domingo, 19 de maio de 2013

O mal do Brasil: somos muitos burros



            Terra à vista, gritou Cabral, em 1500, quando deu com os olhos nessa imensidão. Essa merda tá fazendo água gritou alguém, 500 anos depois, quando inventamos de fazer uma réplica da Nau usado pelos nossos descobridores. Era a comemoração de nosso 500° aniversário, mas poderia ser a data simbólica de nosso óbito. Fracassamos. Fôssemos nós os conquistadores, os portugueses estariam esperando até hoje.
         Ah, esses brasileiros nos matam de vergonha. Esses, você sabe, nós. Somos uns burros. Vá lá, burro é palavra feia e discriminatória ao animal. Vamos dizer: o brasileiro tem um grave défict intelectual. Nada congênito, não se preocupe. É cultural, social. Não temos bagagem, não acumulamos conhecimento. Somos rasos.
          A mediocridade... sub-mediocridade intelectual está em toda parte. Entra sem bater, está escrito na porta. Toc..toc..toc..posso entrar? O cara mora numa vila lá nos infernos, onde lixeiro passa a cada 7 dias e olhe lá. Mas o infeliz joga o lixo por cima do muro, na rua. Ou joga dentro de um bueiro para que o dejeto volte pra lhe visitar no verão. Esses malditos pobres... todos burros. Entro no site http://www.shanghairanking.com/ARWU2012.html e vejo a lista das melhores universidades do mundo. Confiro a posição da USP, meca de nossa intelinzzia nacional. Centésima primeira posição. Primeira colocada: Havard, com 100 pontos. USP: menos de 24, 03. Nem pelas cotas, babe. Malditos ricos. Burros também. Li Antonio Candido certa vez e ele dizia que nossa poesia tinha se moldado de acordo com nossa pouca capacidade de leitura. Ou seja, poesia fácil pra leitores rasos. Quer dizer..acho que ele quis dizer isso. Talvez eu tenha lido errado. A burrice dos outros me incomoda. A minha, mais ainda.
           Somos todos burros, sem exceção. Intelectuais, mendigos, presidentas. Dillma, que me animou no discurso de posse quando falou sobre os professores e lembrou de sua mãe, também professora, já fez limpeza ministerial, depois criou mais ministérios, brincou de caxirola, beijou o Fuleco, chutou bola para inaugurar estádio e até agora nada de educação na pauta. Com execeção da vez que deu de ombros para a greve dos professores universitários federais.
            Nossa esquerda é burra, sonha com Cuba. Nossa direita é burra, entroniza Lobão. Não, esses não é daqueles textos que correm por aí, desvalorizando o Brasil chamando brasileiro de otário e dissimulado que a porcaria só começou nos últimos 10 anos. Todos contra a corrupção e tralalá. Não foi o PT que afundou o Brasil. Nem mesmo o PSBD. A coisa vem de antes, vem de sempre. Se 50 bombas atômicas caíssem hoje e dizimassem o país e só restassem 50 pessoas que valorizassem a educação, seriamos, passados 50 anos, uma nação melhor do que seremos em 2063 sem bomba nenhuma. Triste.
            Esses dias, um jegue disse (veja aqui: http://www.youtube.com/watch?v=MFFzrgIyizw&sns=fb) que precisamos investir mais em ciência e tecnologia e menos em ciências socias e humanas. De certo ele acha que todo cientista, engenheiro nasce com 18 anos, branco, culto, gato, poliglota, e preparado pra faculdade. Burro ele também. Burros nós. Todos de castigo num canto da sala, de costas para o professor. Tá serto!

                                                                                    Juliano Cardoso


2 comentários: