 mil pessoas, a natureza precisou movimentar forças apocalípticas. O terremoto que gerou o tsunami alcançou 9,1 na escala Richter, o que, segundo os especialistas, chegou a mover o eixo da Terra. Coloque isso numa balança e do outro lado do fiel coloque uma boate mal feita e um idiota brincando com um sinalizador. E o que temos? Nossa idiotia é muito mais letal.
                Um terremoto é inevitável, uma tsunami também. Mas fazer acessos para as pessoas saírem de um recinto em caso de emergência é simples demais.  Sufocar numa caixa de alvenaria com uma única e insuficiente porta para escapar é um jeito muito bobo de duas centenas de pessoas morrerem. Bobo, mas previsível, basta que o acaso ocorra. E não precisa ser um terremoto, basta um imbecil para começar o tumulto ou o incêndio.
                Agora é hora dos pais, filhos, maridos, mulheres chorarem seus mortos.
                Nossa estupidez é mais letal que qualquer catástrofe natural.

Nenhum comentário:

Postar um comentário