segunda-feira, 3 de junho de 2013

Marcha das Vadias

Dias atrás teve a Marcha das Vadias em várias cidades brasileiras, protestando sobre os vários casos de estupro e violência sofridos por nós mulheres. A marcha protesta também contra a afirmativa que esses abusos podem ser ocasionados pelas roupas que usamos. Logo, a violência cometida contra nós é consequência de nossos próprios atos.
 Lendo comentários de leitores sobre um texto a respeito da marcha na internet (não me lembro qual o link), um deles perguntava por que o nome vadias, já que se auto depreciava. Fiquei pensando sobre isso e fui pesquisar mais sobre o tema.
Após vários casos de abusos sexuais ocorridos em uma universidade de Toronto, Canadá, um policial pediu que as mulheres evitassem se vestir como vadias para conter os fatos ocorridos. E daí surgiu o nome e o manifesto, lá em 2011. Assim, o título já é um protesto, pois não importa o termo usado, não são as roupas que usamos que dá liberdade aos homens de serem irracionais.
Quem não se lembra do caso da Geisy Arruda ou mais recentemente da Nicole Bahls que foram agredidas por conta da roupa que usavam? A primeira foi hostilizada e expulsa de uma faculdade com gritos a chamando de puta por estar trajando um vestido curto. Já Nicole,  mesmo após revidar os toques impróprios,  foi abusada na frente de várias pessoas pelo diretor de teatro Gerald Thomas. O motivo: já que ela estava “seminua”, estava pedindo por isso.

Recentemente li um excelente texto dissertando a respeito da repressão das mulheres na sociedade e das agressões verbais que silenciosamente, ou nem tanto, sofremos (leia aqui: http://papodehomem.com.br/como-se-sente-uma-mulher/). Tenho que certeza que por essa, de tão corriqueira, todas nós já passamos e acabamos nem nos importando mais. Essas são aquelas “cantadas” nojentas que ouvimos na rua dos  homens e que, após ler o texto, me fez recordar as várias vezes em que me senti envergonhada e mal nessas situações, me culpando por tal atitude deles.
Não sei se você, leitor, percebeu que várias vezes me incluo e incluo também todas as mulheres leitoras nos sujeitos do texto. Quero com isso dizer que, independente da roupa que usamos, seja ela curta, justa ou transparente, ou com nossos atos, sendo “santas” ou vadias, todas nós somos livres. Não é porque usamos uma saia curta que não estamos nos dando respeito e pedimos por uma liberdade dos homens. O que queremos é mais que isso, merecemos, é respeito.

Thaís Coelho

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