segunda-feira, 22 de julho de 2013

Minha vida no ônibus





São 10h32min da manhã. Uma chuva se aproxima e a minha eterna falta do que falar fez com que refletisse sobre o transporte dos estudantes castilhenses. Estudei e ainda estudo em universidade pública. Durante esses cinco anos de UFMS, presenciei diversas histórias: ônibus quebrado na estrada, ônibus parado na barreira policial e as inúmeras estórias contadas pelo amigo Ricardo Piau.
As manifestações no ultimo mês tiveram sua origem por melhorias no transporte público. Pois bem, em Castilho há uma justa desigualdade no transporte dos estudantes e um silêncio perturbador dos que sofrem com isso. Assim decidi escrever sobre algumas experiências nessa pugna de conquistar um diploma.
Meu primeiro dia no ônibus foi inesquecível, vários amigos da escola lá iniciando a vida acadêmica, me pintaram! Trágico! Ao longo do tempo alguns foram desistindo e outros chegando, mas o descaso com os estudantes continuava, quando daquela vez em que nos esqueceram na UFMS. Como se esquecem 40 e poucos alunos? Não sei...
Com o tempo as condições dos ônibus só pioravam. Já quebrou marcha, já saiu uma fumaceira danada na ponte. O mau humor dos motoristas era cômico, mas não podemos obrigar ninguém a trabalhar sorrindo, certo? Falar de motorista e sorriso eu me lembro do Bigode, esse sim deixou saudades, sempre sorrindo e quebrando o galho esperando quem estava atrasado.

No meu último dia da graduação, que beleza! Uma van em bom estado! Só que não... A Polícia Rodoviária Federal nos abordou e o veículo estava com os documentos irregulares. Desce todo mundo e bora pedir carona pra chegar a Três Lagoas.
Seria cômico se não fosse trágico, olhar para os estudantes das faculdades particulares utilizando o melhor do transporte castilhense e se perguntar por que nós não temos isso? Como se não bastasse, a picuinha de alguns estudantes quando pegávamos carona no ônibus bom. Caramba, somos todos estudantes e amigos na cidade, mas como o ditado:

”amigos, amigos; ônibus a parte”

Depois de algumas tentativas passei no mestrado. Legal, comecei a estudar de dia, encontrei amigos do Armel na UFMS e o melhor, não tinha ônibus da prefeitura, isso mesmo, o que existia eram os passes para utilizarmos a empresa Reunidas. Tirei xerox da minha vida toda e descobri que tinha uma vacina vencida.
Doeu? Sim, no meu bolso. Já passou um semestre do mestrado e os passes para os estudantes não saíram. Quem sabe quando eu for defender minha dissertação saia. O que importa nessa história é que o transporte estudantil deveria ser lobby para a eleição de qualquer político.
Vídeo de Giovani Francisco
Contei minha história, com certeza há outras do pessoal da UNESP, Faculdades Particulares, cursinhos e transporte das escolas da cidade. Fica aqui a necessidade de união de todos os estudantes castilhenses por um transporte melhor e igual para todos independente da unidade de ensino.
A chuva chegou e com ela a hora do almoço...

Danilo Souza


2 comentários:

  1. o desunião do povo é o grande problema, digo isso pois quando o problema é com o salario dos professores o resto não se manifesta, quando é com o transporte o dono do carro particular não se manifesta e quando é com a saúde...... bem acho que todos me entenderam, enfim a desunião é o GRANDE problema

    ResponderExcluir
  2. Eu estudei durante 7 anos em Três Lagoas, nos três primeiros anos estudei em uma faculdade particular, sendo um ano e pouco indo de ônibus da Reunidas (03/2000-08/2001), e no restante como eu havia mudado para o período noturno passei a utilizar o transporte escolar. E realmente, fora os documentos dos ônibus que viviam em atraso, com o qual sempre corríamos o risco de parar na barreira, podíamos desfrutar de um conforto durante a viagem, não claro sem presenciar as diversas brigas que sempre reinavam no ônibus entre os próprio alunos, seja por atraso, seja por conta da semana de prova, e por aí vai... Sem falar quando 'os alunos da UFMS, ou das escolas técnicas' pegavam carona.

    Então, nos anos 2007 voltei à Universidade. Novamente de volta às rotinas acadêmicas e 'pegando' o ônibus da Reunidas. Como fui bolsista, e sempre participava de atividades na universidade, muitas vezes tive que ficar até de noite, e é aí que o problema se manifestava... Muitos alunos olhavam torto por conta que eu e mais uma amiga não éramos 'frequentadoras' do ônibus, outro problema era embarcar em Castilho, não tínhamos carteirinha, pois como utilizávamos o ônibus da Reunidas, não nos preocupamos com a confecção de tal. Mas nos anos seguintes, tivemos que fazer a solicitação da carteirinha, senão, não poderíamos usar o ônibus. E assim, correram os anos seguintes. Presenciei muitas coisas, que além do transporte escolar falho, e como a maior parte 'frequentei' a Reunidas, posso falar deste transporte que muitas vezes nos deu dor de cabeça... Ônibus lotado, as catracas que sempre davam trabalho, as puladas nas catracas que às vezes éramos obrigadas a dar se quiséssemos descer do ônibus na parada certa, e aquelas vezes em que o ônibus passava direto, sem parar e dizia que vinha outro ônibus atrás, às vezes realmente vinha, mas outras vezes, tínhamos que esperar passar o ônibus do próximo horário... E como sempre presenciei brigas, mas desta vez eram brigas entre os usuários do transporte, e os motoristas, brigas que eu chegava a me envergonhar de ser... Ser humano... Para àqueles que conseguem enxergar além dos fenômenos, sabem que a culpa não é do motorista, e claro, também não é dos usuários do transporte coletivo, mas a culpa pelo descaso é dos donos da empresa. Porque é isso que o capital faz de mais 'brilhante', e nós não percebemos... Colocar trabalhador, contra trabalhador. Todos se gladiando. Enquanto os trabalhadores ficam muitas vezes defendendo o seu, uma vez que a ideologia dominante conseguiu estabelecer o individualismo, a competitividade, etc., nós ficamos lutando entre nós mesmos. E não conseguimos enxergar a raiz do problema. E assim segue, enquanto não pararmos de nos preocupar com nosso próprio umbigo, e sair dessa mesquinhez de brigar somente quando algo nos atinge, será sempre assim. Enquanto os trabalhadores, NÓS, não enxergarmos que somos uma classe só, a classe trabalhadora, não conseguiremos nos libertar das amarras que nos prendem. Como assinala Karl Marx “Que as classes dominantes tremam à ideia de uma revolução Comunista! Os proletários nada tem a perder nela a não ser as correntes que o aprisionam. Tem um mundo a ganhar”. Ou seja, os trabalhadores, devem se unir e se libertar , pois quando a classe trabalhadora adquirir consciência de classe, poderemos nos organizar , e assim lutar unidos pela mesma causa. Por transporte de qualidade, por moradia, por saúde, etc.

    Enquanto eu cumpria os créditos do mestrado em Corumbá, novamente me vi as voltas com o transporte público. Infelizmente não pude participar das manifestações, uma vez que eu já havia ido embora da cidade, mas algo que pude presenciar foi a população se mobilizando por uma causa, e outras causas foram surgindo, mas a população estava unida. E confesso que o transporte por lá é uma calamidade. Uma vergonha para o cidadão. Vergonha para nós, porque para os governantes só serve de palanque nos dias de eleição.

    ResponderExcluir